O IPCA é o principal índice de inflação da economia brasileira e está presente no dia a dia de toda a população – seja de forma direta, seja de forma indireta.
Seu poder de influência reflete não só na economia do país, mas também nos investimentos e no poder de compra dos cidadãos. Dessa forma, é de suma importância para o seu bolso compreender as nuances por trás desse índice.
O que é IPCA?
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é o índice de inflação mais importante do Brasil. Criado em 1979, ele é utilizado pelo Banco Central como forma de medir o fluxo de economia do país e sustentar as decisões econômicas que são tomadas para controlar a inflação.
Como o próprio nome sugere, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo mede a variação de preços de uma cesta de produtos e abrange 90% das famílias que vivem em áreas urbanas no país – e é justamente por isso que é chamado de “amplo”.
O IPCA considera não só a variação de preços dessa cesta, mas também o peso que cada item ou serviço tem no orçamento das pessoas abrangidas pela pesquisa. Dessa forma, é possível traçar o impacto dessas flutuações no poder de compra da população brasileira.
Uma vez que o índice aponta um aumento dos preços dos produtos, o governo e os órgãos monetários tomam medidas para conter a inflação. A taxa Selic – a taxa básica de juros da economia brasileira –, por exemplo, é comumente utilizada como forma de sanar as constantes altas dos preços.
Categorias do IPCA
Além do índice principal, o IPCA tem duas variações que são utilizadas para fins específicos: o IPCA-E e o IPCA-15.
O IPCA-E é medido da mesma forma que o IPCA, mas a cada três meses (e não mensal). Esse índice é muito utilizado para calcular o reajuste do Imposto Predial e Territorial Urbano, mais conhecido como IPTU, e também é material de análise no mercado de investimentos – especialmente para o setor imobiliário.
Já o IPCA-15 serve como uma estimativa mensal da próxima inflação, já que avalia informações entre o dia 16 de um mês e o dia 15 do mês seguinte. Assim, é possível traçar um panorama antecipado dos dados maiores que virão no próximo levantamento.
O que é inflação?
A inflação, por sua vez, é o aumento constante nos preços de bens e produtos de um país, o que faz com que o dinheiro circulante perca valor. A consequência desse movimento é a diminuição do poder de compra da população – ou seja, quando o seu dinheiro “perde” valor por não acompanhar a alta dos preços.
Essa elevação dos preços é medida por índices específicos que variam de acordo com a região do país e a faixa de renda das famílias – e é aí que entra o IPCA. O cálculo se baseia em uma cesta de produtos e serviços essenciais da economia brasileira, como alimentação, saúde, educação etc.
A inflação pode ser dividida em três grupos:
- Inflação de custos: quando o investimento para a produção de bens e serviços torna-se mais alto;
- Inflação de demanda: quando o mercado não consegue atender as intenções de compra de um bem ou serviço, gerando um aumento no preço;
- Inflação inercial: quando há uma realimentação de preços, ou seja a soma da inflação passada com a expectativa do mercado sobre a inflação futura.
Embora a inflação possa causar preocupações generalizadas, ela nem sempre é considerada maléfica – desde que seja controlada pelos órgãos monetários. Em alguns casos, o aumento da inflação pode indicar que a economia de determinada região está aquecida.
Já no caminho inverso, quando há um cenário de hiperinflação (quando a inflação é muito alta e gera um descontrole dos preços), os preços podem aumentar todos os dias, causando uma distorção generalizada nos custos finais que chegam ao consumidor.
Como é medido e calculado o IPCA?
O IPCA é medido mensalmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nas regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Salvador, Recife, Fortaleza, Belém, Vitória, Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís, Aracaju e Brasília.
O cálculo do IPCA leva em conta as famílias com rendimentos de 1 a 40 salários mínimos, independentemente da fonte de renda. Para determinar o índice de inflação, são coletados os preços entre os dias 1º e 30 de cada mês, em estabelecimentos de prestação de serviços e concessionárias de serviços públicos (como água, energia elétrica e internet).
A cesta de produtos avaliada pelo indexador envolve itens básicos de subsistência e também atividades de lazer. O IBGE ainda realiza pesquisas específicas para avaliar quanto as famílias pagam por aluguéis, planos de saúde e outros serviços essenciais.
Ao todo, o IPCA mede as variações de preços de 465 itens, cada um classificado com um peso maior ou menor para o cálculo da inflação. A cesta de produtos é dividida da seguinte forma:
- Alimentação e bebidas (23,12%);
- Artigos de residência (4,69%);
- Transportes (20,54%);
- Comunicação (4,96);
- Despesas pessoais (9,94%);
- Habitação (14,62%);
- Saúde e cuidados pessoais (11,09%);
- Vestuário (6,67%);
- Educação (4,37%).
