Hoje (8), antes da abertura do mercado, o Itaú (ITUB4) divulgou seus números do 1T23, que vieram em linha com a expectativa.
O controle da inadimplência, que ficou praticamente estável no trimestre, foi responsável por manter o alto patamar de rentabilidade: lucro líquido de R$ 8,4 bilhões, com ROE de 20,7%.
A carteira de crédito teve um crescimento moderado, de 1% na comparação trimestral, para R$ 1,2 trilhão. A companhia afirmou que a desaceleração é intencional, diante do momento macroeconômico desafiador, mas, ainda assim, reafirmou o guidance de expandir o portfólio total entre 6% e 9% no ano.
Dentro da carteira, as altas em crédito pessoal (+5%) e imobiliário (+3%) foram parcialmente compensadas pelas quedas em cartão de crédito (-4%), pela sazonalidade, e capital de giro (-3%). Na comparação anual, fica claro o perfil cada vez mais conservador da carteira, com destaque para o crédito imobiliário (+21%) e consignado (+17%).
A margem financeira com clientes, por sua vez, teve uma queda trimestral de 0,7%, para R$ 24,0 bilhões, com spread médio de 8,7%, estável contra o 4T22.
O recuo da margem financeira se deve à menor quantidade de dias úteis no 1T, além do menor resultado de operações estruturadas no atacado, o que mais que compensou o crescimento do volume da carteira de crédito. Na comparação anual, a margem com clientes cresceu 20%, impulsionada pela expansão da carteira de crédito, melhor margem com passivos e reprecificação do capital de giro próprio, compensando os spreads de crédito mais baixos advindos da carteira mais conservadora.
Problema para os pares, inadimplência é destaque positivo para o Itaú
Grande destaque positivo, o índice de inadimplência de +90 dias ficou estável em 2,9% da carteira de crédito, o que chama atenção diante dos calotes ainda crescentes nos pares (veja nossos comentários sobre os resultados de Santander e Bradesco).
Ainda, a normalização dos negócios de atacado, já que o caso Americanas foi totalmente provisionado no 4T22, fez com que o custo de crédito caísse 7% trimestralmente, para R$ 9,0 bilhões. Com isso, a margem com clientes após a inadimplência ficou em R$ 15,0 bilhões, alta trimestral de 4% e com melhora de 0,2 p.p. no spread médio após risco.
A margem com o mercado, que reflete o resultado da tesouraria, teve uma queda de 14% no trimestre, para R$ 645 milhões. A baixa se deve aos menores ganhos na tesouraria da América Latina, além de redução no resultado do livro de trading no Brasil.
A receita de serviços, por sua vez, teve um crescimento anual de 7%, puxada pelo maior volume processado em cartões, cuja receita cresceu 17%, pela administração de recursos (+12%) e pelo resultado de seguros (+11%). Importante notar o crescimento decente nos serviços como um todo mesmo diante das quedas em assessoria e corretagem (-14%) e serviços de conta corrente (-9%).
Após mais um trimestre consistente, ITUB4 é recomendação de compra
As despesas administrativas cresceram 8% anualmente, bem abaixo da expansão de receita. Isso fez com que o índice de eficiência, que relaciona as despesas com a receita total, atingisse o melhor resultado da série histórica: 39,8%.
Com isso, o lucro líquido foi de R$ 8,4 bilhões, com ROE de 20,7%, alta de 1,4 p.p. contra o 4T22, e de 0,3 p.p. contra o 1T22.
Do nosso lado, enxergamos mais um trimestre em que o Itaú performa melhor que os demais “bancões” privados, com uma estratégia de crescimento mais conservadora rendendo seus frutos.
Negociando a 1,5x seu valor patrimonial, mantemos nossa recomendação de compra para Itaú (ITUB4).