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Itaú (ITUB4) consolida sua posição de banco mais rentável e eficiente do país no 4T24; veja análise completa

O balanço trimestral do Itaú (ITUB4) apontou um crescimento em linha com o esperado nas principais linhas do banco.

Por Larissa Quaresma, CFA

06 fev 2025, 13:55 - atualizado em 06 fev 2025, 13:55

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Imagem: Wikimedia Commons

O Itaú (ITUB4) divulgou seus números do 4T24 nesta quarta-feira (5), após o fechamento do mercado, encerrando o ano com mais um resultado forte e atingindo seu guidance em todas as linhas.

O lucro líquido ajustado do Itaú foi de R$ 10,9 bilhões, crescimento de 2% no trimestre e 16% no ano. O retorno sobre patrimônio líquido (ROE) foi de 22,1%, uma leve queda de -0,6 p.p. na comparação trimestral, mas ainda em expansão anual. Após um ciclo prolongado de execução superior, o Itaú segue entregando rentabilidade elevada e mantendo seu lugar como o mais eficiente entre os bancos tradicionais.

PMEs e alta renda impulsionam carteiras de crédito do Itaú

O crescimento da carteira de crédito foi um dos principais vetores do resultado, avançando 6,3% no trimestre e 15,5% no ano, para R$ 1,36 trilhão. O maior destaque ficou com as pequenas e médias empresas, PMEs, (+8,1% no trimestre) e os segmentos de alta renda (Personnalité e Uniclass), que tiveram alta de 10,9% na carteira de cartões de crédito. A carteira de grandes empresas também cresceu, mas a um ritmo mais moderado, +6,8% no período.

A margem com clientes subiu 3,7% sequencialmente, para R$ 28,5 bilhões, impulsionada pelo crescimento da carteira de crédito e pela maior margem com passivos. Ainda assim, o spread global foi de 8,6%, leve redução de -0,1 p.p. devido ao mix de crédito (mais pessoa jurídica, imobiliário). A margem com mercado teve uma retração de -14,5% no trimestre, reflexo de menores ganhos com tesouraria. Com isso, a margem financeira total foi de R$ 29,4 bilhões, alta sequencial de 3,1%.

Ponto positivo, a qualidade do crédito continuou melhorando: a inadimplência acima de 90 dias caiu -0,2 p.p., para 2,4%, com quedas em todas as categorias. O segmento de micro, pequenas e médias empresas foi o principal destaque, com redução de -0,5 p.p.. O custo do crédito subiu 4,8% no trimestre, para R$ 8,6 bilhões, mas essa alta é explicada pelo impacto positivo de R$ 500 milhões na recuperação de um crédito específico no 3T24, que não se repetiu. Sem esse efeito, a linha teria mostrado leve recuo.

A receita de serviços e seguros cresceu 3,9% no trimestre e 7,7% no ano, totalizando R$ 14,3 bilhões. O crescimento veio principalmente de cartões, administração de fundos e seguros. Por outro lado, a pressão de custos foi um fator a se monitorar: as despesas não decorrentes de juros subiram 4,8% sequencialmente, puxadas por maiores investimentos operacionais e pela sazonalidade do 4T. Ainda assim, o Itaú teve índice de eficiência em 40,7%, próximo à mínima histórica (38,3%), e fechou o ano com 39,5%, o menor nível para um ano fechado.

O que esperar de dividendos de ITUB4?

O banco anunciou um pagamento adicional de R$ 18,0 bilhões em proventos, sendo R$ 15,0 bilhões em juros sobre capital próprio (JCP) e dividendos do Itaú, perfazendo o valor líquido de R$1,53/ação, e R$ 3,0 bilhões em recompra de ações (2% das ações em circulação, a ser realizada até fevereiro de 2026). Com isso, a distribuição líquida de resultado em 2024 alcançou 69,4%, um patamar elevado.

Além dos proventos, o banco também aprovou uma bonificação em ações na proporção de 1 nova ação para cada 10 ações detidas. Essa bonificação tem o efeito de aumentar a liquidez dos papéis, e é uma forma de distribuir proventos sem reduzir a base de capital do banco.

Guidance do Itaú para 2025

As projeções do Itaú para 2025 se mostraram mais conservadoras, refletindo um ritmo de crescimento mais moderado diante do cenário macroeconômico:

  • Carteira de crédito: crescimento entre 4,5% e 8,5% (vs. 15,5% em 2024)
  • Margem financeira com clientes: crescimento entre 7,5% e 11,5% (vs. 7,1% em 2024)
  • Margem financeira com mercado: entre R$ 1,0 bilhões e R$ 3,0 bilhões (vs. R$ 4,4 bilhões em 2024)
  • Custo do crédito: entre R$ 34,5 bilhões e R$ 38,5 bilhões (vs. R$ 34,5 bilhões em 2024)
  • Receitas de serviços e seguros: crescimento entre 4,0% e 7,0% (vs. 7,2% em 2024)
  • Despesas não decorrentes de juros: crescimento entre 5,5% e 8,5% (vs. 6,8% em 2024)

O guidance implica um lucro de R$ 45 bilhões em 2025, nas nossas estimativas, reflete a expectativa de que 2025 será um ano de transição, com crescimento ainda positivo (+9%), mas em ritmo mais moderado vs. 2024 (+16%). Isso se deve à manutenção da Selic em patamares elevados e a uma postura mais seletiva na concessão de crédito. O banco reforçou que não buscará crescimento a qualquer custo, mantendo o foco em rentabilidade e qualidade do portfólio. 

No geral, o Itaú encerra 2024 consolidando sua posição de banco mais rentável e eficiente do país. O crescimento segue forte, a inadimplência continua caindo, e os números do 4T24 reforçam a tese de que a execução do banco segue confiável. O mercado espera bastante do Itaú, e até agora, ele não decepcionou. Mantemos nossa recomendação de compra, mesmo com o valuation exigindo um prêmio justo sobre os concorrentes: ação ITUB4 negocia a 1,6x seu valor patrimonial.

Assim como as ações do Itaú, mais quatro empresas figuram na lista de recomendações da Empiricus Research para investir em fevereiro de olho em dividendos. Para conferir a lista completa e as teses de investimentos nas companhias pagadoras de proventos, confira o relatório gratuito disponível aqui.

Sobre o autor

Larissa Quaresma, CFA

Analista de ações há 10 anos, é responsável pela série As Melhores Ações da Bolsa e pela carteira mensal Empiricus 10 Ideias, além de integrar a equipe da Carteira Empiricus, o portfólio multimercado da casa. Ao longo da carreira, teve passagens pela Núcleo Capital, tradicional fundo de ações brasileiro, e pelo Credit Suisse. Administradora formada pelo Ibmec-MG, aluna visitante da Stanford University e com certificações CFA, CNPI e CGA.