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‘IPO da Robinhood é perigoso’: gestor vê polêmica corretora americana ‘muito cara’ e arriscada e indica melhores opções para investir no exterior

Lucros de dois dígitos em um dia não devem iludir o investidor: nem todo IPO será uma SmartFit

Por João Escovar

27 jul 2021, 11:10

As ofertas públicas iniciais de ações sempre mexem com as expectativas e os ânimos dos investidores. Afinal, as novidades ainda pouco incorporadas ao mercado são capazes de trazer lucros muito altos em pouco tempo. O que dizer, então, do IPO da Robinhood, uma empresa que estreia na bolsa americana com faturamento recorde, misturando tecnologia e investimentos? Algo para entrar de olhos fechados, certo?

Calma lá, não é bem por aí. Você deve ter acompanhado, por exemplo, as altas de SmartFit (SMFT3) e Multilaser (MLAS3) em seus pregões de estreia. Foram valorizações de 35% e 17% em apenas um único dia. Se isso acontece no Brasil, por que ter medo de uma companhia dos EUA com faturamento muito maior?

Antes de decidir qualquer coisa, deixe-me lhe apresentar a Robinhood. Já lhe adianto que a empresa é, ao mesmo tempo, inovadora e polêmica. Ao mesmo tempo em que oferece um serviço que busca democratizar os investimentos com tecnologia, ela também já foi multada por más práticas de mercado que prejudicam os seus clientes.

Mas afinal, quem é Robinhood?

Se você não ouviu falar na corretora americana, aposto que deve saber quem é a personagem que inspira seu nome: um suposto ladrão inglês da Idade Média, famoso por roubar os ricos e distribuir seus pertencer aos pobres. Inspirando-se na figura do justiceiro social, a Robinhood tem como ideal desburocratizar os investimentos em produtos financeiros, dando a qualquer pessoa a oportunidade de negociar ativos complexos, sem cobrar taxas por isso.

De maneira resumida, seu modelo de negócio é baseado nos seguintes pontos:

  • Permite que qualquer usuário opere com ativos de risco, como ações, opções, ETFs (fundos de índice) e criptomoedas;

  • Disponibiliza investimentos a valores irrisórios, como frações de ações de US$ 1, por exemplo;

  • Aposta na “gamificação” e da aproximação de sua plataforma com o público jovem, assemelhando o ato de investir ao de apostar ou jogar;

  • Não cobra nenhum tipo de taxa de corretagem;

A corretora ganha dinheiro com:

  • Aplicação de saldo parado dos clientes;

  • Serviços premium;

  • Venda do “fluxo de ordens”, ou seja, informa às empresas que executam as ordens de investimento a demanda do mercado – e essas empresas podem executar a ordem ou apostar contra os clientes da Robinhood.

Plataforma explodiu na pandemia

Por conta de seu modelo de negócios com poucas barreiras de entrada, a Robinhood faz sucesso principalmente entre principiantes no mercado financeiro, além daqueles que se assustam com a cobrança de taxas de corretagem nas operações ou não têm dinheiro para construir seu portfólio com lotes inteiros de ações.

O movimento de entrada dessas pessoas em Wall Street por meio da Robinhood, que já era grande, explodiu na pandemia. Com as pessoas presas em casa e muitas vezes com dificuldades financeiras, a fácil e sedutora plataforma que conecta pessoas comuns às bolsas de valores viu sua receita subir em 245% no primeiro ano da pandemia e foi de 8,6 milhões para 17,7 milhões de usuários.

Outro fator que, segundo analistas, colaborou com o boom da Robinhood foi a paralisação dos eventos esportivos e, consequentemente, das apostas. A volatilidade do mercado financeiro, especialmente dos ativos de risco, somada à “gamificação” promovida pela corretora, atraíram apostadores para especularem com ativos do mundo real.

Mesmo com o arrefecimento da pandemia nos Estados Unidos, fruto do sucesso da vacinação em massa, a empresa se manteve em alta. No primeiro trimestre de 2021, por exemplo, a receita da Robinhood foi de US$ 525 milhões, 309% a mais do que no mesmo período do ano anterior.

A plataforma também já movimenta dezenas de vezes mais operações que sua concorrente Charles Schwab, tradicional corretora e uma das maiores gestoras de ativos do planeta.

