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Inflação de setembro: IPCA melhor que as expectativas pode acelerar cortes na Selic?

IPCA mostrou alta da inflação de 0,26% em setembro. Apesar da aceleração, número vem melhor que os 0,32% esperados pelo mercado

Por Juan Rey

11 out 2023, 13:50 - atualizado em 11 out 2023, 13:53

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), principal dado de inflação do Brasil, apresentou aceleração de 0,26% em setembro.

O número é 0,03% maior que o registrado em agosto, mas menor que o esperado pelo mercado, de 0,32%.

Na janela de 12 meses, a inflação acumulada é de 5,19%.

Fonte e elaboração: IBGE

Número melhor que o esperado pode acelerar corte da Selic?

De acordo com a analista Lais Costa, da Empiricus Research, o ponto mais importante para o Banco Central ao analisar o IPCA é o núcleo de serviços, que tem mostrado deflação.

“A métrica que nós e o BC usamos é uma média móvel de 3 meses, tirando o efeito da sazonalidade desses itens. Quando calculamos dessa forma, vemos que essa tendência continua. Então não teria grandes motivos para o Banco Central pausar essa continuidade de queda da Selic, porque continuamos numa direção favorável”.

No entanto, como a surpresa positiva desse mês não veio focada justamente nesses itens de serviço, a analista não acredita que há motivos para um aumento de magnitude no corte nas duas reuniões que restam em 2023.

Continuaremos vendo queda de 50 pontos-base daqui pra frente”, avaliou.

Puxado pela gasolina, Transportes foi a maior alta do IPCA

A gasolina foi, novamente, o subitem que mais subiu no IPCA, com alta de 2,8%, e pressionou o grupo de Transportes – maior alta do índice. 

No entanto, os itens semiduráveis, duráveis e os alimentos, que estão nos não duráveis, apresentaram, em geral, deflação em relação ao observado no último IPCA-15.

“A difusão do índice veio menor, então tem menos itens pressionando a inflação. Apesar da diferença não ter sido tão grande, essa composição melhor indica pra gente que o Banco Central deve continuar essa queda de juros que temos visto nas últimas reuniões”, aponta Lais. 

Fonte e elaboração: IBGE

Quanto à inflação acumulada de 5,19%, superior à meta perseguida pelo BC de 3,25%, com tolerância de até 4,75%, a analista explica:

“O BC não está olhando para a inflação corrente. Qualquer movimento que tenha na Selic, para cima ou para baixo, não atua instantaneamente, tem um delay, você mira para daqui 12 a 24 meses. Nesse horizonte estamos na meta de inflação. Considerando que tivemos um período extenso de juros restritivos, o efeito defasado está fazendo com que as condições financeiras no Brasil estejam apertadas”.

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Sobre o autor

Juan Rey

Jornalista pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Contato: juan.rey@empiricus.com.br