A Porto (PSSA3) teve um primeiro semestre difícil. A empresa foi impactada, principalmente, pela alta sinistralidade na seguradora e crescimento da inadimplência na vertical financeira.
Mas para os analistas da série Melhores Ações da Bolsa, da Empiricus Research, “o pior já passou”. De acordo com Fernando Ferrer e Henrique Cavalcante, a leitura é de recuperação da empresa nos próximos trimestres.
Eles explicaram os problemas que atingiram as três verticais da empresa – seguradora, saúde e financeira – e indicaram o que esperam para a ação.
Porto Seguro Auto, principal braço da empresa, sofre com sinistralidade
Aproximadamente 50% do faturamento total da companhia vem da vertical de seguros Auto, que apresentou resultados desanimadores nos últimos trimestres em função da aceleração dos preços na indústria automotiva. Com isso, a Porto teve maiores custos de manutenção.
A companhia até tentou agir no 4T21 em busca de compensar os custos elevados ao reajustar o preço dos seguros. No entanto, a receita incremental do reajuste é contabilizada gradualmente no resultado ao longo de 12 meses.
Assim, houve um crescimento da sinistralidade. Nos seguros, a sinistralidade é a relação dos procedimentos feitos pelos beneficiários com o valor arrecadado pela empresa. Ou seja, o custo da utilização por parte dos usuários perante o valor recebido pela Porto.
Porto Saúde: Covid-19 afetou sinistralidade da vertical
Na vertical Porto Saúde, o ritmo de crescimento de faturamento e expansão da base de beneficiários foi positivo no 2T22, mas afetado pelo crescimento nos custos.
Ainda que com a drástica redução no número de casos de Covid-19 com necessidade de internação (o que implica mais gastos), a sinistralidade também está em níveis elevados e distantes da média histórica, chegando a 82,7% no 2T22.
Para a companhia, o aumento na frequência de eventos não urgentes é um dos motivos do aumento dos custos. Muitos procedimentos cirúrgicos que foram deixados de lado durante a pandemia estão sendo realizados agora, e são custosos para a Porto.
A oscilação de clima na grande São Paulo – onde a companhia tem cerca de 90% da carteira – também afeta o número de internações e, consequentemente, de custos.
Braço financeiro foi afetado pela inadimplência
Responsável por 15% do faturamento consolidado da Porto, a Porto Bank é o braço financeiro da companhia.
A vertical apresentou um forte aumento no nível de inadimplência dos clientes nos últimos trimestres.
Por conta disso, os executivos sinalizaram na última conferência de resultados que adotaram medidas mais restritivas na concessão de crédito direto ao consumidor e originação de cartões. Além disso, a ideia também é focar em clientes que já tem relacionamento antigo com a Porto.
E agora? Qual será o futuro da Porto?
Como dito anteriormente, apesar dos problemas apresentados nos últimos trimestres, os analistas acreditam que o pior ficou para trás.
Na vertical de Seguros, que sofreu com a sinistralidade, a deflação nos preços do consumidor (IPCA) desde julho indica uma queda de preços na indústria automotiva.
Aliado a isso, o reajuste de preços dos seguros, que já foi observado no último semestre, deve ocorrer de maneira mais intensa nos próximos trimestres. Por estes motivos, os analistas Fernando Ferrer e Henrique Cavalcante veem uma melhora financeira para a seguradora no futuro.
“Com receita maior e custo menor, esperamos uma sinistralidade mais controlada para a companhia na vertical Auto. Ainda enxergamos os preços na indústria automotiva bastante elevados apesar do arrefecimento e, por isso, deveremos ver uma melhora marginal no resultado do terceiro trimestre, mais robusta no quarto, e forte em 2023”, vislumbraram em relatório recente da série Melhores Ações da Bolsa.
Saúde e Porto Bank deverão apresentar melhora mais gradual
Já na Porto Seguro Saúde, os analistas não veem uma melhora tão rápida no número de eventos não urgentes “dado o longo período que essa demanda ficou reprimida”.
Por outro lado, o crescimento no faturamento e a expansão da base de beneficiários indicam que a Porto vem conseguindo repassar preços.
“Acreditamos que esse reajuste esteja em linha com o dado médio da indústria, próximo dos 18% – uma vez que, diferente da Hapvida, a companhia tem uma estrutura de custos menos eficiente e está sendo mais pressionada”, explicam.
Mesmo com o reajuste, os analistas não esperam uma desaceleração preocupante no ritmo de expansão do número de usuários.
“Nossa visão de longo prazo para a vertical é positiva. A Porto tem planos de expansão para fora da grande São Paulo, o que deverá mitigar os riscos exógenos da carteira. Além disso, a companhia tem como característica uma força de vendas muito qualificada e, dentro de um setor fragmentado com alto potencial de crescimento conjuntural como o de saúde, acreditamos que a Porto irá se beneficiar”, afirmam os analistas.
Já no setor financeiro, Ferrer e Cavalcante acreditam que as medidas mais restritivas de concessão de crédito adotadas pela Porto Bank possam melhorar o índice de inadimplência e gerar um crescimento “mais conservador” da carteira de crédito nos próximos trimestres.
PSSA3 deve ‘virar o jogo’ nos próximos trimestres e pode valorizar 36%
No geral, os analistas acreditam que os ventos poderão ser positivos para a Porto Seguro nos próximos trimestres.
“A principal linha de receita da Porto, os Seguros Auto, devem voltar a contribuir de forma mais robusta para o lucro operacional ao longo dos próximos trimestres, assim como as outras verticais – apesar de julgarmos que em uma velocidade mais lenta”.
Eles acreditam que o 3T22 deve apresentar bons indicadores de que as melhorias estão ocorrendo, mas a maior expectativa vem para o quarto trimestre e, principalmente, 2023.
“Negociando a 8 vezes seus lucros para 2023, um desconto de mais de 20% em relação à sua média dos últimos 5 anos, mantemos nossa visão sobre Porto: é uma empresa resiliente, líder de mercado e com bom potencial de crescimento”.
Os analistas colocaram o preço-alvo da ação em R$ 29,00, alta de 36% em relação aos R$ 21,26 do fechamento da última quarta-feira (28).