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Google (GOGL34) decepciona mercado no 3T22 e ações caem no pregão noturno; entenda

Resultado de GOGL34 no 3T22 era amplamente esperado pelo mercado e decepciona; veja a análise de Richard Camargo

Por Richard Carboni Camargo

26 out 2022, 09:11 - atualizado em 26 out 2022, 12:15

Sede do google
Imagem: Divulgação

O Google (Nasdaq: GOOGL | B3: GOGL34) divulgou nesta terça-feira (25) seus resultados referentes ao terceiro trimestre de 2022 (3T22).

Com tantas notícias ruins no front macroeconômico, os resultados eram amplamente esperados pelos investidores, com enorme receio de que a desaceleração dos últimos trimestres se tornasse ainda mais relevante.

Infelizmente, foi isso o que aconteceu.

No consolidado, o Google somou receitas de US$ 69 bilhões, um crescimento de 6% na comparação anual e 16% em moeda constante. Esse número, porém, é estável em relação ao trimestre imediatamente anterior.

Mais uma vez, o símbolo da resiliência e escala do Google foi o segmento “search”, que compila a receita com anúncios do mecanismo de buscas.

No trimestre, as receitas do segmento cresceram 4,2%, totalizando US$ 39,5 bilhões e representaram 57% das receitas totais. Esse valor é 1 ponto percentual menor que no trimestre imediatamente anterior.

Um ponto bastante enfatizado pelos executivos do Google são os constantes aprimoramentos no mecanismo e as crescentes modalidades de tipo de busca, além da sua subsequente monetização. Parece não haver limites para quantos mercados enormes a empresa é capaz de criar se aproveitando da sua escala e dominância.

YouTube apresenta contração e é ‘símbolo’ da desaceleração do Google

No YouTube, as receitas somaram US$ 7,8 bilhões, uma queda de cerca de 1% na comparação. Honestamente, não me lembro a última vez em que o Youtube tinha apresentado contração nas receitas.

A elevada penetração do marketing de “branding” (não focado em conversão), além dos infoprodutos que vivem sua ressaca particular, fizeram do YouTube o símbolo da desaceleração dos resultados do Google.

Ainda sim, sempre gosto de lembrar, não dá para reclamar de um negócio que fatura US$ 7,8 bilhões em apenas 3 meses, num ambiente tão conturbado como o atual.

O Google Cloud, divisão de infraestrutura em nuvem da companhia, somou US$ 6,8 bilhões em receitas, crescimento de 37,8%, um excelente ritmo tanto na comparação anual, quanto no marginal versus o 2T22.

Considerados todos esses fatores, o lucro operacional foi de US$ 17,1 bilhões, uma queda de 19% na comparação anual. Claramente, as margens do Google sofreram.

Aumento no quadro geral de funcionários pode explicar queda na margem operacional

Um fator que me chamou atenção foi a quantidade de funcionários da empresa. Na comparação anual, foram contratadas mais de 36 mil pessoas, um aumento de 24% no quadro geral de funcionários.

Não surpreende que um crescimento tão grande no quadro, num ambiente inflacionário e de desaceleração, tenha levado a uma queda de 7 pontos percentuais na margem operacional.

Nos últimos meses, os executivos do Google têm falado abertamente sobre a necessidade da empresa se tornar mais enxuta, menos burocrática (pois é) e alocar recursos em apostas que realmente estejam ganhando tração.

A descontinuidade do Google Stadia, que definitivamente não vinha tendo nenhuma adesão no mercado de games, foi uma sinalização forte disso.

GOGL34 despenca no pregão noturno

Em respostas aos resultados, que ficaram abaixo do esperado pelo mercado, as ações do Google caem mais de 5% no pregão noturno.

Negociado a cerca de 19 vezes os lucros estimados para os próximos 12 meses, já havíamos reduzido significativamente sua participação no portfólio do Investidor Internacional. Por mais que a conjuntura de curto prazo não seja muito animadora, GOGL34 segue gerando muito caixa e é cada vez mais vocal em realizar recompras de ações.

Não me surpreenderia se, nos próximos trimestres, a empresa fosse capaz de ganhar muitos pontos de margem apenas cortando mato alto (e algumas piscinas de bolinhas).

Veja o vídeo com a análise completa de Richard Camargo:

Economista formado pela Universidade de São Paulo (FEA-USP), é analista de ações certificado pelo CNPI, especialista no setor de tecnologia, com foco em ações internacionais. Está na Empiricus há 5 anos, onde é responsável por relatórios nacionais e internacionais, como o MoneyBets Revolution, um portfólio de teses especulativas em segmentos como healthtech, energia sustentável, software e games. Antes da Empiricus, trabalhou por 5 anos no setor de tecnologia.