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IPCA-15 pior que o esperado pode afetar o corte na Selic e a trajetória do Ibovespa? Analista responde

IPCA-15 registrou alta de 0,28% em agosto e, segundo analista, reduziu possibilidade de uma queda de 75 bps na Selic ainda em 2023

Por Juan Rey

25 ago 2023, 17:41 - atualizado em 25 ago 2023, 17:41

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Imagem: Freepik

Na manhã desta sexta-feira (25), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o IPCA-15 de agosto. O dado, que é considerado a prévia da inflação, apresentou alta de 0,28%.

O número foi pior que o projetado pelo mercado, que tinha no radar uma aceleração de 0,16%. 

De acordo com o analista Matheus Spiess, da Empiricus Research, além da mediana “bem negativa”, o interior do dado também apresentou surpresas desagradáveis. 

Fonte/Elaboração: IBGE

“Sete dos nove grupos do interior do dado registraram alta. O mais importante de todos, que é o de serviço, desacelerou, o que é positivo, mas não foi suficiente para absorver todos os outros vetores negativos. Destaque para o preço dos combustíveis que já teve impacto nesse IPCA-15”, apontou Spiess.

O “vilão” do dado foi o grupo de habitação, que teve a maior variação na comparação com o IPCA-15 de julho:+1,08%.

IPCA-15 tornou corte de 75 bps na Selic em 2023 mais improvável

Na visão de Spiess, o número apresentado esvazia a chance de um corte de 75 pontos-base na Selic ainda em 2023, embora a possibilidade não esteja totalmente descartada para a última das três reuniões do Copom que restam no ano.

“Trabalhamos com essa expectativa e dependemos de dados para que eventualmente possa ocorrer uma aceleração da queda do juro ainda em 2023. Provavelmente essa aceleração deve acontecer em 2024 de qualquer jeito, mas a grande expectativa é que os dados de inflação possibilitem uma antecipação desse processo”, avalia.

Para a próxima reunião, entre os dias 19 e 20 de setembro, é amplamente esperada uma queda de 0,50% na Selic.

Mercado reagiu mal, mas cenário segue positivo para o Ibovespa no longo prazo

Segundo o analista, é possível observar a recepção negativa do mercado tanto na curva de juro brasileira quanto no desempenho do Ibovespa, que já abriu o dia em queda. “Os investidores corrigiram as expectativas de uma flexibilização mais rápida do que se pressuponha”.

Apesar do mês de agosto “péssimo”, como definiu, Spiess continua a ver uma tendência positiva para o Ibovespa e a bolsa brasileira como um todo.

“Estruturalmente, ao longo dos próximos meses, temos que nos distanciar desses dados de alta frequência e curto prazistas. Em outras palavras, o próprio banco central toma cuidado ao reagir a dados de alta frequência, como é o caso do IPCA-15. Da mesma maneira, o mercado deveria fazer, mas não faz”.

Quem quiser fugir da sensibilidade de curto prazo pode estar abrindo mão das empresas que podem ser as campeãs nos próximos 12 meses. Temos que tomar cuidado para não reagir em demasia a dados de alta frequência. 

Neste contexto, ele ainda vê espaço para que os ativos de risco voltem a performar bem, com o fechamento da curva de juros e o caminhar do ciclo de flexibilização monetária. 

O alerta para as situações nos EUA, com a alta dos yield dos treasuries, e na China, com a possibilidade de recessão, não podem ser descartados, mas segundo o analista, há espaço para que essas questões sejam endereçadas. 

“Tem espaço para que haja um cenário construtivo, em que o estímulo chinês seja suficiente para sustentar a economia sem inflacionar a economia global. Nos EUA, tem o próprio final de ciclo de aperto monetário que deve acontecer mais cedo ou mais tarde, e posteriormente a flexibilização. Não é que a gente possa esquecer de ter proteções nesse ambiente, mas sim tomar cuidado para não reagir em demasia a ruídos de curto prazo. Há um cenário positivo de que a gente pode se beneficiar”, finaliza. 

Confira a entrevista completa de Matheus Spiess no Giro do Mercado: 

Sobre o autor

Juan Rey

Jornalista pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Contato: juan.rey@empiricus.com.br