O segundo trimestre (2T23) trazia desafios importantes para a Hypera (HYPE3): férias coletivas na planta de Anápolis (GO), forte base de comparação no 2T22 (quando ainda vivíamos em um ambiente de pandemia e elevado consumo de produtos farmacêuticos) e reajuste -5 pontos percentuais menor no preço dos medicamentos na comparação com 2022.
Mesmo assim, a companhia conseguiu entregar um ótimo crescimento de resultados, superando as estimativas do mercado.
A Receita Líquida atingiu R$ 2,23 bilhões, alta de +17,7% na comparação com o 2T22, ajudada pelo crescimento de sell-out de +8,6%.
Apesar desse bom crescimento, é importante notar que a Hypera perdeu market share (participação), já que o mercado cresceu +13% no período.
Mas é bom lembrar que a base de comparação também era muito forte, dado que a companhia cresceu +9,6 pontos percentuais acima do mercado no 2T22, quando se beneficiou de um estoque mais bem preparado para atender a forte demanda do período.
Companhia enfrentou desafios no 2T23
No trimestre, a Hypera enfrentou alguns ventos contrários com relação às margens. Para começar, as férias coletivas em Anápolis acabaram afetando a produtividade e diluição de custos.
Além disso, as despesas com vendas, administrativas e pesquisas acabaram subindo mais do que a Receita no período, reflexo de sua entrada no mercado institucional (vendas para hospitais), que será uma importante avenida de crescimento marginal para a Hypera que já possui participação relevante no varejo.
Com isso, o Ebitda das operações continuadas atingiu R$ 772 milhões, alta interessante de +14,6% , mas com perda de -1 ponto percentual de margem.
O resultado financeiro segue impactado pelo endividamento elevado (reflexo da aquisição recente do portfólio da Sanofi) e da alta da Selic.
No 2T23, a companhia apresentou uma perda de -R$ 262 milhões, ante -R$ 210 milhões um ano antes.
Hypera aumenta lucro líquido em 10,5% e tem maior geração de caixa de sua história
Ainda assim, a forte alta do Ebitda proporcionou um crescimento de +10,5% no lucro líquido, que chegou a R$ 504 milhões.
O Ebitda também ajudou a Hypera a marcar a maior geração de caixa operacional de sua história no 2T23 – R$ 578 milhões –, mas o Fluxo de Caixa Livre (FCL) recuou um pouco no período por conta de investimentos em capacidade de produção para o segmento institucional.
Ainda assim, o FCL atingiu R$ 345 milhões e permitiu a Hypera anunciar a distribuição de R$ 195 milhões em juros sobre capital próprio.
Com prognóstico positivo, HYPE3 segue com recomendação de compra
A alavancagem de 2,7x dívida líquida/Ebitda, apesar de elevada para os padrões da empresa, segue controlada e deve pressionar menos o lucro líquido à medida que a Selic começar a cair, o que inclusive deve proporcionar um aumento dos dividendos.
Os investidores estavam bastante receosos com os resultados da Hypera neste trimestre desafiador, o que inclusive se refletiu em um desempenho fraco das ações nas últimas semanas. Mas mais uma vez a companhia mostrou sua ótima capacidade de execução.
Negociando por 12 vezes os lucros esperados para o ano que vem – abaixo de sua média histórica e com maior potencial de crescimento do que no passado –, a Hypera segue na série Vacas Leiteiras, focada em dividendos.
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