Após coletados os dados, os institutos comparam os números com o mês anterior e fazem uma média para avaliar a alta ou baixa do índice. Vale lembrar, porém, que a queda de um item não significa que os preços dos produtos estejam mais baratos, mas sim que subiram menos quando comparados ao mês anterior.
Já quando o IPCA apresenta dados negativos de forma constante, é sinal de que de fato houve uma redução no custo da cesta de produtos – efeito comumente conhecido como deflação.
Como o IPCA é utilizado na economia?
O IPCA é utilizado pelo Banco Central como medidor da inflação no país, e serve como base para as políticas de correção monetária que são tomadas pelo órgão. Essa medida passou a ser imposta no início dos anos 1990, quando o país enfrentou um descontrole nas taxas de inflação e viu o poder de compra da população derreter.
Como o governo federal trabalha com uma meta de inflação para o ano, cabe ao BC intervir quando há um fluxo constante de alta. Uma das medidas mais comumente adotadas pelos órgãos monetários é aumentar a taxa básica de juros (Selic) a fim de conter o padrão de crescimento e estabilizar a economia nacional.
Uma inflação desenfreada pode afetar não só o poder de compra dos brasileiros, mas toda uma cadeia de medidas econômicas e também os investimentos. Por isso, o IPCA é um importante indexador de equilíbrio para o mercado financeiro.
Como o IPCA é utilizado nos investimentos?
Os investimentos atrelados ao IPCA funcionam como uma espécie de compensação em tempos de alta da inflação, já que “corrigem” o valor de acordo com a flutuação dos juros.
Assim, todo título atrelado ao índice surge como uma alternativa mais rentável que a poupança, uma vez que esse produto não acompanha a inflação – fazendo com que o dinheiro guardado perca valor a cada novo fluxo de alta.
Os títulos públicos do Tesouro são os principais destaques desse mercado, uma vez que o rendimento final sofre impacto direto da alta ou baixa da inflação. Esses investimentos são as melhores opções para quem preza por segurança e previsibilidade, afinal sempre rendem acima da inflação.
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Tesouro IPCA
Os títulos do Tesouro Nacional são as opções mais seguras de investimento em renda fixa do mercado. Eles são emitidos pelo governo federal e atrelados a um indexador de correção monetária. Por meio desses títulos, é possível garantir o poder de compra e fazer o dinheiro rentabilizar mesmo em tempos de alta da inflação na economia.
Dentre as opções disponíveis, o Tesouro IPCA+ paga o IPCA no período da aplicação acrescido de uma taxa prefixada. Assim, a rentabilidade sempre fica acima da inflação (ou ao menos consegue acompanhá-la).
LCI/LCA
Diferentemente dos títulos públicos do Tesouro, as LCIs e LCAs são emitidas por bancos e instituições de crédito a fim de captar recursos para investir em dois dos principais setores da economia brasileira: o imobiliário e o agronegócio.
As letras de crédito podem ser atrelados a diferentes indexadores, sendo o IPCA o mais seguro para quem quer se proteger em tempos de alta da inflação. Entre as vantagens, destacam-se a isenção de Imposto de Renda e a proteção do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) para saldos de até R$ 250 mil.
Debêntures
Outra alternativa de investimento que protege o investidor da inflação são as debêntures, títulos de dívidas que funcionam como uma espécie de empréstimo para empresas que buscam financiar projetos e/ou desenvolver o seu negócio.
Para atrelar uma debênture ao IPCA, o investidor deve optar por um título híbrido que corrija o valor do rendimento a cada novo desempenho da inflação.
CRI/CRA
Assim como as letras de crédito, os CRIs e CRAs também são títulos atrelados ao desenvolvimento do setor imobiliário e agrícola. A diferença, porém, é que esse tipo de investimento é emitido por securitizadoras e não têm proteção do Fundo Garantidor de Crédito.
Da mesma forma que os demais títulos apresentados anteriormente, também podem ser atrelados ao IPCA como estratégia de contenção da perda de valor dos ativos ao longo do vencimento.
Fundos de inflação
Por fim, os fundos de inflação também podem ajudar o investidor a proteger sua carteira do aumento geral dos preços de bens e serviços. Esses ativos de renda fixa são formados por diversos títulos públicos e indexados pelo IPCA.
