IPCA-15 de novembro cresce acima do esperado e fere teto da meta fiscal; alta da Selic vai acelerar? 

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) anotou uma alta de 0,62% em novembro. Os dados considerados como uma prévia da inflação oficial (IPCA) do país foram principalmente influenciados pelo aumento no preço de alimentos e bebidas, que subiram 1,34% no mês. 

Os dados do IPCA-15 de novembro foram divulgados terça-feira (26) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Sobre os principais impactos no valor, o analista de macroeconomia Matheus Spiess, da Empiricus Research, aponta que parte também se deve ao preço das passagem aérea e custo do transporte coletivo, além de alimentos em geral e carne que também surpreenderam.

“Por mais que a difusão [percentual de produtos analisados que estão influenciando no resultado] tenha recuado frente ao mês anterior, ela ainda se mostra acima de 50%, ou seja, mais de 50% da cesta ainda apresenta um espraiar da inflação por entre os itens dela”,  comenta Spiess.

A previsão do analista inicialmente era de uma desaceleração no valor, para 0,49% em novembro, em relação aos 0,54% de outubro. 

Inflação continua subindo e aperto monetário deve acompanhar o ritmo 

Em 2024, o IPCA-15 acumula alta de 4,35%. Nos últimos 12 meses, a variação foi de 4,77%, acima dos 4,47% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em novembro de 2023, o dado era de 0,33%.

“Talvez o dado do mês fechado [IPCA de novembro] possa melhorar um pouco a figura, porque podemos ter um impacto menor no preço da energia por causa da mudança da bandeira. Mas a inflação ainda deve se manter acima do teto da meta. Isso ajuda a justificar inclusive uma aceleração do ritmo de aperto monetário na Selic em dezembro de 75 pontos-base em vez de 50 pontos-base,” aponta o analista. 

O acumulado do IPCA-15 em 12 meses também permanece acima da meta de inflação de 3,0% do Banco Central (BC) para este ano. O valor, contudo, será considerado formalmente cumprido se encerrar 2024 entre o intervalo de 1,50% e 4,50%.

“Aqui, o fiscal é importante para a ancoragem das expectativas, mas o quadro que se pintou até agora com o atraso do governo, a comunicação ruim, confusa, essas postergações sucessivas, mostra que o timing talvez tenha sido perdido e justificaria uma aceleração [da Selic]”, completa Spiess. 

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Variação dos grupos no IPCA-15 em novembro

Na prévia da inflação do mês de novembro, oito dos nove grupos pesquisados pelo IBGE apresentaram alta:

• Alimentação e bebidas: 1,34%;
• Habitação: 0,22%;
• Artigos de residência: 0,11%;
• Vestuário: 0,36%;
• Transportes: 0,82%;
• Saúde e cuidados pessoais: 0,18%;
• Despesas pessoais: 0,83%;
• Educação: -0,01%;
• Comunicação: 0,11%.