Nesta terça-feira (26), o IBGE divulgou o IPCA-15 de setembro, que representa a prévia da inflação do mês. O indicador subiu 0,35% no período, pouco abaixo das expectativas do mercado, de 0,37%. No ano, o IPCA-15 é de 3,74% e, em 12 meses, de 5,00%.
Ainda que o dado tenha vindo melhor que o esperado, o Ibovespa cai em torno de 1,2% às 14h50.
Segundo a analista de macroeconomia e renda fixa Laís Costa, da Empiricus Research, a composição do número do IPCA-15 foi marginalmente pior devido à reaceleração dos preços de serviços e pode ser um dos motivos da queda.
Basicamente, seis dos nove grupos analisados pela instituição registraram alta em setembro, dentre eles transportes (2,02%), vestuário (0,41%) e despesas pessoais (0,35%).
“Os destaques foram os preços de gasolina e diesel, refletindo o aumento anunciado pela Petrobras e a interrupção mais recente da importação do diesel russo. No caso de serviços, as passagens aéreas devolveram a queda em agosto e o núcleo de serviços também acelerou em relação às coletas anteriores”, comenta a analista.
Por outro lado, a deflação de itens industriais continua, em linha com indicadores antecedentes. Além disso, segundo Laís, os semiduráveis e alimentos também surpreenderam positivamente.
Além do IPCA-15, dados dos EUA influenciam Ibovespa
Além da composição do IPCA-15 não ter sido das melhores, João Piccioni, analista de investimentos internacionais da casa, destaca a divulgação de dados nos EUA como outro vetor que impacta o comportamento da Bolsa local.
“Essa inflação vai causar ainda um pouco de incômodo, especialmente em dias em que o mercado internacional estiver mais estressado. Hoje, bem no dia de IPCA-15 e ata do Copom, calhou de termos notícias ruins vindas dos Estados Unidos, como queda da confiança do consumidor e a alta dos preços das casas. Isso trouxe um emaranhado de confusão para os ativos de risco de forma geral e, obviamente, o Brasil acaba pegando parte desse movimento ruim”, explica o especialista.
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Ata do Copom pode ter decepcionado
Outro ponto que pode ter desanimado o mercado, na visão de Piccioni, é a ata do Copom, também publicada hoje (26). “A ata não veio muito fora do esperado, mas acho que havia uma pontinha de esperança de que o Copom pudesse dizer que há espaço para acelerar a queda da taxa de juros, mas não falaram isso. A fala foi cuidadosa, cautelosa, como sempre”.
Títulos de vencimento no longo prazo e Bolsa continuam atrativos
A vantagem, segundo o analista, é que vemos uma abertura da curva de juros, que torna títulos de renda fixa de juro longo (com vencimento em 2035, 2045, 2050) ainda mais atrativos.
Além disso, a Empiricus Research segue construtiva com Bolsa brasileira: “Em quedas do Ibovespa, como a de hoje, é um bom momento para comprar ações de boas empresas. Dois exemplos de que gostamos bastante são Assaí (ASAI3) e Mercado Livre (MELI34). Ambas têm colocado a concorrência em ‘maus lençóis’ e são líderes de mercado”.
Além desses dois papéis, neste relatório gratuito, a casa de análise selecionou mais 8 ações para aproveitar o cenário favorável para comprar Bolsa.