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Índice de ações de empresas brasileiras listadas no exterior cai quase 2% na quinta-feira (7) e Vale derrete 3%; confira

Além disso, o índice de ações de empresas brasileiras listadas no exterior fechou com uma desvalorização de quase 2% na quinta-feira (7).

Por Matheus Spiess

08 set 2023, 08:52 - atualizado em 08 set 2023, 08:52

‘Elevação da nota da Fitch é muito boa para os ativos de risco’: saiba quais ações e FIIs podem se beneficiar da melhora do rating
Imagem: Pexels

Bom dia, pessoal. O retorno do feriado no Brasil não traz muitos motivos para otimismo. Seria preferível que a B3 tivesse prolongado o feriado. Ontem, os mercados globais apresentaram um desempenho negativo, aprofundando-se nas primeiras horas desta manhã, com quedas no encerramento dos mercados asiáticos e na abertura dos índices europeus. 

Os futuros nos Estados Unidos também estão em queda, diminuindo as expectativas de uma sexta-feira positiva, pelo menos em termos internacionais. A preocupação continua a ser a mesma de sempre: uma nova série de indicadores econômicos otimistas dos EUA renovou as preocupações sobre as perspectivas das taxas de juros.

Os dias passam, mas o tema persiste. Além disso, dados que apontam para um crescimento do PIB abaixo do esperado no Japão também prejudicaram o ânimo dos investidores. Além disso, a China divulgou números desanimadores sobre seu comércio em agosto, aumentando as preocupações em relação à desaceleração do crescimento na segunda maior economia do mundo. 

A ver…

· 00:43 — Pior que as perspectivas para o dia de hoje só o trânsito para subir a Serra do Mar no domingo…

No cenário nacional, devemos testemunhar uma queda do índice brasileiro, seguindo a tendência de queda do EWZ, que é o fundo índice de ações de empresas brasileiras listadas no exterior e que fechou com uma desvalorização de quase 2% na quinta-feira (7).

Não só a força do mercado de trabalho nos Estados Unidos prejudicou a confiança nos ativos de risco, mas também o anúncio do governo chinês sobre um aumento na supervisão regulatória do mercado de minério de ferro teve um impacto negativo na Vale, cujas ações caíram mais de 3%. Será um dia desafiador e cansativo, especialmente considerando o ajuste negativo que a Petrobras também precisa fazer (as ADRs da empresa petrolífera sofreram quedas ontem). Pelo menos, algumas commodities estão se recuperando nesta manhã, como é o caso do petróleo, o que pode fornecer algum alívio marginal.

O ponto positivo do dia está relacionado à resolução do tema da reforma ministerial. Depois de muito atraso, Lula finalmente confirmou a nomeação de Silvio Costa Filho para o Ministério dos Portos e Aeroportos, movendo Márcio França para o recém-criado Ministério das Micro e Pequenas Empresas (oi, sumido). Essa movimentação é benéfica para o governo, especialmente em sua relação com o Republicanos no Congresso, assim como a nomeação de André Fufuca, do PP, para o Ministério dos Esportes. Se agosto foi marcado por um retorno do recesso legislativo mais desafiador do que o esperado, esse novo acordo com o centrão pode dar um fôlego extra ao governo para avançar com sua agenda econômica, que depende do apoio dos parlamentares para aprovar medidas relacionadas ao aumento da arrecadação.

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· 01:47 — Problemas regulatórios

Nos Estados Unidos, após vários meses de dependência do desempenho de empresas como a Apple, a disputa regulatória entre americanos e chineses afetou negativamente as ações da empresa, lançando uma sombra sobre os mercados globais. Relatórios recentes indicando que a China está restringindo o uso do iPhone em seu mercado doméstico levaram as ações da Apple a uma queda acentuada nos últimos dois dias, ameaçando também o setor de tecnologia.

Ontem, as ações da Apple fecharam com uma queda de 2,9%, acumulando uma perda de 6,5% em dois dias. Isso resultou em uma redução de cerca de US$ 200 bilhões em seu valor de mercado, o que é mais do que quatro vezes o valor total do Banco Itaú, por exemplo. Mesmo após essa queda, a Apple ainda mantém um valor de mercado impressionante de US$ 2,8 trilhões, com as ações registrando um aumento de mais de 35% ao longo de 2023.

