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Iguatemi (IGTI11) projeta forte crescimento para 2023 e anuncia distribuição de R$ 27,5 mi em dividendos; saiba mais

Com balanço do 4T22 sem grandes surpresas, guidance otimista e dividendos são os destaques

Por Caio Araújo

01 mar 2023, 11:11 - atualizado em 01 mar 2023, 11:11

Fachada do JK Iguatemi IGTI11
Shopping JK Iguatemi, em São Paulo. Imagem: GMM Engenharia e Construção

Na noite da última terça-feira (28), a Iguatemi (IGTI11) divulgou seus resultados operacionais do 4T22, com números em linha com nossas expectativas.

Conforme já adiantado na prévia operacional, a companhia registrou recorde histórico de vendas totais, somando um montante de R$ 5,3 bilhões no quarto trimestre, crescimento de 10,7% sobre o resultado do 4T21 e de 23,8% versus o 4T19. Vale lembrar que são duas bases comparativas sólidas.

O indicador vendas nas mesmas lojas (SSS) registrou alta de 8,9% na comparação anual e 25,5% versus o 4T19, superando a inflação nas duas janelas.

Neste ano, os destaques vão para a recuperação dos segmentos de serviços, entretenimento (+14,2%) e alimentação (+12,4%).

Taxa de ocupação das lojas ainda está abaixo da estimativa

A taxa de ocupação média foi de 92,9%, 0,9 p.p. acima de 2021, porém, abaixo das expectativas publicadas pela companhia.

Em nossa visão, é possível que os eventos externos do trimestre (Eleições e Copa do Mundo) tenham afetado o apetite por espaço dos lojistas no 4T22.

Para 2023, a Iguatemi já anunciou inaugurações importantes em algumas das suas principais praças, tal como lojas da Nike no Iguatemi São Paulo e no Praia de Belas e da Zara no Pátio Higienópolis.

O custo de ocupação se mostrou bem controlado, na casa de 11,8%, abaixo da média histórica – este indicador é essencial para avaliar a capacidade de reajuste dos aluguéis em 2023.

Receita líquida cresce e inadimplência cai na comparação anual

Outra linha importante é a inadimplência, que pelo 3˚ trimestre consecutivo registra percentual negativo (-3,8% no 4T22), resultado de uma recuperação de aluguéis passados pela companhia.

No total, a receita líquida atingiu R$ 292,3 milhões no trimestre, encerrando o ano na casa de R$ 1,02 bilhão, crescimento de 18,4% em relação a 2021.

Na parte digital (I-Retail e Iguatemi 365), a receita líquida atingiu R$ 35,9 milhões – maior volume da história –, com crescimento modesto de 2,8% na comparação anual.

A queima de caixa deste trimestre foi de R $13,5 milhões, afetada pela provisão do estoque final da coleção das lojas i-Retail. Apesar dos ajustes de mix, enxugamento de equipe, melhor lead time e de otimização de sellers, ainda enxergamos com ceticismo o desempenho desta linha da Iguatemi.

O Ebitda da Iguatemi alcançou R$ 187,6 milhões no trimestre, 11% acima do 4T21, com boa recuperação de margem para 64,2%, dado a ótima performance dos empreendimentos físicos.

Taxa de juros pesa sobre resultado do trimestre

Na linha financeira, o resultado foi negativamente impactado pelo aumento nas despesas com juros (reflexo da elevação da taxa de juros), o que proporcionou prejuízo de R$ 83,7 milhões no trimestre.

A Iguatemi encerrou o ano com um múltiplo Dívida líquida/Ebitda de 1,79x, nível controlado, mas que ainda não captura o aumento de participação no JK Iguatemi (realizado em fev/23). A alavancagem ajustada é de aproximadamente 2,8 vezes.

Por fim, o FFO (Fluxo de caixas operacional) foi de R$ 133,3 milhões, aumento de 57% na comparação anual – ao excluir os efeitos não recorrentes (linearização dos descontos, variação das ações de Infacommerce e SWAP de ações, principalmente), esta linha alcançou R$ 162,8 milhões.

Iguatemi projeta forte crescimento para 2023

Após a divulgação dos resultados, a Iguatemi retomou sua publicação de guidance anual, com estimativas otimistas para 2023.

Entre elas, destacamos o crescimento de receita líquida dos shoppings entre 13% a 18%, com expansão de margem ebtida total para 69%-72%.

Entre as estratégias citadas para atingir essa evolução, vale mencionar a otimização dos empreendimentos, a alienação de fração de terrenos e a rentabilização da estratégia digital. Em nossas projeções, temos números mais alinhados ao piso do guidance.

IGTI11 distribuirá R$ 27 mi em dividendos e segue como recomendação da Empiricus

Para finalizar, a empresa também comunicou a distribuição de R$ 27,5 milhões em dividendos, equivalente a R$ 0,09 por unit, pagos com base na posição acionária do dia 03 de março.

Em geral, o mercado já esperava uma boa performance de Iguatemi, acompanhando a recuperação do setor.

Sobre o 4T22, não observamos grandes destaques no resultado, mas o guidance otimista pode animar o mercado no pregão de hoje (1).

Negociando 12,5 vezes FFO para 2023, a ação de IGTI11 segue com recomendação de compra nas séries da Empiricus Research.

Sobre o autor

Caio Araújo

Administrador de empresas formado pela Fundação Getúlio Vargas (EAESP-FGV) e profissional da Empiricus Research desde 2016. Com certificação CNPI, é o analista de Real Estate e responsável pela série Renda Imobiliária, que atua no mercado de fundos de investimento imobiliários.