Polêmicas: suicídio, ações-meme e indução ao erro

O modelo de atuação da corretora é, por si só, um ninho de polêmicas – e daquelas que exaltam os ânimos de qualquer debatedor. Por um lado, os defensores argumentam que, ao disponibilizar ativos arriscados e complexos a qualquer um, a Robinhood faz jus a seu nome e democratiza o acesso ao mercado financeiro, especialmente a produtos antes restritos a investidores qualificados.

Por outro, a corretora é frequentemente pivô de escândalos e é acusada de não ser totalmente transparente com seus clientes. A maneira como ela ganha dinheiro, por exemplo, com as vendas de fluxos de ordem, é pouco compreensível para boa parte de seus correntistas e pode configurar conflito de interesses. Muitos críticos também rejeitam o modo como a Robinhood estimula investidores inexperientes a arriscarem seu dinheiro em ativos de alta volatilidade, induzindo-os ao erro.

Mas dois episódios em especial colocaram a corretora no meio de um turbilhão. Em junho de 2020, um dos clientes da plataforma se suicidou após constatar que seu saldo na corretora apontava para US$ 730 mil negativos. O erro foi seguido por uma cobrança indevida da Robinhood de mais de US$ 100 mil. À época, a corretora foi cobrada por seus problemas de comunicação e pela facilitação de investimentos complexos.

Já em janeiro deste ano, a Robinhood esteve no olho do furacão durante o caso Gamestop. O episódio consistiu em compras generalizadas da ação da cadeia americana de lojas de videogames, promovida por usuários da rede Reddit, que se utilizaram principalmente de plataformas sem custos de corretagem, como a Robinhood.

A alta das ações forçou a liquidação de posições vendidas (apostas na queda da ação) – e a corrida para liquidá-las valorizou ainda mais o papel, que chegou a subir quase 190 vezes. A Robinhood chegou a suspender a negociação das ações, o que foi visto por diferentes espectros políticos como uma prática de manipulação do mercado. Esse tipo de movimentação de ativos estimulada em fóruns e redes sociais ficou conhecido como “memestocks”, ou ações-meme.

“É uma empresa que está fazendo os investimentos virarem videogame. Pode trazer dinheiro, já trouxe um monte, mas acaba sendo perigoso. Eles deixam um monte de gente operar sem ter dinheiro e depois tem que cancelar, proibir. É um modelo que parece uma brincadeira”, critica Rodrigo Knudsen, gestor de fundos da Vitreo, que tem R$ 12 bilhões sob gestão e administra fundos como o Tech Select, focado em selecionar as melhores empresas de tecnologia no mercado global. O fundo investe em empresas como Amazon, Google e Apple e não vai entrar no IPO do Robinhood.

Recentemente, a Robinhood foi alvo de uma multa de US$ 70 milhões de dólares, a maior já aplicada pelo regulador do mercado financeiro dos EUA, por falhas sistêmicas e informação enganosa.

O IPO da Robinhood

Marcada para a próxima quinta-feira (29), segundo a Bloomberg e a CNN, mas não confirmada pela empresa, a oferta de ações da Robinhood pretende levantar US$ 2,3 bilhões, levando seu valor de mercado para US$ 35 bilhões, o que a colocaria no terço mais valioso do S&P500, o principal índice do mercado americano.

O preço-alvo da ação, que deve receber o ticker HOOD, fica entre US$ 38 e US$ 42. Segundo analistas, o mercado aquecido e o crescimento rápido da corretora podem ser os trunfos de sua estreia, mesmo diante de todos os poréns.

Nem toda abertura de capital traz lucros

No início desta matéria, citei dois IPOs recentes da bolsa brasileira que trouxeram ótimos retornos para seus compradores logo no primeiro dia de negociação: Smartfit e Multilaser. Além disso, nosso mercado vive uma febre de novas ofertas tanto no Brasil quanto no exterior, o que acaba estimulando novos entrantes e compradores. Mas nem tudo é um mar de rosas…

A Moura Dubeux, por exemplo, perdeu mais de 50% de seu valor desde a estreia, em 2020. Há diversos estudos que mostram que a tendência geral dos IPOs, falando de dados históricos, é uma perda de dinheiro na média. Ou seja, não basta achar que qualquer novidade vai subir, mas sim analisar seus fundamentos e riscos – e principalmente o valor pelo qual está saindo.

