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Google (GOOGL/GOGL34): a big tech finalmente ‘desencantou’ no 2T23?

No resultado do 2T23, a big tech surpreendeu com a boa rentabilidade e retorno a uma trajetória de crescimento mesmo num trimestre de alta incerteza.

Por Richard Carboni Camargo

26 jul 2023, 08:29 - atualizado em 26 jul 2023, 08:29

Resultados Google (GOGL34)
Imagem: Unsplash

Ontem (25), o Google (Nasdaq: GOOGL | B3: GOGL34) divulgou seus resultados referentes ao segundo trimestre de 2023.

Depois de alguns trimestres difíceis, a big tech enfim desencantou. 

No consolidado, a receita total foi de US$ 74,6 bilhões, um crescimento de 7% na comparação anual e 9% em moeda constante. 

Se você não acompanhou todos os debates envolvendo o Google, eu te atualizo: o começo de 2023 foi marcado pela primeira incursão concorrencial realmente importante contra o monopólio do mecanismo de buscas.

Impulsionado pelo sucesso do ChatGPT, a Microsoft fez upgrade em mecanismos de buscas, o Bing, para incorporar a função do chatbot.

No mercado, emergiu a narrativa de que o novo concorrente (dá para dizer que é novo mesmo, dado o tamanho da remodelagem no Bing), seria um detrator importante dos resultados do Google.

Pelo que vimos neste 2T23, o Google Search segue tão forte quanto antes.

No trimestre, o segmento apresentou um crescimento de 5%, com receitas totais de US$ 42,6 bilhões.

De acordo com dados da Statcounter, o market share do Google no segmento de mecanismos de busca era de 92,5% ao final do 2T23.

YouTube

No Youtube, depois de três trimestres consecutivos de queda nas receitas, enfim um alívio.

As receitas totalizaram US$ 7,6 bilhões, crescimento de 4% versus o ano passado e 2% versus o trimestre imediatamente anterior.

Como sabemos, o Youtube sofreu nos últimos trimestres devido à forte desaceleração nos gastos de marketing de “branding”, que são mais discricionários por natureza e são os primeiros a serem reduzidos quando é preciso cortar custos.

O que o resultado do streaming nos sugere é que as empresas estão, assim como o mercado, considerando cada vez mais remota a possibilidade de uma recessão e voltando a investir.

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Google Cloud

O Google Cloud, divisão de infraestrutura em nuvem da companhia, somou US$ 8,1 bilhões em receitas, crescimento de 25%, um ritmo excelente dado o atual ambiente de cautela entre os clientes e acima do esperado pelo mercado.

No último trimestre, a vertical havia apresentado sua primeira margem operacional positiva; agora, a divisão começa a entregar resultados: foram US$ 395 milhões em EBIT, versus um EBIT negativo de US$ 590 milhões no 2T22.

Nos próximos trimestres, esperamos que essa rentabilidade siga melhorando.

Resultado operacional consolidado

O resultado operacional consolidado do Google foi de US$ 21,83 bilhões, um crescimento de 12% na comparação anual. A margem operacional foi de 29%, o que representa uma expansão de 4 pontos percentuais frente ao trimestre imediatamente anterior.

Além da alavancagem operacional, no último trimestre o Google incorreu em gastos extraordinários de US$ 2,5 bilhões relativos à desocupação de imóveis no mundo inteiro e aos layoffs realizados no começo deste ano.

Como essas despesas não se repetiram, a margem se normalizou.

Ao final, o lucro por ação do Google no 2T23 foi de US$ 1,44, bem acima do US$ 1,32 esperado pelo mercado.

Em resposta aos números resilientes, à boa rentabilidade e retorno a uma trajetória de crescimento mesmo num trimestre marcado por alta incerteza, as ações sobem cerca de 7% no pregão noturno.

Negociado a cerca de 22 vezes os lucros estimados para os próximos 12 meses, as ações do Google fazem parte do portfólio do Investidor Internacional da Empiricus Research.

Economista formado pela Universidade de São Paulo (FEA-USP), é analista de ações certificado pelo CNPI, especialista no setor de tecnologia, com foco em ações internacionais. Está na Empiricus há 5 anos, onde é responsável por relatórios nacionais e internacionais, como o MoneyBets Revolution, um portfólio de teses especulativas em segmentos como healthtech, energia sustentável, software e games. Antes da Empiricus, trabalhou por 5 anos no setor de tecnologia.