O Grupo SBF (SBFG3) divulgou seu resultado referente ao 2T23, que veio marginalmente abaixo das nossas expectativas, mas com pontos positivos que reforçam a estratégia da companhia de retomar níveis mais saudáveis de rentabilidade ao longo deste ano.
A receita líquida da Nike totalizou R$ 906 milhões no trimestre (+16% vs 2T22), beneficiada principalmente pelo:
- i) crescimento das vendas diretas ao consumidor (DTC);
- ii) a abertura de 17 lojas físicas nos últimos 12 meses;
- iii) o crescimento de 41% no canal digital.
No final, o indicador de vendas em mesmas lojas da operação atingiu 23%. Do lado negativo, as vendas no atacado caíram 21%, em função da migração das vendas digitais para o marketplace.
Novamente, o ganho de espaço do DTC no mix de canais (+15,5 pontos percentuais vs 2T22) beneficiou a margem bruta da Nike. Contudo, o efeito positivo foi compensado pelo maior nível de descontos para acelerar o giro dos estoques — que ainda segue em níveis elevados. Assim, a margem bruta ajustada no período foi de 41,3% (+4,9 p.p vs 2T22).
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Centauro: prioridade é recuperar rentabilidade
Conforme esperado, e em linha com os últimos trimestres, a Centauro performou abaixo da Fisia e segue priorizando a recuperação de rentabilidade sobre o crescimento.
A receita líquida totalizou R$ 803 milhões (+2% vs 2T22). Vale destacar que, mesmo com o encerramento de 10 lojas no 1T23, as vendas nas lojas físicas ainda cresceram 6%, com um indicador de vendas em mesmas lojas de 7% — acima de alguns pares do setor.
No canal digital, houve queda de 5% no GMV na comparação anual, puxado pela redução nos níveis de descontos, em linha com a estratégia de recuperar a rentabilidade no negócio.
A margem bruta de Centauro também apresentou evolução e segue em um dos seus patamares históricos mais elevados, alcançando 51,2% no 2T23 (+0,8 p.p vs 2T22), fruto do menor nível de descontos e aumento de participação de marketplace no GMV do canal digital.
Grupo SBF: margem é destaque positivo no 2T23
No consolidado, a receita líquida da SBF no trimestre foi de R$ 1,6 bilhão, alta de 9% na comparação anual. Com crescimento de 13%, o lucro bruto da companhia no período alcançou R$ 758 milhões com margem de 47,3% (+1,5 p.p vs 2T22), o destaque positivo do resultado e importante sinalização de que a estratégia está na direção certa.
As despesas operacionais representaram 37,3% da receita líquida (R$ 594 milhões), crescimento de 2,1 pontos percentuais em relação ao 2T22.
Novamente, os principais drivers para o aumento foram os royalties e taxas de marketing pagos para a Nike, que aumentaram conforme previsto em contrato e pelo aumento do estoque nos últimos meses, dado que as taxas são pagas por mercadorias compradas.
O crescimento do canal DTC, conforme esperado, também aumentou as despesas operacionais no período. Assim, o Ebitda ajustado consolidado (pós-IFRS) atingiu R$ 159 milhões, alta de 3% na comparação anual, com margem de 10,0% (-0,5 p.p vs 2T22).
Na última linha do resultado, as despesas financeiras seguem sendo a vilã. Apesar do resultado operacional resiliente frente ao momento da companhia e do setor, a SBF reportou um prejuízo líquido (pós-IFRS) de R$ 15 milhões no 2T23.
Além disso, é importante monitorar também a queima de caixa, que totalizou R$ 166 milhões no período, decorrente das maiores despesas com capital de giro (puxada pelos estoques elevados, em linha com o trimestre anterior). Assim, a alavancagem financeira foi elevada para 2,15 vezes dívida líquida/Ebitda (vs 1,98x no 1T23).
SBFG3: resultado neutro, mas direção está correta
Por fim, enxergamos o resultado como neutro, mas novamente com tendências positivas, principalmente pelo ritmo de crescimento acelerado na Nike, notável resiliência no top line da Centauro dado o momento do negócio e boa margem bruta em ambas operações.
Olhando para frente, o nível elevado de estoques segue como ponto de atenção. Ao longo do 2S23, dadas as margens elevadas do negócio, enxergamos espaço para a companhia seguir trabalhando com níveis mais elevados de desconto — principalmente na Nike — e reduzir o estoque gradualmente, o que deve aliviar o capital de giro.
Ainda, o fechamento da curva de juros deve ser um vento positivo para a SBF, que continua com um nível de endividamento mais elevado do que seu padrão histórico.
Negociando a atrativas 9 vezes seus lucros para o próximo ano (-48% vs média histórica), com expectativa de lucros crescentes para os próximos trimestres, amparado pela queda na taxa de juros, melhor rentabilidade na Centauro e forte crescimento da Nike, o Grupo SBF (SBFG3) segue como uma recomendação de compra da Empiricus Research.