O IBGE divulgou, na manhã desta quinta-feira (26), o IPCA-15 de outubro, considerado a prévia oficial da inflação. O índice apresentou aceleração de 0,21%, levemente acima da projeção do mercado financeiro de 0,20%.
Em 2023, o IPCA-15 acumula alta de 3,96% e, nos últimos 12 meses, de 5,05%, pouco acima dos 5,0% registrados no acumulado do mês anterior.
Apesar disso, o dado veio qualitativamente melhor que o esperado e mostra progresso no combate à inflação, explicou o analista macroeconômico da Empiricus Research, Matheus Spiess.
“Essa representação comparativamente maior em 12 meses foi por conta de itens mais voláteis, como passagens aéreas e higiene pessoal. O que o banco central mais está olhando, que são os núcleos de serviços, vieram melhor que o esperado”.
Graças ao IPCA-15 positivo, o Ibovespa, principal índice acionário brasileiro, tem ignorado o mau humor dos mercados estrangeiros e sustentado forte alta durante o pregão.
IPCA não deve influenciar no ritmo de corte da Selic em 2023
Na visão de Spiess, o dado permite que o IPCA chegue ao final do ano dentro da banda superior de aceitação do BC.
Mas, mesmo com os dados indicando um bom trabalho no combate à inflação, o analista afirma que a tendência é que o ritmo de corte da Selic se mantenha em 50 pontos-base nas duas reuniões que restam em 2023.
Para 2024, é esperado que, ao menos nos primeiros meses do ano, o ciclo de afrouxamento monetário continue. Depois, os dados, tanto internos quanto externos, definirão os próximos passos da taxa básica de juro brasileira.
“O Brasil tem gordura para queimar, possibilitando que haja corte de juro sem uma descompressão muito grande de prêmio de risco local. A grande dúvida está sobre o progresso desses dados em 2024. Esperamos no Brasil uma desaceleração da inflação e nos EUA uma desaceleração da atividade que, caso confirmadas, possibilitaram uma continuidade bem salutar de cortes ao longo de 2024”.
Na visão do analista, há espaço para a Selic – hoje em 12,75% – chegar a 9% no final do ano que vem. Hoje, o mercado avalia a taxa terminal em 10,5%.
“Ainda acredito que esse ciclo vai conduzir a Selic para um dígito só, ainda que demore mais tempo e seja gradual. Historicamente o mercado subestima ciclos de flexibilização da política monetária”.
Confira a análise completa de Spiess no Giro do Mercado: