Na última semana, conversamos com o time de relações com investidores do Grupo SBF (SBFG3). Após mais um sólido resultado no 3T24, superando as nossas expectativas e as do mercado, as discussões sobre os vetores que a companhia utilizará para continuar expandindo sua rentabilidade ao longo de 2025 reforçaram nossa visão positiva para a tese.
Desde o segundo semestre de 2023, o lucro do Grupo SBF segue uma trajetória de forte crescimento, que tem tido como principais gatilhos a (i) redução da estrutura corporativa, (ii) melhora no capital de giro, (iii) redução de descontos e, como resultado do aumento da geração de caixa, (iv) melhora no resultado financeiro e desalavancagem.
4º trimestre do Grupo SBF será impulsionado por compras de Black Friday e Natal
No curto prazo, o resultado do 4T do Grupo SBF será decorrente dos dois principais eventos do ano para a maior parte do varejo: Black Friday e Natal. Dados da indústria divulgados nos últimos dias indicaram que o primeiro foi positivo para o setor, com um crescimento saudável nas vendas online e preços mais racionais.
Com marcas fortes, estrutura logística agora 100% própria e o “novo” app da Nike, temos boas razões para acreditar que a SBF entregará bons números de vendas, com uma queda sazonal de margem bruta.
Olhando para o próximo ano, o foco seguirá na maximização do lucro líquido mesmo após o avanço expressivo já registrado – o lucro do SBFG3 no 3T24, por exemplo, cresceu 62% anualmente – e melhor do que o planejado inicialmente pela gestão. Por ora, o crescimento de vendas não será prioridade. A continuidade desse plano de “arrumação” de 30 meses, que deverá se encerrar ao final de 2025, terá a expansão da margem bruta como o principal vetor.
Foco em 2025: planos do Grupo SBF para a Fisia e Centauro
Na Fisia, o ciclo de redução nos descontos seguirá em curso. Apesar da maior parte dessa correção nas remarcações já ter sido implementada, o espaço remanescente até a sua conclusão deve levar a margem da operação para níveis ainda melhores.
Na Centauro, a busca por margem se dará mais através de iniciativas voltadas para aumentar o lucro por m2 das lojas, como já vem acontecendo recentemente (a Centauro obteve a sua maior margem bruta em um 3T esse ano). Vendas de “combos”, precificação dinâmica e a conclusão do projeto de omnicanalidade deverão impulsionar os resultados. O projeto “Troca Tudo” – 100% das lojas habilitadas para trocar produtos do 3P -, por exemplo, trará mais tráfego às lojas e possibilita a troca por produtos de ticket maior e/ou compra de mais produtos.
Do lado da geração de caixa, além do impulso pela melhora do lucro operacional, existem oportunidades para redução dos dias de estoque da Fisia através da logística própria recém-implementada e desembaraços de mercadorias no mar. Assim, com um fluxo de caixa operacional forte, esperamos que o processo de melhora no resultado financeiro e desalavancagem financeira continue.
Aperto monetário ainda pode prejudicar varejista
No âmbito macroeconômico, o cenário prospectivo não é muito convidativo, com o mercado precificando um aperto monetário bem maior do que o projetado há algumas semanas atrás. Não à toa, mesmo após um ótimo resultado, as ações SBFG3 enfrentam uma queda acentuada, intensificada pela menor liquidez e características mais cíclicas do negócio.
Frente a essa conjuntura, ainda vemos uma empresa preparada para entregar mais um bom ano. O trabalho realizado nos últimos 18 meses permitiu ao Grupo SBF chegar até aqui com um balanço forte, operação mais rentável e com baixa alavancagem financeira (0,8x DL/Ebitda). Somado a isso, a postura ainda conservadora em relação ao crescimento, se mostra ainda mais acertada.
Expectativas para o crescimento do lucro reforça margem de segurança para as ações SBFG3
Entre os riscos da tese, monitoramos principalmente a sensibilidade da demanda em relação à redução dos descontos na Fisia. Além disso, os produtos da Fisia são importados da Nike Global, e a depreciação cambial poderia afetar a rentabilidade da operação no ano que vem. Nesse quesito, além dos hedges financeiros, a gestão afirmou já ter encontrado iniciativas internas para mitigar o efeito cambial nas margens.
Em relação ao valuation, mesmo adotando premissas bastante conservadoras em nosso modelo, vemos SBFG3 negociando a atrativas 6x os lucros projetados para 2025, desconto importante em relação aos pares. Além disso, a perspectiva de crescimento para o lucro líquido nos próximos trimestres reforça a margem de segurança para a compra das ações nesses preços — apesar da volatilidade. O Grupo SBF segue na carteira recomendada pela Empiricus Research.