Investimentos

Inflação global dá primeiros sinais de que começa a ceder; veja como isto impacta seus investimentos em ações e renda fixa

O CEO da Empiricus, Felipe Miranda, vê movimento do Fed como crucial para melhora do mercado; Brasil também apresenta cenário de arrefecimento da inflação e B3 segue atrativa

Por Juan Rey

16 ago 2022, 14:33 - atualizado em 16 ago 2022, 14:34

Como a inflação afeta seus investimentos (1)
Foto: Freepik

Os principais índices de referência das bolsas de valores pelo mundo estão em alta desde o final de julho. Agora a inflação, grande vilã do mercado em 2022, parece dar os primeiros sinais de que pode arrefecer e trazer mais boas novas para os investidores. Será este o início do fim de um ano difícil para a economia global?

As duas principais sinalizações de queda da inflação foram o CPI, índice de preço ao consumidor dos EUA, e o PPI, índice de preços ao produtor americano, que vieram abaixo das projeções. 

“Vimos nos EUA aquilo que se chama de peak inflation. A inflação fez seu pico e agora começa a ceder. De uma maneira objetiva e concreta, talvez a gente comece a ver a saída deste ciclo”, analisou o CEO da Empiricus, Felipe Miranda, em sua live semanal do Instagram.

Embora o Fed ainda deva subir a taxa de juros, o número será menor que o esperado anteriormente. A notícia é um alento para as ações, que podem seguir a tendência de alta com a perda de atratividade da renda fixa a partir das taxas de juros abaixo das expectativas. 

“O que era um cenário consensual de um aumento de 75 pontos-base na próxima reunião do banco central americano (Fed), aparece com mais de 50% de chance, segundo traders, de um aumento de 50 pontos”, comenta Felipe.

Fed trouxe otimismo para os mercados; S&P dispara

Os dados dispararam um rally dos ativos de risco em âmbito global desde o final da segunda semana de julho. Para se ter noção, o S&P 500 (índice com as 500 principais empresas listadas em bolsa norte-americana), em meados de julho, valia por volta de 3.790 pontos. Agora, o índice abriu terça-feira (16) a 4.290 pontos, alta de mais de 13% em um mês.

“Como todos estavam pessimistas, com muitas posições vendidas, um movimento técnico de short squeeze catapultou uma série de ações. A gente viu realmente coisas inimagináveis e aqui no Brasil foi só um reflexo disso”, afirmou Felipe.

Mesmo com a disparada recente, o ano do S&P foi tão ruim que o índice caiu 10,60% desde janeiro. Fonte: Google Finance

Outro indicador que pode trazer uma animação extra ao mercado depois de dias difíceis é o preço do minério de ferro. Considerado um “termômetro” da atividade global, a commodity voltou a negociar em níveis elevados. O fato animou a China, principal importadora do minério, e a Vale (VALE3), maior exportadora da commodity para o país asiático.

Sinais de arrefecimento da inflação não são suficientes para cravar melhora de cenário 

No entanto, se engana quem pensa que as boas notícias necessariamente representam uma mudança no cenário. Felipe Miranda ainda prega cautela e lembra que um movimento tão intenso e rápido como este que se apresenta, normalmente está associado um bear market rally – recuperação temporária do mercado que não se mantém, já que a tendência geral segue sendo de queda.

“Temos que monitorar os próximos indicadores de inflação nos EUA porque esse movimento muito técnico não está necessariamente ancorado numa melhora de fundamentos. A característica das ações que mais subiram me preocupam”, assinala.

O economista lembra que, nas últimas crises de S&P, o quarto rally de bear market costuma ser longo e beirar 20%. Ele prefere não cravar que o pior já passou, embora o cenário positivo tenha ganhado maior consistência nas últimas semanas.

“Não é que as coisas estejam necessariamente resolvidas”, completa.

Inflação no Brasil também dá sinais positivos

Para Felipe, a inflação no Brasil também tem cedido. O IPCA (Índice Nacional de Preço ao Consumidor Amplo) veio ligeiramente abaixo das projeções e, mais do que isso, os IGPs (índices gerais de preços) “deram uma mergulhada”. 

“A gente alimenta as expectativas de que os IGPs acabem contaminando um pouquinho os IPCs. Isso vai sendo levado ao longo da cadeia e em algum momento bate na inflação de serviços, que é aquela que ainda persiste alta”, explica Felipe.

A eleição, embora “barulhenta”, também pode trazer boas notícias para os ativos brasileiros. O CEO da Empiricus acredita que, em alguma instância, os candidatos devem convergir para o centro, já que este é o eleitor que vai definir as eleições. Para ele, “no fim do dia”, o resultado das eleições deve ser benéfico para o mercado, independentemente de quem for eleito.  

Ibovespa acompanha tendência e B3 segue atrativa

O Ibovespa, principal índice de referência da bolsa brasileira, também foi impactado pela alta no mundo. Em menos de um mês, o Ibov saltou de 96.916 pontos e chegou aos atuais 113.033 na abertura de mercado desta terça-feira (16), alta de mais de 17%.

Gráfico ascendente do índice Ibovespa no período de 1 mês. Fonte: Google Finance

Diferente do S&P, o Ibovespa negocia em alta de 9,13% desde o início do ano, o que reitera a opinião de Felipe Miranda que a bolsa brasileira está atrativa e com bons valuations. 

Para o CEO da Empiricus, é difícil prever ou antecipar uma eventual virada do mercado. Por isso, é importante permanecer comprado em boas empresas e bons ativos que apresentem preços interessantes. Você pode conferir gratuitamente aqui algumas indicações do analista depois da divulgação dos resultados do 2T22.

Sobre o autor

Juan Rey

Jornalista pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Contato: juan.rey@empiricus.com.br