Depois de muitos pregões consecutivos encerrados no negativo, o Ibovespa teve um respiro ontem (18), véspera da decisão da taxa Selic por parte do Comitê de Política Monetária (Copom). O principal índice de ações brasileiras fechou a sessão com alta de 0,41%, aos 119.631 pontos. Ao longo do dia, chegou, inclusive, a alcançar novamente os 120 mil pontos.
O volume financeiro negociado no pregão (até às 17h50) foi de R$ 14,01 bilhões no Ibovespa e R$ 18,59 bilhões na B3.
Alta do Ibovespa não significa muita coisa
Porém, segundo o analista Matheus Spiess, da Empiricus Research, o Ibovespa em alta ontem não conta toda a verdade.
“O desempenho de alguns pesos pesados, em especial de Petrobras (PETR4), acabou criando um distanciamento do índice da realidade, que foi pior do que a tímida valorização de ontem”, explica.
As ações ordinárias de Petrobras subiram 3,36% e as preferenciais, 3,13%. A valorização foi uma reação do mercado ao acordo da petrolífera para encerrar pendências com o Carf.
Além disso, nos EUA, dados de atividade abaixo do esperado animaram os investidores globais em relação ao cenário de juros por lá e favoreceram ativos de risco, incluindo a Bolsa brasileira.
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Política fiscal e conflito entre Lula e Campos Neto ainda pesam sobre ativos de risco
Apesar da valorização do Ibovespa, as incertezas locais ainda limitaram a alta.
As falas do presidente Lula em relação à capacidade de Campos Neto de ter autonomia e imparcialidade no comando do Banco Central têm pesado no cenário brasileiro e causam ainda mais dúvidas em relação decisão da Selic nesta quarta-feira (19).
“O Brasil conseguiu dar uma pirueta para causar um problema monetário onde não tinha”, comenta Felipe Miranda, CIO e sócio-fundador da Empiricus.
Somado a isso, o analista lembra que a questão fiscal também preocupa o mercado, diante da sinalização de Lula em direção a aumentar a arrecadação.
“Não há mais como continuar o ajuste fiscal pela via da receita. Precisaremos entrar na linha dos gastos. Se o modelo em curso não é mais viável, teremos de mudar, ainda que seja para continuarmos os mesmos”, avalia Miranda.
“Como não há mais espaço para brigar por receita, a bifurcação se coloca: ou reduzimos os gastos, ou não fazemos ajuste algum. O Brasil está neste momento escolhendo qual caminho seguir”.
É hora de aproveitar o ‘desconto’ das ações brasileiras?
Ainda assim, aos patamares atuais, Miranda considera a Bolsa extremamente barata e recomenda ter pelo menos uma parcela da carteira em ações neste momento.
“Os ativos brasileiros estão baratos a níveis comparados somente a momentos de ruptura e grave crise, então essa é a hora de comprar empresas de alta qualidade de execução e negociadas a preços descontados“.
Neste relatório 100% gratuito, Miranda lista 10 ações recomendadas pela Empiricus Research para investir “ao som dos canhões”.