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Governo Lula caminhará para a tragédia ou a mediocridade? Após primeiras impressões ruins, últimas sinalizações dão esperança ao mercado

Depois de sinalizações que assustaram o mercado, postura do governo Lula nos últimos dias melhoram ânimo e Ibovespa responde com alta

Por Equipe Empiricus

06 jan 2023, 18:15 - atualizado em 06 jan 2023, 18:21

lula

Depois de um 2022 complicado para os ativos de risco, 2023 começou trazendo receio aos investidores depois das primeiras sinalizações do governo Lula.

Se por um lado o Ibovespa está barato a níveis históricos e o Brasil se encontra em posição relativamente privilegiada em relação às economias desenvolvidas e emergentes, as primeiras declarações e indicações do presidente eleito e seus ministros assustaram o mercado.

Para o sócio-fundador e estrategista-chefe da Empiricus, Felipe Miranda, os investidores estrangeiros que estavam dispostos a ‘desembarcar’ no Brasil agora ficaram com o ‘pé atrás’ depois dos primeiros sinais.

“O governo tinha uma chance muito grande. Os gringos estavam dispostos a abraçar o Lula, tanto que a primeira semana pós-eleições foi maravilhosa. Mas não é um casamento católico, o gringo muda de ideia a partir das sinalizações. E o Lula deu sinalizações muito ruins, tanto ele quanto parte dos seus ministros”, analisa.

Na visão de Felipe, a pior de todas as sinalizações foi a do Ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, que em seu ato de posse atacou a reforma da Previdência, aprovada em 2019. 

Mas não parou por aí. As nomeações com pouco espaço dado à frente ampla e os nomes técnicos “que não são exatamente uma representação da ortodoxia” também repercutiram mal no mercado.

Antes, a PEC da Transição e o desprezo de Lula à responsabilidade fiscal já preocupavam – e muito – o mercado.

Com isso, a expectativa que boa parte da Faria Lima nutria de um governo parecido com o que foi o “Lula 1”, entre 2003 e 2006, passou a se tornar um receio com o que vem pela frente.

Últimos dias melhoraram levemente as expectativas

Desde quarta-feira (4), no entanto, alguns sinais positivos deram esperança aos investidores. 

As declarações de Simone Tebet em prol da responsabilidade fiscal durante a posse no Ministério do Planejamento, o “puxão de orelha” de Lula durante a primeira reunião ministerial e as declarações de Rui Costa e Fernando Haddad contrariando Carlos Lupi trouxeram alívio ao mercado.

Não por acaso, depois dos dois primeiros pregões do ano desastrosos, o Ibovespa entregou valorização de 4,1% entre a abertura de quarta até o encerramento desta sexta-feira (6).

A mudança de postura, na visão de Felipe, é muito menos por “sabedoria acadêmica” e mais por uma questão de “sobrevivência”.

“As declarações anteriores inviabilizariam o próprio governo. Não dá para fazer política social com o dólar a R$ 7 e o juro alto por muito tempo. Você geraria inflação e recessão. Para ter responsabilidade social precisamos da responsabilidade fiscal. A segunda não existe sem a primeira”, explica.

Apesar de ‘recuo’ de Lula, cenário inspira cuidados

Para Felipe, as últimas declarações trouxeram o Brasil “um pouco mais para o cenário de mediocridade, se afastando do cenário tragédia”.

Ainda assim, o estrategista-chefe da Empiricus vê um risco significativo e defende uma carteira diversificada, com posições de proteção em CDI, dólar e ouro – além, claro, do investimento em ativos da Bolsa.

“O Ibovespa está em patamares que não víamos desde 2008. Está muito barato, basta aproveitar minimamente. Por isso acho que a Bolsa tem espaço, tem coisas muito boas, muito baratas”, finaliza.

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