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Ibovespa (BOVA11), Locaweb (LWSA3) e Netflix (NFLX34): comprar ou vender?

Os investimentos em Locaweb (LWSA3), Netflix (NFLX34) e Ibovespa (BOVA11) foram analisados na última edição do Podca$t; confira as recomendações

Por Juan Rey

29 ago 2023, 13:09 - atualizado em 29 ago 2023, 13:09

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Imagem: Freepik

No quadro “compra ou vende” do programa Podca$t, da Empiricus, os analistas de investimentos avaliaram três ativos: BOVA11, ETF que se baseia no Ibovespa, Locaweb (LWSA3) e Netflix (NFLX34)

Vale destacar que, no quadro, os especialistas recebem os nomes de ativos sugeridos pelo público e só tem duas opções de escolha: comprar ou vender. Confira a análise de cada um deles:

Ibovespa (BOVA11): comprar

Os especialistas foram unânimes em relação ao Ibovespa, com quatro recomendações de compra. 

Para o analista macro da Empiricus Research, Matheus Spiess, mesmo com o rali de março até julho, quando o índice foi dos 97 mil para os 123 mil pontos, o Ibovespa continuava barato. Agora, depois do agosto negativo até aqui, BOVA11 se mostra um investimento ainda mais atrativo

“Em termos de valuation, tínhamos caminhado de dois desvios padrões para um desvio padrão abaixo da média histórica de preço sobre lucro projetado para os próximos 12 meses. E deu uma recuada em agosto. Se o Brasil for medíocre, então ele é médio, e tem que voltar para essa média histórica”. 

O gatilho para isso, segundo o analista, é justamente o ciclo de queda da Selic, iniciado na reunião do Copom no dia 2 de agosto. “Esses ciclos são historicamente positivos para o Ibovespa, principalmente quando são feitos de maneira gradual e sóbria, como este deve ser conduzido ao longo dos próximos meses”.

Spiess lembra que o mercado historicamente subestima a amplitude do ciclo de flexibilização. “Não foi tudo para o preço e deve continuar caminhando, isso sem sequer considerar eventuais crescimentos de lucros por ação do Ibovespa ao longo do tempo, como seria o normal com a queda da Selic. Estou construtivo com o Ibovespa”.

Na mesma linha, o analista de fundos de investimento da Empiricus, Bruno Mérola, também está otimista com BOVA11. Ele acrescenta que, junto com o ETF, também teria fundo de ações com componentes mais cíclicos que o Ibovespa – justamente para capturar a queda da Selic. 

A analista Larissa Quaresma não deixou de lado os riscos, apesar de também ter perspectivas positivas. “Não é pra se iludir e achar que não tem risco nesse cenário. Tem o risco da China ser pior que esperamos e da Europa exercer uma pressão negativa maior que a esperada nas nossas exportações. Dito isso, o preço está mais do que compensando o investidor por esses riscos”, avalia.

Locaweb (LWSA3): vender

No caso da Locaweb (LWSA3), primeira empresa de hospedagem de sites do Brasil, o analista de tecnologia da Empiricus Research, Richard Camargo, recomenda a venda.

Segundo ele, a empresa se propôs a um plano de montagem de roll up, desde o IPO, que não costuma funcionar na velocidade com que eles implementaram.

“Eles tinham um core business que vinha encolhendo no tempo. Era uma empresa que estava relativamente estagnada, conseguiu levantar um belo cheque no IPO e fez vários M&As diferentes. Comprou empresas em diversos setores para criar um ecossistema de tecnologia interno e idealmente integrar todos esse ecossistema”.

Com as aquisições, a ideia era que um empreendedor, utilizando os serviços da Locaweb, teria diversas soluções, como armazenamento, frente de loja, pagamentos, gestão de e-commerce e mais. Para Richard, o problema é que na prática não foi bem assim. 

“Na prática, esses diversos sistemas precisam ser integrados, o time de venda precisa aprender a vender todos os produtos ali dentro, precisa que haja um alinhamento de interesses e incentivo ao longo de toda organização. Isso é muito difícil de fazer na velocidade com que a Locaweb se propôs. Desconheço casas de roll up internacionais que deram certo dessa maneira. A maioria que deu certo foi com construções paulatinas, geralmente com fusões de grandes empresas no começo e depois com adições marginais de produtos no tempo”, explica.

Além disso, o analista afirmou que os resultados da empresa mostram que a maioria das empresas compradas pela Locaweb eram companhias de tecnologia tradicionais, que foram moldadas para crescer e não para dar lucro no curto prazo.

“Eles estão tendo que adaptar também esse modelo e, ao mesmo tempo, tentando integrar todos esses negócios. É um desafio operacional muito grande e por esse motivo eu vendo os papéis da Locaweb”, afirmou.

Netflix (NFLX34): vender

Por fim, os especialistas avaliaram a situação da Netflix. Apesar das divergências, a maioria dos analistas preferiram vender o papel.

A analista Larissa Quaresma vê a ação cara e, por isso, prefere ficar fora do investimento.

Por outro lado, Matheus Spiess é a favor de comprar os papéis. “Imagino que a indústria de streaming vai ser um jogo jogado por poucos e ela vai ser um dos poucos players capazes de jogar com rentabilidade”.

Já o analista de tecnologia, Richard Camargo, cita a “frustração” de não ter recomendado as ações da Netflix no ano passado, em meio ao bear market norte-americano. Agora, na visão dele, as ações estão caras.

Ele revela que o mercado nutre um certo receio com a Netflix, que não cumpriu “boa parte do que foi prometido como tese de longo prazo”

“Há 10 anos, a promessa da Netflix era que quando se tornasse uma gigante de fato, ela conseguiria escalar em termos de lucratividade muito rápido. Isso porque a companhia estava construindo uma reserva de propriedade intelectual que era única e iria conseguir monetizar isso em vários campos, que não só a própria Netflix, e gerar uma série de fontes de receita incremental”.

Uma década depois, a Netflix não é mais uma empresa de crescimento, segundo o analista. “Cresce 5% ou 6% ao ano hoje. A base de usuários só voltou a crescer por conta do fim do compartilhamento de senhas”.

“A construção dessa biblioteca de propriedade intelectual aconteceu, mas a monetização dela em várias frentes, não. Não tem jogos de videogame que ganharam o mundo, não temos nenhum filme sucesso de bilheteria fora da Netflix, até porque eles mesmo não incentivam isso. Não temos parques de diversões inspirados em atrações da Netflix, igual temos da Nintendo, da Universal e da Disney. A Netflix está tentando fazer tudo sozinha, montou uma divisão de games que até aqui não deu certo”.

Para ele, o que restou para a companhia é um core business que gera um caixa interessante, mas é caro para manter o negócio. A empresa precisa produzir conteúdos constantemente, o que demanda investimentos anuais na casa dos US$ 16 bilhões.

“É uma empresa negociada em torno de 30 vezes os seus lucros, e tem um crescimento de 5% ou 6% ao ano. Acho caro”, finaliza.

Caso tenha interesse em conhecer cinco empresas internacionais recomendadas pela Empiricus Research, acesse aqui o relatório gratuito.

Confira a última edição do Podca$t completa:

Sobre o autor

Juan Rey

Jornalista pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Contato: juan.rey@empiricus.com.br