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Grupo SBF (SBFG3), dono da Centauro, amarga ‘dor do crescimento’ em 3T22 fraco; veja se ação da companhia vale a pena

Grupo tem receitas impactadas por transição nas plataformas de venda online; receita líquida cai 1,4% na comparação anual

Por Fernando Ferrer

03 nov 2022, 12:04 - atualizado em 04 nov 2022, 08:54

pista de atletismo em loja da Centauro, do Grupo SBF (SBFG3)
Imagem: Creative Commons Wiki

O Grupo SBF (SBFG3), representante e distribuidor exclusivo da Nike no Brasil (Fisia) e dono da marca Centauro, divulgou na última terça-feira (2), após o fechamento do mercado, uma fraca performance referente ao terceiro trimestre de 2022 (3T22). 

A receita líquida consolidada do Grupo atingiu R$ 1,47 bilhão no trimestre, queda de -1,4% na comparação anual. Tanto a operação de Centauro como a de Fisia tiveram suas vendas impactadas negativamente em função de uma migração sistêmica das plataformas de vendas online e gestão (ERP). Entre junho e julho, a transição impactou a performance de vendas ao longo de duas semanas, incumbindo em perdas de R$ 148 milhões

Olhando por linha de negócio, a Centauro registrou crescimento de vendas em mesmas lojas (SSS) de 5,9% no trimestre, atingindo R$ 869 milhões (+11% vs 3T21), beneficiada pelas vendas relacionadas a Copa e Dia dos Pais.

A operação da Fisia, que fora destaque de crescimento ao longo dos últimos períodos, apresentou receita líquida de R$ 719 milhões no 3T22, 13% inferior na comparação anual e SSS próximo de zero devido à estratégia de redução de descontos nas lojas da Nike. 

Lucro bruto ajustado consolidado cresce 5% ante o 3T21

Subtraindo os custos de mercadoria, o lucro bruto ajustado consolidado ficou em R$ 704 milhões no trimestre (+5,2% vs 3T21), com uma margem bruta de 47,9% — expansão de 3 pontos percentuais na comparação anual. O avanço é decorrente da estratégia de migração das vendas do canal Atacado para DTC (vendas diretas ao consumidor) em Fisia, que possui margens melhores. Enxergamos esse ganho como um sinal bastante positivo, uma vez que no último trimestre foi ofuscado e questionado pelo mercado. 

As despesas operacionais no trimestre representaram 37% da receita líquida, crescimento de 8,9 pontos percentuais em relação ao 3T21. O crescimento é explicado principalmente pelo maior share do canal DTC nas vendas, que possui despesas maiores que o Atacado, e pela desalavancagem operacional da Fisia. Assim, o Ebitda ajustado do Grupo atingiu R$ 161 milhões no 3T22 (-35,9% vs 3T21), com margem de 11%, -5,9 pontos percentuais inferiores na comparação anual. 

Na linha final do resultado, impactado pelo decrescimento no Ebitda e aumento das despesas financeiras (+45% vs 3T21), a SBF reportou um lucro líquido de R$ 34 milhões, -69% inferior na comparação anual.

Apesar de trimestre fraco, SBFG3 negocia com desconto de 45% em relação à sua média histórica

Em linhas gerais, a companhia apresentou um resultado ruim, mas impactado por fatores não recorrentes e relacionados ao processo de crescimento acelerado da companhia. No curto prazo, o Grupo deve continuar pressionado a entregar uma performance forte o suficiente no quarto trimestre para alcançar suas projeções do início do ano para o resultado consolidado de 2022. Assim, ainda esperamos significativa volatilidade para o papel. 

Apesar disso, acreditamos que os desafios de crescimento enfrentados são naturais e, analisando a trajetória dos últimos trimestres, a SBF evoluiu de forma robusta a sua operação. Enxergamos ainda muito valor a ser destravado, principalmente na Fisia, que possui um parque de lojas físicas incipiente e diversas melhorias a serem implementadas no digital. 

Por fim, embora o resultado no trimestre tenha sido ruim, a companhia negocia a atrativas 14 vezes os seus lucros projetados para 2023, um desconto de 45% em relação à sua média histórica, e possui boas avenidas de crescimento.

Assim, o Grupo SBF (SBFG3) segue como uma recomendação da série As Melhores Ações da Bolsa.

Confira a análise completa:

Sobre o autor

Fernando Ferrer

Graduado em Engenharia Mecânica pela UFRJ e com MBA em Finanças pela mesma instituição, Fernando Ferrer atua na Empiricus como analista de investimentos há 5 anos cobrindo os setores de Varejo, Saúde e Infraestrutura. Atualmente, é responsável pela série best-seller As Melhores Ações da Bolsa e faz parte da equipe que comanda o Carteira Empiricus, o portfólio multimercado que é o carro-chefe da casa.