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Hypera (HYPE3): resultados do 1T23 espelham excelente trimestre para a companhia

A companhia do setor farmacêutico se destacou principalmente nas linhas de margem bruta e Ebitda, com melhoras interessantes nas métricas do 1T23; confira

Por Richard Carboni Camargo

28 abr 2023, 14:38 - atualizado em 28 abr 2023, 14:38

Hypera HYPE3
Imagem: Divulgação/Hypera

A Hypera (HYPE3), empresa do setor farmacêutico, divulgou ontem (27), após o pregão, o resultado operacional do 1T23, que veio acima do esperado pelo mercado, mesmo com uma forte base de comparação anual. 

O crescimento orgânico do sell-out de Hypera foi de 5,9%, que apesar de ter sido menor do que o crescimento do mercado, aconteceu em cima de uma base de comparação já muito difícil – o sell-out orgânico tinha crescido impressionantes 28% nos dois primeiros meses do ano passado, ajudados pela chegada da variante ômicron e aumento de casos de gripe na época. 

Segundo a companhia, o mês de março (que tinha uma base de comparação menos difícil)  apresentou um ótimo sell-out orgânico de 19%, mostrando que ela não “desaprendeu”. 

Além do crescimento orgânico do varejo, as marcas adquiridas da Sanofi e o aumento de 35% nas vendas do mercado institucional fizeram a Receita Líquida atingir 1,7 bilhão, um aumento de 13,7% na comparação com o 1T22

O crescimento de receita foi bastante saudável, mas esse patamar de vendas já era esperado pelo mercado. A grande surpresa positiva apareceu na margem bruta, que aumentou 1,1 p.p., o que mostra uma boa capacidade de repasse de preços e ótimo controle de custos. 

O efeito positivo do controle de custos foi compensado, em partes, por um aumento das despesas um pouco acima das expectativas. As despesas com marketing cresceram 15%, com maior número de visitas médicas para impulsionar a venda dos novos produtos. 

As despesas gerais e administrativas aumentaram 27%, por conta do aumento da equipe após as aquisições recentes, além dos efeitos inflacionários do período. 

É importante lembrar que a partir do 2T22 teremos o reajuste no preço de medicamentos, que ajudará a compensar essa pressão sobre alguns componentes de custos e despesas. 

Ainda assim, o Ebitda atingiu R$ 587 milhões, um crescimento de +16% no período, com expansão de +0,7 p.p. na margem. 

Como tem acontecido nos últimos trimestres, a melhora dos resultados operacionais não tem refletido em um crescimento do lucro, por conta do maior endividamento e da Selic elevada. 

Com esse efeito negativo, o resultado financeiro piorou -R$ 92 milhões, e fez o lucro líquido recuar -2% na comparação anual, fechando o trimestre em R$ 339 milhões. Apesar da queda, os números vieram acima das expectativas do mercado, muito em função do ganho de margem bruta já mencionado. 

Em termos de fluxo de caixa, mesmo com a melhora do Ebitda tivemos uma pequena redução do fluxo operacional no trimestre. A companhia vinha sendo bastante conservadora nos últimos trimestres, depois de vários problemas capazes de afetar a cadeia de suprimentos, como a pandemia, lockdown na China e a guerra na Ucrânia.

Segundo a gestão, com normalização, a expectativa é de uma redução de aproximadamente R$ 500 milhões no capital de giro ao longo dos próximos trimestres, o que significa maior geração de caixa e, inclusive, maior capacidade de distribuir dividendos. 

Mesmo com essa pequena piora do fluxo operacional, o fluxo de caixa livre acabou melhorando mais de R$ 600 milhões, já que no 1T22 a companhia precisou fazer o pagamento da aquisição das marcas da Sanofi, o que não aconteceu desta vez. Essa melhora permitiu o anúncio do pagamento de R$ 194 milhões em Juros Sobre Capital Próprio – um yield ainda baixo, mas que vai melhorar à medida que as dívidas são pagas, o capital de giro é ajustado e, quem sabe, a Selic voltar a cair. 

Por 12 vezes lucros, com um portfólio de muita qualidade, dentro de um setor extremamente resiliente e com perspectiva de aumento no pagamento de dividendos nos próximos anos, a Hypera segue na série Vacas Leiteiras. 

Para ficar por dentro de todos os detalhes do cenário atual da companhia, também te convido a conferir minha participação no programa desta sexta-feira (28) do Giro do Mercado:

Economista formado pela Universidade de São Paulo (FEA-USP), é analista de ações certificado pelo CNPI, especialista no setor de tecnologia, com foco em ações internacionais. Está na Empiricus há 5 anos, onde é responsável por relatórios nacionais e internacionais, como o MoneyBets Revolution, um portfólio de teses especulativas em segmentos como healthtech, energia sustentável, software e games. Antes da Empiricus, trabalhou por 5 anos no setor de tecnologia.