“Não vejo sentido em entrar no IPO para ‘flipar’ [vender no primeiro dia], mas sim em adquirir uma ação pensando no longo prazo. Não vou dizer que nunca compraria Robinhood, pois depende de um ajuste do modelo da empresa e também do preço. O valor que estão pedindo é muito alto para o risco a que o investidor se expõe”, sintetiza Knudsen.

Entre os principais riscos apontados pela conceituada revista Forbes para o IPO da Robinhood estão:

  • Problemas regulatórios associados ao modelo de negócio;

  • Eventuais multas aplicadas por processos que estão correndo;

  • Falta de garantias para receitas futuras.

Há uma maneira mais inteligente de investir em tecnologia no exterior

O setor de tecnologia, com seus ganhos exponenciais, dada sua alta capacidade de inovação, solução de problemas e criação de valor, é essencial para qualquer investidor que deseja trazer lucros para sua carteira. Quando isso é combinado com o mercado mais sólido e desenvolvido do mundo, os Estados Unidos, as circunstâncias parecem perfeitas. Mas não é preciso sair arriscando seu dinheirinho em uma Robinhood da vida para isso.

Entre as maneiras de acessar o mercado americano, como os BDRs e o investimento direto, estão os fundos de investimento que alocam os recursos de seus cotistas em ativos estrangeiros. Um desses produtos, que tem enfoque especial em tecnologia, principalmente nas empresas de maior sucesso dos EUA, como Facebook, Amazon, Apple, Google, Netflix e Microsoft, é o fundo Tech Select, da Vitreo, que já rendeu quase 60% desde sua criação, em junho do ano passado.

O grande pulo do gato deste produto é a possibilidade de acessar as ações com maior qualidade do planeta sem precisar ser um investidor qualificado, falar inglês, ter conta no exterior ou dólar. Veja só algumas características:

  • Investimento a partir de R$ 1.000 (ou aportes de R$ 100);

  • Não precisa ter conta no exterior ou dólar;

  • Disponível para o público em geral;

  • Rendeu 58% desde junho de 2020, contra 36% do S&P500

  • Não cobra taxa de performance;

  • Taxa de administração de apenas 0,9% (R$ 0,90 a cada R$ 100 investidos)

Segundo o gestor do Vitreo Tech Select, Rodrigo Knudsen, o fundo aloca 75% de seus recursos nas big techs, ou empresas americanas já consolidadas de tecnologia, e 25% em cases com grande potencial. Entre as ações mais promissoras da área de tecnologia e finanças, o mesmo segmento da Robinhood, o fundo prefere investir na corretora de criptomoedas Coinbase, que, apesar dos riscos dos ativos digitais, “domina seu ramo de atuação”.

Uma das vantagens em investir por meio de fundos é contar com a ajuda de um gestor especializado para separar o joio do trigo. Ou seja: avaliar as empresas e ver em qual delas vale a pena investir e quais são furadas para passar longe. 

Com essa proposta, o fundo acumula um retorno de 60% desde a sua criação, em junho do ano passado, até o último dia 23. É mais do que rendeu o S&P 500 no mesmo período ou mesmo o Ibovespa.

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Quem é Vitreo?

A Vitreo, para quem não conhece, é uma plataforma de investimentos que surgiu com o objetivo de democratizar produtos mais sofisticados, tornando-os acessíveis para o investidor comum. É justamente o caso do fundo Tech Select (saiba mais aqui), que permite a aplicação em ações de gigantes como Apple, Microsoft e Amazon em poucos cliques.

A proposta, contudo, é bem diferente da que oferece a Robinhood: a Vitreo preza pela transparência e conscientização dos investidores.

O sucesso vem sendo tão grande que a Vitreo já tem mais de R$ 12 bilhões sob custódia – e a entrada de novos investidores e aportes não para.

Clicando neste link de acesso ao Tech Select, você poderá ver todas as informações relativas ao fundo, incluindo taxas e rentabilidade passada, antes de tomar qualquer decisão.

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Sobre o autor

João Escovar

Jornalista formado pela Universidade de São Paulo (USP) e pós-graduado em Finanças.