Investimentos

IPCA-15 sobe 0,11% acima do esperado; analista ressalta: ‘dado sequer conta toda a verdade’

O dado considerado como prévia da inflação é apenas um reflexo de que a economia ainda deverá passar por desafios em 2025, na visão de analista de macroeconomia da Empiricus

Camila Paim Figueiredo Jornalista

Por Camila Paim

24 jan 2025, 14:28 - atualizado em 24 jan 2025, 14:28

renda fixa IPCA

Imagem: iStock/Rmcarvalho

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), termômetro de prévia da inflação oficial, registrou uma alta de 0,11% em janeiro. O valor demonstra uma desaceleração sobre a alta de 0,34% em dezembro, segundo os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (24).

“Já começamos o ano com uma surpresa negativa. O dado [IPCA-15 de janeiro] sequer conta toda a verdade, porque ele é beneficiado pelo bônus de Itaipu, que barateia as cotas de energia”, critica o analista de macroeconomia da Empiricus Research, Matheus Spiess, em participação ao programa Giro do Mercado, do Money Times, portal de notícias parceiro do Grupo Empiricus. 

Segundo o analista, sua estimativa era de que a prévia da inflação viesse “zerada”, ou seja, abaixo do reportado, ainda refletindo a incorporação do bônus de Itaipu — um desconto distribuído aos consumidores por conta do saldo positivo da hidrelétrica em 2023.

IPCA-15 de janeiro indica piora do governo

O IPCA-15 acumulado de 12 meses, na estimativa do analista, deveria desacelerar de 4,71% para 4,36%. 

Contudo, o registrado pelo IBGE acumulou uma alta de 4,50%, acima das expectativas do mercado. Em relação a janeiro de 2024, o IPCA-15 deste mês veio 20 pontos-percentuais acima (0,31% no período anterior). 

As maiores influências de grupos do IPCA-15 foram: 

  • Alimentação e bebidas, com alta de 1,06%;
  • Transportes, 1,01%; 
  • Habitação, com o único dado negativo do grupo, a -3,43%.

Inflação em alta deve sacudir governo Lula

Neste momento, Spiess analisa que a situação do governo Lula ainda pode piorar.

“O governo está com dificuldade de manter uma boa popularidade, mesmo com os índices de miséria baixos. Esses dados levam em conta números de inflação e desemprego, e ainda estão controlados por conta do desemprego [que está batendo números abaixo da série histórica]”, reforça Spiess.  

Entretanto, o analista enxerga que, a partir do momento que o índice de miséria começar a subir, o que será ocasionado pela inflação em aceleração, o governo deverá perder ainda mais popularidade. 

“O governo chega numa situação para 2026 muito difícil. É uma situação inédita para Lula, ele nunca esteve numa situação tão impopular,” afirma Spiess.

Acompanhe o Giro do Mercado desta sexta-feira (24) no quadro abaixo e confira mais informações sobre o cenário econômico brasileiro, o governo Trump e as oportunidades de investimento no Brasil hoje. 

Camila Paim Figueiredo Jornalista

Sobre o autor

Camila Paim

Jornalista formada na Universidade de São Paulo (USP), com mobilidade acadêmica na Université Lumière Lyon 2 (França). Trabalhou com redação de jornalismo econômico e mercado financeiro, webdesign e redes sociais, além de escrever sobre gastronomia e literatura.

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