Na segunda-feira (6), após o fechamento do mercado, o Itaú (ITUB4) divulgou seu resultado do 4T23, que veio em linha com a nossa expectativa.
O lucro líquido de R$ 9,4 bilhões (+4% t/t), com ROE de 21,2% (+0,1 p.p.), foi sustentado pela redução da inadimplência do varejo e pelo crescimento das receitas de serviços e seguros.
Anúncio de dividendos extraordinários de Itaú surpreendeu
A companhia também declarou dividendos extraordinários de R$ 11 bilhões, perfazendo uma distribuição de 60% do lucro do ano, confirmando a nossa expectativa de maior payout. Por fim, o banco divulgou seu guidance para 2024, o qual implica um lucro líquido de R$ 40,0 bilhões no ano presente, +12% versus 2023, o que vemos como positivo.
Carteira de crédito ampliou
A carteira de crédito cresceu 1,8% tri a tri e 5,3% na visão anual, um pouco abaixo do piso do guidance, o que pode ser um reflexo do teto na taxa do consignado INSS, que fez o banco reduzir o apetite nesta linha. No ano, o crédito pessoal (+14%), imobiliário (+7%) e o portfólio de grandes empresas (+9%) puxaram o resultado. Olhando para 2024, a companhia projetou uma expansão de 8% na carteira, uma aceleração de ritmo compatível com a queda esperada da Selic e aumento gradual do apetite a risco.
A margem financeira com clientes cresceu 3% trimestralmente e 9% anualmente, com ganho de spread médio em função da aceleração do crédito a pessoa física, maior margem de passivos e operações estruturadas no atacado. A margem com o mercado, por sua vez, teve um forte resultado, com crescimento trimestral de 18%, para R$ 840 milhões. Para o ano presente, a companhia espera um crescimento de margem financeira total de 7%, com os maiores volumes de crédito compensando o menor spread médio, também em linha com a fase do ciclo de crédito.
Inadimplência de Itaú melhorou
A inadimplência em queda foi o destaque positivo: o índice de atraso superior a 90 dias caiu 0,2p.p. trimestralmente, em função do melhor comportamento das linhas de pessoa física (-0,5 p.p.). Além disso, a redução dos descontos no varejo ajudou a reduzir em 1% a despesa total para inadimplência no trimestre, atingindo o guidance do ano. Para 2024, a companhia estima uma despesa total de inadimplência 5% menor, o que deve impulsionar a margem financeira ajustada ao risco.
A parte de serviços foi impulsionada pela parte de cartões (+12% anualmente), administração de recursos (+2%), seguros (+11%) e assessoria financeira e corretagem (+7%), esta última beneficiada pela retomada do mercado de capitais. A companhia espera uma desaceleração nessas receitas em 2024, o que, na nossa opinião, pode ser uma projeção conservadora, tendo em vista a queda de juros esperada para o ano.
- VEJA TAMBÉM: Itaú (ITUB4) não é a única recomendação da Empiricus Research no setor financeiro. Esta outra ação ‘premium’ já subiu 35% nos últimos 12 meses e ainda pode disparar até 57%. Veja DE GRAÇA aqui.
Despesas acompanharam o guidance
Por sua vez, as despesas de pessoal e administrativas fecharam o ano com alta de 7%, também dentro do guidance, com melhora no índice de eficiência. No fim, o lucro líquido do ano foi de R$ 35,6 bilhões, expansão anual de 16%, um bom resultado.
Ao longo de 2023, ficou claro que o Itaú foi o bancão que melhor navegou o último ciclo de crédito, conseguindo estabilizar sua inadimplência antes dos pares, em função da abordagem tradicionalmente mais conservadora no crédito. Isso levou a uma expansão de 36% no seu múltiplo preço / valor patrimonial, que agora está em 1,8x, com prêmio considerável sobre os pares (Bradesco e Santander).
Acreditamos que o resultado do 4T23 justifica esse prêmio novamente, e gostamos do guidance para 2024 – que, principalmente na linha de serviços, pode se provar conservador.
Achamos que a companhia deve continuar distribuindo uma proporção maior do seu lucro em 2024 e nos próximos anos, após um longo período de payout mais baixo.
ITUB4 é uma recomendação de compra da Empiricus Research e está presente em diversas carteiras da casa.