O índice de preços ao consumidor dos Estados Unidos, CPI, apontou aceleração de 0,6% da inflação em agosto na comparação com julho. O avanço no mês e a inflação acumulada de 3,7% nos últimos 12 meses estão em linha com as projeções do mercado.
Segundo o analista Enzo Pacheco, a alta no CPI era esperada por conta do aumento no preço do petróleo, que saltou de US$ 71,84 no fechamento de 12 de junho para os US$ 92,06 registrados na última terça-feira (12).
“Era inevitável ver isso impactando o índice de inflação. Quando você olha linha por linha, vê que de fato o preço da energia foi o principal vilão. A linha de energia como um todo subiu mais de 5%, e a de gasolina subiu mais de 10%”, explica.
Prioridade do Fed é o núcleo da inflação, que caiu no acumulado
O analista lembra que a prioridade do Federal Reserve (Fed) é o núcleo da inflação, e não o dado cheio, que tem toda a variação de preços nas linhas de energia e alimentos. “Esses itens são muito voláteis”.
O núcleo da inflação, que exclui as variações de alimentos e energia, apresentou alta de 0,3% no mês e 4,3% nos últimos 12 meses até agosto.
O número é menor que a taxa acumulada até julho, que estava em 4,7%. Apesar da queda, o analista frisa que a meta do Fed é de 2%.
“Eles querem ver o núcleo mais para baixo. A questão do petróleo é um ponto de atenção, porque impacta outros preços da economia. Se a inflação continuar corroendo por muito tempo a renda real do consumidor norte-americano, pode haver demanda por aumentos de salário, que é o grande temor dos analistas”.
Fed deve manter taxa de juro inalterada na semana que vem
No entanto, para a próxima reunião, na semana que vem, o Fed deve manter a taxa de juro inalterada, no intervalo de 5,25-5,5%. “Deveria acontecer alguma coisa muito fora da curva para vermos uma mudança na próxima reunião”, afirmou Pacheco.
Apesar da falta de surpresas com a manutenção da taxa, a divulgação das projeções de juros, PIB e desemprego para o final do ano pelos membros do Fed deve roubar a atenção na próxima reunião.
“Na última reunião em que tivemos essa divulgação, a estimativa era que o juro teria que chegar até perto dos 5,5%. Com os últimos dados de inflação, poderemos ver os próprios membros do Fed atualizando essa projeção para o final do ano. Talvez a maioria já veja que não é tão necessário assim aumentar o juros. Essa divulgação será muito importante e os investidores devem ficar atentos”.
Mas a grande expectativa fica por conta da reunião de novembro, em que o mercado está dividido entre a manutenção da taxa ou um aumento de 25 pontos-base. Na visão do analista, a primeira hipótese é a mais provável.
“Se a gente tiver uma reaceleração da inflação, aí sim temos a preocupação de que o Fed possa vir a aumentar o juro. Mas com os dados que temos hoje, não parece ser o cenário. O que a gente pode ter é a taxa mais alta por mais tempo que o mercado esteja estimando, e isso pode gerar um burburinho nos ativos de risco”, finaliza.
Confira abaixo a entrevista completa de Enzo Pacheco no Giro do Mercado: