
Imagem: iStock/ Mikel Soria Arbilla
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado o dado oficial de inflação do Brasil, foi de 0,16% em janeiro, uma desaceleração em relação aos 0,42% em dezembro. O número foi o menor para o mês de janeiro desde a implementação do Plano Real, em 1994.
Apesar de parecer atrativo à primeira vista, o dado passa uma “impressão equivocada”, na avaliação do analista Matheus Spiess, da Empiricus.
Isso porque o IPCA deste mês foi beneficiado pelo chamado bônus de Itaipu. Criado por uma lei de 2002, esse benefício estabelece que uma parcela do resultado proveniente da Usina Hidrelétrica de Itaipu seja transformada em desconto nas contas de energia das classes residencial e rural com consumo menor que 350 kWh.
“Parcelas do governo estão comemorando como se a inflação fosse uma grande vitória, mas é um dado maquiado pelo bônus de Itaipu que tirou cerca de 0,55 ponto percentual da inflação. Se observar qualitativamente o dado, ele é muito pior. Não tem o que comemorar”, afirma o analista.
Questão fiscal segue pesando sobre as expectativas de inflação para 2025
Segundo Spiess, a partir de março o efeito do bônus de Itaipu deixará de “distorcer” o IPCA. Ele lembra que as projeções de inflação para 2025 ainda se mantêm elevadas – na casa dos 5,58% no último Relatório Focus, que compila as expectativas dos analistas do mercado financeiro.
Vale destacar que a meta de inflação do Banco Central para 2025 é de 3% no acumulado do ano, com uma tolerância de 4,5%. Portanto, as projeções ainda colocam o IPCA consideravelmente acima do teto. “Ano passado rompemos a meta e devemos caminhar para outro rompimento [em 2025]”, disse Spiess.
O principal motivo que justifica o pessimismo do mercado em relação à inflação é a falta de medidas do governo para conter os gastos públicos.
“A questão fiscal impacta diretamente a desancoragem das expectativas [de inflação]. Existe uma falta de compromisso do governo em endereçar as questões mais estruturais do orçamento público”, avalia o analista.
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IPCA não deve mudar próxima decisão de juros
Em relação à condução da política monetária, a analista Lais Costa, da Empiricus, vê pouca interferência do dado na próxima reunião, em março.
“O Banco Central deve cumprir o prometido de dar 100 pontos-base de aumento na Selic na próxima reunião”, disse.
Para conferir a entrevista completa com Matheus Spiess no Giro do Mercado, clique no player abaixo: