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Grupo SBF (SBFG3) tem valuation barato e crescimento de lucros à vista; entenda os próximos passos da varejista

O Grupo SBF deu um grande passo no 1T24, surpreendendo projeções otimistas, e administração considera plano de expansão de vendas a partir de 2026.

Por Henrique Cavalcante

29 maio 2024, 10:33 - atualizado em 29 maio 2024, 10:33

Centauro Nike Brasil Grupo SBF (SBFG3)
Imagem: Unsplash

Em uma conversa recente com a equipe de Relações com Investidores (RI) do Grupo SBF (SBFG3) , discutimos os resultados do primeiro trimestre de 2024, as perspectivas para os próximos trimestres e os planos estratégicos da companhia.

Conforme destacamos anteriormente, os resultados do 1T24 foram bastante sólidos, com notável evolução nas margens do negócio e geração de caixa. A discussão reforçou nossas expectativas positivas para o restante de 2024 e para os anos seguintes.

O caminho para continuar o plano de expansão de lucros, geração de caixa e desalavancagem financeira está delineado e acreditamos ser bem factível — e subestimado pelo mercado.

Até onde pode chegar a margem bruta do Grupo SBF?

A recomposição da margem bruta na Fisia, principal alavanca para o grupo atingir seus objetivos de curto prazo, já deu um grande passo no 1T24, surpreendendo até nossas projeções mais otimistas.

A expectativa de ver a margem melhorando sequencialmente ao longo do ano já se mostrou verdadeira no 1T, mas com muito mais vigor. Quando projetamos a evolução dessa linha para a Fisia, imaginávamos uma evolução sequencial e gradual, derivada do processo de redução de descontos dos produtos Nike. Contudo, a margem bruta da Fisia alcançou 43,4% no 1T24, um aumento de 2,6 pontos percentuais em relação ao trimestre anterior, muito próxima da sua melhor margem histórica.

Além de subestimar o efeito da recomposição de preços, que, segundo a companhia, deve continuar evoluindo, o aumento das vendas em canais diretos ao consumidor (DTC) também teve um efeito importante. Com o plano inalterado e expectativas superadas, esse nível de margem da Fisia no 1T24 pode ser o piso do ano, não o teto, como apontaram relatórios recentes.

Outro possível motivo para o desvio das expectativas é a ancoragem das projeções neste melhor trimestre de margem da Fisia. Dada a amostra de dados históricos ainda ser relativamente pequena e a operação estar em transformação, passando recentemente por problemas operacionais, a margem bruta da Fisia pode estar longe do seu potencial.

Se o próximo resultado trimestral mostrar mais uma evolução nas margens da Fisia, tudo mais constante, as ações deveriam ganhar um momentum ainda mais forte.

Na Centauro, embora o espaço para melhoria de margem seja mais reduzido, a interpretação da gestão é que também está aquém do potencial. Assim como na Fisia, a cobrança interna de resultados para os times é de lucro bruto por metro quadrado, sendo o crescimento secundário.

Ventos positivos para impulsionar 2024

A maior parte do ganho de eficiência nas despesas gerais, administrativas e de vendas já foi capturada no segundo semestre de 2023, contribuindo para a expansão dos lucros neste ano, como já vimos no 1T.

No capital de giro, o patamar de contas a receber e estoques melhorou significativamente desde o 3T23, e agora estão em níveis saudáveis e confortáveis. Ainda há espaço para melhorias, principalmente em estoques. Nas contas a pagar, existe uma normalização para acontecer, que deve beneficiar a geração de caixa. A redução dos dias de fornecedores vista nos últimos dois trimestres, que onera o fluxo de caixa operacional, ocorreu em função da redução do nível de compras para ajustar o estoque da Fisia. A expectativa é que, com a retomada gradual das compras, esse indicador volte aos níveis históricos ainda neste ano.

Por último, o capex mais conservador, em linha com a estratégia de crescimento baixo e recuperação de margens, e as despesas financeiras pesando menos no resultado neste ano, também devem contribuir para o sucesso do plano da SBF.

E após 2024?

O plano de desalavancagem da companhia abrange 2024 e 2025, com o objetivo de atingir um endividamento zero vezes Dívida Líquida/Ebitda até o final de 2025. Assim, para o próximo ano, a expectativa é um cenário parecido com o de 2024.

A administração considera uma retomada do plano de expansão e crescimento de vendas a partir de 2026, dependendo do sucesso das iniciativas de 2024 e 2025.

Enxergamos um potencial significativo para a expansão física da Nike no Brasil, que conta com apenas 44 lojas, um número muito baixo comparado às mais de 300 lojas da Track&Field, mesmo com as devidas diferenciações estruturais.

Além disso, sendo uma marca top of mind, a Nike deve continuar surfando com folga a tendência crescente por estilos de vida mais ativos e maior participação em esportes. Ainda, o segmento de moda casual, com a venda dos “sneakers”, por exemplo, também apresenta forte expansão.

Valuation barato e crescimento de lucros à vista

Por fim, vemos a empresa bem posicionada para continuar sua trajetória de crescimento e eficiência operacional, com foco na expansão de margens, geração de caixa e desalavancagem financeira.

Reiteramos nossa recomendação positiva para o Grupo SBF (SBFG3), que tem suas ações negociadas abaixo de 9x lucros para este ano com base em nossas projeções, bem abaixo da média do setor e da sua média histórica.

Sobre o autor

Henrique Cavalcante

Formado em Economia com ênfase em Finanças Corporativas, Henrique Cavalcante atua como Analista de Ações na Empiricus, cobrindo os setores de Varejo, Saúde e Infraestrutura. Integra a equipe que comanda a Carteira Empiricus, o portfólio multimercado que é o carro-chefe da casa.