Investimentos

Gerdau (GGBR4): aumento de tarifas na importação de aço chinês muda o jogo?

Analisamos o que o CEO da Gerdau, Gustavo Werneck, disse à mídia recentemente a respeito de medidas para conter a competição chinesa.

Por Rodolfo Amstalden

16 fev 2024, 11:12 - atualizado em 16 fev 2024, 11:12

Gerdau (GGBR4)
Imagem: Divulgação/Facebook Gerdau

Em entrevista recente para a CNN, o CEO da Gerdau (GGBR4), Gustavo Werneck, trouxe algumas atualizações interessantes sobre o setor e a companhia. 

O assunto principal, claro, foi a enorme importação do aço chinês e como isso tem desequilibrado o setor siderúrgico brasileiro

Werneck fez questão de lembrar que o problema para a Gerdau não é a competição, já que durante seus mais de 100 anos de história, ela sempre esteve presente e inclusive ajudou a companhia a evoluir. 

‘Dumping’ é o maior desafio para Gerdau

O problema é a competição desleal, já que os subsídios do governo chinês fazem com que o produto seja vendido muitas vezes até mesmo abaixo do preço de custo, prática conhecida como “dumping“.

Para Werneck, esse é um problema que pode se agravar num futuro não muito distante, já que o setor imobiliário e os investimentos em infraestrutura na China estão desacelerando, ao mesmo tempo que o país tem investido mais em setores menos intensivos em aço (economia verde e manufatura digital). Ou seja, cada vez mais deve sobrar aço por lá, e cada vez mais esse aço será exportado para outros países. 

É por isso que a indústria siderúrgica local tem pressionado tanto o governo para aumentar as tarifas de importação, mas a pressão não surtiu tanto efeito assim. 

Tarifas sobre importação de aço chinês

Quando Werneck concedeu a entrevista, as tarifas no Brasil estavam em 9,6%. A pressão até surtiu um pouco de efeito, já que na mesma semana o governo brasileiro aumentou a tarifa em até 1,6 p.p., pouco para mudar o cenário atual e ainda muito abaixo dos 25% da União Europeia e países como Estados Unidos e México. 

Falando em México, Werneck disse que o país será um dos focos da companhia daqui para a frente – junto com Brasil, Estados Unidos e Canadá –, já que as usinas mexicanas têm se aproveitado do processo de nearshoring da indústria dos Estados Unidos e também do recente incremento das tarifas contra importação de aço chinês.

O Brasil teria bons motivos para se aproveitar desse fenômeno também, mas ele voltou a destacar a importância da taxação para que essa oportunidade não seja perdida. 

Do lado positivo, Werneck disse que a Gerdau deve se aproveitar do programa Nova Indústria Brasil, que não é perfeito, mas proporcionará mais investimentos, inovações e pesquisa. 

Apesar do momento desafiador, vale a pena lembrar que a ação GGBR4 segue bastante descontada, com endividamento baixo e boa geração de caixa, o que em nossa visão torna o cenário assimétrico para os papéis. Por isso, Gerdau segue como uma recomendação da Empiricus Research para buscar dividendos

A companhia deve divulgar seus resultados do 4T23 no dia 20 de fevereiro. Para receber em primeira mão nossa análise do balanço, é só acessar esta página.

Sobre o autor

Rodolfo Amstalden

Sócio-fundador da Empiricus, é bacharel em Economia pela FEA-USP, em Jornalismo pela Cásper Líbero e mestre em Finanças pela FGV-EESP. É autor da newsletter Viva de Renda.

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