A modalidade se divide em dois grupos: IMA-B 5 e IMA-B 5+. No primeiro caso, o índice é composto por produtos com vencimento em até cinco anos. Já a segunda opção abrange prazos mais longos.
Outros índices de inflação
Embora seja o principal índice de medição da inflação no país, o IPCA não é o único a ser levado em conta para a tomada de decisão de órgãos monetários e instituições financeiras. Há outros índices de inflação igualmente importantes, que servem como parâmetro para outras regiões e faixas de público. São eles:
IGP-M
O IGP-M é calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e está ligado ao setor imobiliário, mais precisamente ao mercado e seus reajustes. É conhecido como a “inflação do aluguel”, uma vez que é atualizado com base nos dados de contratos entre a população.
O índice é formado por três indicadores distintos: o IPA-M mede os preços no atacado, o IPC mede os preços ao consumidor e o INCC calcula a variação dos preços no setor da construção civil.
IGP-DI
Outro Índice Geral de Preços frequentemente utilizado como parâmetro na economia brasileira é o IGP-DI, também da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Diferentemente do IGP-M, o DI registra a inflação de preços de matérias-primas agrícolas e bens de produção (como materiais de construção). Além disso, é um índice mais amplo, já que abrange toda a população e sem um limite de renda preestabelecido.
INPC
Coletado pelo IBGE pelo mesmo sistema que calcula o IPCA, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) é mais específico: ele abrange as famílias com renda mensal de 1 a 5 salários mínimos – enquanto o IPCA abrange até 40 salários mínimos.
O objetivo dessa apuração mais afunilada é mensurar o impacto das famílias de renda mais baixa durante os movimentos dos preços de itens básicos, como alimentação e transporte.
INCC
O Índice Nacional de Custos da Construção (INCC) é um subcomponente do IGP-M e trata do setor de construção civil. Esse indicador engloba itens como materiais, equipamentos e serviços de mão de obra, além de ser frequentemente utilizado para determinar preços em contratos de imóveis na planta.
O INCC é restrito a 7 capitais brasileiras, sendo elas: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Porto Alegre e Brasília.
CUB
O Custo Unitário Básico da Construção (CUB) também está atrelado ao mercado de construção civil, mas de forma mais ampla e nacional, já que abrange todos os estados da federação.
Ele é emitido e calculado pelos Sindicatos da Indústria da Construção (Sinduscon) de cada estado, com a finalidade de prestar contas sobre o custo global de grandes obras do setor.
IPC-Fipe
O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) é calculado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE) e considerado um dos indexadores de inflação mais antigos do Brasil. Sua medição começou em meados de 1939, pela Divisão de Estatística e Documentação da Prefeitura do Município de São Paulo.
O IPC-Fipe é utilizado apenas na cidade de São Paulo, a fim de medir as mudanças do custo de vida das famílias com renda entre 1 e 20 salários mínimos.
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Por que monitorar o IPCA?
Como é possível observar, a medição do IPCA é capaz de definir os rumos da economia do país e também as decisões tomadas por investidores internos e externos. No caso dos investidores, analisar as variações atreladas a esse índice oferece um panorama mais claro sobre opções seguras de aplicação e formas de rentabilizar para além da poupança.
O IPCA também é apontado como um importante “termômetro” para o mercado de trabalho, já que estabelece a correção de salários e benefícios diante de situações envolvendo a alta ou baixa da inflação.
Isso acontece porque, quando o IPCA sobe, os brasileiros precisam de mais dinheiro para fazer compras no mercado, abastecer o carro e pagar o aluguel. No longo prazo, essa escalada e eventual necessidade de maior aporte financeiro faz com que o salário base deixe de ser competitivo, obrigando um reajuste anual dos valores por parte das empresas.
Os bancos, por sua vez, tendem a agir com maior cautela quando o IPCA apresenta resultados muito acima do esperado: quanto maior a inflação, mais risco de inadimplência no país – logo, mais dificuldade para o cidadão sanar empréstimos e financiamentos.
Se você deseja financiar um carro ou uma casa, por exemplo, é importante avaliar o IPCA para compreender se os preços fazem sentido para as suas finanças ou se é melhor esperar um momento mais adequado para investir.
Compreender os ritos utilizados para medir a inflação e entender como o cálculo do IPCA é utilizado no dia a dia do país contribui para uma tomada de decisão mais acertada em diferentes esferas, seja por parte dos investidores, seja por parte do mercado. Por isso, o índice é considerado o mais importante para a economia brasileira.