Com poucas perspectivas de melhora para o dia de hoje, a agenda inclui a divulgação pelo Federal Reserve das Contas Financeiras dos Estados Unidos para o segundo trimestre. Este relatório inclui estatísticas sobre o patrimônio líquido total das famílias americanas, que estava em US$ 148,8 trilhões no final do primeiro trimestre, um valor inferior ao pico de US$ 152,5 trilhões atingido no primeiro trimestre de 2022. Além disso, também serão divulgados dados sobre o crédito ao consumo, que devem refletir alguns dos impactos das taxas de juros mais elevadas.

· 02:44 — Detalhando um pouco mais os problemas regulatórios

A Apple está empenhada em resolver a crise que enfrenta na China apenas alguns dias antes do lançamento do próximo iPhone, um evento de grande importância para a empresa. A introdução do novo produto na próxima terça-feira (12) pode ser ofuscada por várias controvérsias na China, que é o maior mercado internacional da Apple.

A gigante de tecnologia está lidando com uma crescente proibição do uso do iPhone por funcionários do governo e com a concorrência de um novo dispositivo da chinesa Huawei, que representa uma ameaça substancial à Apple. No entanto, a maior preocupação pode ser o ressurgimento do nacionalismo chinês.

A China planeja ampliar a proibição do uso de iPhones em áreas consideradas sensíveis para agências apoiadas pelo governo e empresas estatais, sinalizando desafios crescentes para a Apple em seu maior mercado no exterior. Várias agências começaram a instruir seus funcionários a não trazerem iPhones para o trabalho.

Além disso, Pequim planeja estender essa restrição a uma ampla gama de empresas estatais e outras organizações controladas pelo governo. Se essa expansão for adiante, o bloqueio sem precedentes poderá ser parte de um esforço de longo prazo para eliminar o uso de tecnologia estrangeira em ambientes sensíveis.

A China representa cerca de 20% da receita da Apple, e é improvável que o país adote uma proibição total do iPhone, devido ao grande número de cidadãos chineses que trabalham na fabricação de dispositivos para o mundo todo. No entanto, os relatórios recentes estão levantando novas preocupações sobre a possibilidade de uma guerra fria tecnológica.

· 03:45 — Acordo entre aliados

Os Estados Unidos e a União Europeia estão colaborando para desenvolver um acordo que aplicaria novas tarifas direcionadas ao excesso de produção de aço, vindo principalmente da China e de outros países que utilizam práticas não orientadas pelo mercado. Este acordo marcaria um afastamento dos conflitos comerciais que caracterizaram a era Trump.

Essas tarifas seriam uma parte essencial do chamado Acordo Global sobre Aço e Alumínio Sustentáveis, que a União Europeia e a administração Biden vêm negociando desde 2021. O principal objetivo dessas negociações é resolver uma disputa comercial que começou em 2018, quando o presidente Donald Trump impôs tarifas sobre as importações de metais provenientes da Europa.

Em 2021, ambas as partes concordaram em suspender as tarifas de 25% que haviam sido impostas sobre os produtos um do outro e estabeleceram um prazo até 31 de outubro deste ano para encontrar uma solução duradoura.

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· 04:20 — Um G20 diferente

O presidente Joe Biden pretende aproveitar a ausência do presidente russo Vladimir Putin e do presidente chinês Xi Jinping na reunião de líderes do G20 desta semana em Nova Deli para fazer novas incursões em países que esses líderes já cortejaram.

Ele levará algumas pautas dos EUA a nações como o Brasil, a África do Sul, a Indonésia e a anfitriã, a Índia, que estão ansiosas por laços mais estreitos com a China e se recusaram a tomar partido após a invasão da Ucrânia pela Rússia.

No centro do seu esforço está um impulso para aumentar o financiamento e o alcance do Banco Mundial e de outros bancos de desenvolvimento, um impulso para o alívio da dívida dos países pobres e o financiamento para novos projetos de infraestruturas.

Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.