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Hapvida (HAPV3) tem resultados piores do que o esperado no 1T22; onda de Covid-19 foi um dos motivos

O balanço de resultados divulgado pela Hapvida (HPV3) referente a 1T22 trouxe números abaixo das expectativas do mercado. Confira os principais pontos

Por Melissa Bumaschny Charchat

23 maio 2022, 16:28 - atualizado em 25 maio 2022, 16:37

Prédio da Hapvida (HAPV3)
balanço de resultados divulgado pela Hapvida (HPV3) referente a 1T22 trouxe números abaixo das expectativas do mercado. Imagem: Divulgação

A Hapvida (HAPV3), uma das maiores empresas do ramo da saúde no Brasil, teve desempenho abaixo das expectativas do mercado no 1T22.

Devido à conclusão da fusão com o Grupo NotreDame Intermédica (GNDI) somente em fevereiro, o resultado consolidado da “nova companhia” reflete três meses de operação da Hapvida e apenas dois de GNDI. 

Os números da companhia foram analisados em relatório recente da série As Melhores Ações da Bolsa, liderada pelo analista Fernando Ferrer. 

Receita Líquida e adição orgânica de vidas

A receita líquida no 1T22 totalizou R$ 4,8 bilhões, crescimento de 108% na comparação anual, beneficiada quase em sua totalidade pela contabilização do resultado do GNDI, que contribuiu com R$ 2,3 bilhões.

Outra métrica operacional importante a ser observada é a adição orgânica de vidas. Nesse sentido, 182 mil beneficiários foram acrescentados em relação ao 1T21, porém, houve um decréscimo de 64 mil na comparação com 4T21.

“Segundo a gestão, essa contração é explicada principalmente pela limpeza na base de beneficiários de empresas adquiridas, por motivos de inadimplência, por exemplo”, afirma Ferrer.

Obstáculos da Covid-19 e Influenza

A sinistralidade caixa ajustada atingiu 72,9% no trimestre, 11,8% a mais que o patamar registrado no 1T21.

Quanto à performance negativa, a principal causa foi a terceira onda de Covid-19 e o surto de influenza nos meses de janeiro e fevereiro.

Além disso, a maior sinistralidade caixa das empresas adquiridas também pode ter colaborado para a deterioração do resultado consolidado.

O Ebitda ajustado também foi impactado pelos fatores acima, atingindo R$ 414 milhões no período, redução de 11% na comparação anual.

Ações em queda e principais causas

As ações da companhia têm sofrido na Bolsa. “Um trimestre difícil já era esperado pelo mercado, mas veio ainda abaixo das nossas expectativas e das do mercado”, enfatiza Ferrer.

O analista explica que a queda pode ser atribuída a quatro principais fatores:

I) Decrescimento orgânico

Nesse sentido, Ferrer explica que se trata de uma métrica extremamente sensível na tese da companhia. A evolução mais fraca já era esperada, mas uma redução líquida de 64 mil vidas foi uma surpresa negativa para o mercado.

II) Sinistralidade caixa acima do esperado 

“Outro ponto bastante sensível, dado que o modelo verticalizado da companhia deveria mostrar ganhos de eficiência na sinistralidade”, afirma o analista.

III) Incentivo de longo prazo

Como já havia sido sinalizado em abril, os funcionários e executivos da companhia receberam uma beneficiação da ordem de R$ 130 milhões

Considerando o resultado negativo do trimestre, a alta remuneração pode ter contribuído para o mau humor do mercado, segundo Ferrer.

IV) Despesa financeira

Apesar de a empresa gerar caixa e negociar a um múltiplo de 2,8 vezes Ebitda, a dívida líquida atingiu quase R$ 6 bilhões. 

“Em um ambiente de Selic a dois dígitos, a despesa financeira deve crescer de forma relevante, impactando o lucro líquido”, explica o analista.

Perspectivas de números melhores para a Hapvida

Segundo Ferrer, 2022 é um ano de inflexão para o negócio, com exceção do primeiro trimestre.

Deixados para trás os impactos negativos da Covid-19 e assumindo a continuidade da normalização econômica, a expectativa é que a sinistralidade caixa volte para seus patamares históricos.

Além disso, é esperado que as sinergias entre Hapvida e NotreDame apresentem resultados mais relevantes, principalmente em termos de crescimento orgânico.

“Após um 2021 desastroso para a competição, que teve que repassar entre 30% e 40% de reajuste para suas bases de beneficiários, esperamos também um importante ganho de market share para a Hapvida através de seus planos mais acessíveis”, avalia Ferrer.

Outra sinalização positiva que pode ser mencionada foi o novo programa de recompra de ações aprovado na última quarta-feira (18) pela companhia após a queda acentuada do papel no pregão anterior.

A quantidade de ações que poderão ser adquiridas passa das 100 mil do programa atual para até 400 mil

“Por fim, apesar de um resultado aquém do esperado no trimestre, nossa tese estrutural de longo prazo para a empresa segue positiva. Este ano é um momento crucial para a validação da nova companhia e, portanto, seguiremos acompanhando o case de perto”, diz Ferrer.

Ele conclui: “Negociando a 30 vezes os seus lucros para 2022, a Hapvida (HAPV3) segue como integrante da nossa carteira”.

Fique por dentro das melhores ações do momento

Além dos resultados da HAPV3, foram analisados diversos números de empresas disponibilizados recentemente para a série As Melhores Ações da Bolsa, dos analistas Fernando Ferrer e João Souza, exclusiva para assinantes.

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Jornalista em formação pela Faculdade Cásper Líbero, é integrante da equipe de conteúdo da Empiricus e já atuou em social media e redação.