Investimentos

Interferências do governo são uma ‘maldição’ que pode virar ‘benção’? Esta ação pode ‘decolar’ graças a medidas populistas de Lula

Na busca por mais aprovação para o seu governo, Lula pode gastar mais com programas de subsídio na educação e habitação e investidor pode sair ganhando

Isabelle Santos

Por Isabelle Santos

22 mar 2024, 09:28 - atualizado em 22 mar 2024, 09:42

lula presidente ação
Imagem: Divulgação/Instagram @lulaoficial

A popularidade do presidente Lula vem caindo desde que retornou ao Palácio do Planalto para o seu terceiro mandato. É o que dizem as pesquisas divulgadas por alguns institutos  como Datafolha, Genial/Quest e Ipec.  

Na pesquisa publicada no início de março pela Genial/Quest, a aprovação do governo petista caiu 5 pontos percentuais na comparação anual. E em contrapartida, as avaliações negativas saltaram de 29% para 34% entre fevereiro de 2023 e 2024.

Coincidência ou não, desde que as pesquisas começaram a ser divulgadas o chefe do Executivo adotou uma postura que o CEO da Empiricus Research, Felipe Miranda, classificou como a reação de um populista clássico

Na visão do analista, nos últimos dias o presidente interferiu na Petrobras (PETR4) apoiando o corte de mais de R$ 40 bi nos dividendos, tentou interferir no processo de sucessão do CEO da Vale (VALE3) e até voltou a criticar o Banco Central

Nesse cenário é esperado que o receio do mercado com relação ao “risco Brasil” volte a crescer. Mas, “se a postura mais intervencionista é um risco, para determinados segmentos pode ser também uma oportunidade”, avalia Miranda. 

Foi com base nessa possibilidade que o analista decidiu aumentar a posição em uma ação que pode ser diretamente beneficiada pelas medidas populistas do presidente. 

FIES e Minha Casa, Minha Vida contra a impopularidade

Segundo Felipe Miranda, educação e habitação de baixa renda são “dois setores típicos que os governos petistas gostam de estimular a partir do populismo tradicional e de suas bandeiras históricas”. 

Assim, o analista acredita que os programas de subsídio FIES e Minha Casa, Minha Vida, devem fazer parte do “Kit Lula” para reverter a queda de popularidade. 

Nesse cenário, tanto empresas do setor educacional quanto de incorporação podem ser beneficiadas pela estratégia do governo, aponta Miranda. O que abre espaço para o investidor buscar lucros na Bolsa investindo nesses setores. 

Entretanto, para o analista o momento não é favorável para as educacionais. Segundo ele, essas empresas estão em um período desafiador e os fundamentos não apresentam a qualidade necessária para estar entre as recomendações da casa. 

Assim, a aposta é surfar a estratégia populista do governo investindo em empresas do setor imobiliário. 

Um impulso para as ações da Direcional (DIRR3)

A Direcional é uma incorporadora cujo principal ramo de atuação é a construção de habitações populares. Por isso, é esperado que a companhia tenha um desempenho positivo durante o Lula 3. 

Para se ter uma ideia, mais de 70% do estoque da sua subsidiária, a Riva, está vinculado ao programa Minha Casa, Minha Vida. Além disso, a Direcional entregou excelentes resultados em 2023. 

A companhia apresentou recorde de vendas líquidas de R$ 1,2 bilhões no 4T23. O Ebitda ajustado atingiu R$152 milhões no trimestre e o lucro líquido foi de R$ 324 milhões no ano.

Além disso, o analista aponta que a empresa está em um excelente momento operacional e negocia com valuation convidativo de 7,9 vezes preço sobre lucro (P/L). Outro fator que pode impulsionar a companhia é a queda da Selic

Em um cenário de juros baixos a população das classes C e D – público alvo da Direcional passam a ter mais acesso ao crédito.  

Assim, todos esses fatores “configuram-se como um impulso significativo para o valor das ações”, aponta o analista. Ele também acredita que além da valorização o ativo pode entregar “dividendos generosos”.  

Por esse motivo, Miranda decidiu aumentar a participação de Direcional (DIRR3) na carteira “Oportunidades de Uma Vida”

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Isabelle Santos

Sobre o autor

Isabelle Santos

Comunicóloga formada pela Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC). É redatora do Money Times, Seu Dinheiro e Empiricus.