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Jackson Hole pode afetar a “calmaria” do mercado esta semana? Veja o que diz analista de ações internacionais

O encontro anual de Jackson Hole pode impactar o mercado internacional nos próximos dias, no aguardo do pronunciamento de Jerome Powell sobre o corte de juros do Fed.

Camila Paim Figueiredo Jornalista

Por Camila Paim

19 ago 2024, 12:53 - atualizado em 19 ago 2024, 12:55

jerome powell

Imagem: Flickr

Os mercados internacionais finalmente entraram no clima de “férias” do hemisfério Norte e parecem deixar os dias mais caóticos para trás. Agora, o principal foco está no simpósio de Jackson Hole, que acontece entre 22 e 24 de agosto. 

As expectativas são de que o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, faça um discurso na sexta-feira (23). Espera-se que Powell tenha um posicionamento mais claro sobre o próximo movimento do Fed em relação à taxa de juros dos EUA

Fala de Powell sobre juros pode tirar mercado da “calmaria”

Desde julho de 2023, a taxa básica norte-americana parou na faixa de 5,25% a 5,5% ao ano, o maior nível em mais de 20 anos.

Agora, o presidente do Fed já afirmou seu compromisso com a luta contra a inflação, e consequentemente, com a atenção à redução da taxa de juros. Desde então, os ativos de risco do mercado se valorizaram com a possibilidade de um mercado mais aquecido diante de um processo de deflação nos EUA

Dessa forma, o principal ponto de possível volatilidade para o mercado nesta semana no momento será o encontro de sexta-feira (23), segundo Enzo Pacheco, analista de ações internacionais da Empiricus Research. 

Dados melhores da economia americana animam bolsas, com otimismo nos cortes de juros 

No dia 5 de agosto, oscilações após as decisões de política monetária nos Estados Unidos e no Japão derrubaram o índice japonês Nikkei em mais de 12% e os principais índices americanos em mais de 2% na mesma data. 

Agora, essas perdas já foram zeradas, com exceção do Dow Jones, como é possível observar nos gráficos a seguir.

Índices S&P 500 (azul), Nasdaq (roxo) e Dow Jones (cinza) em pontos, no ano, da esquerda para direita – Fontes: Bloomberg e Empiricus

“Desde o 5 de agosto, o S&P 500 adicionou mais de US$3 trilhões em valor de mercado, após dados melhores que o esperado da economia e que indicariam que os EUA estão longe de uma recessão”, avalia Pacheco. 

Por isso, o analista acredita que Powell deve deixar muito claro os próximos passos do Fed em relação aos juros, ou investidores que compraram com este otimismo podem ficar “decepcionados”.

“Ainda que Powell já tenha se posicionado [dizendo] que o balanço de riscos está mais pendendo para o lado do mercado de trabalho do que da inflação, a ideia de que a economia americana estaria longe de uma recessão pode fazer com que ele seja ainda mais cuidadoso na sua fala — evitando que os investidores antecipam muitos mais cortes do que a instituição estaria disposta, assim como no começo do ano”, diz o analista, que ainda enxerga um aumento de volatilidade nos próximos dias, apesar da melhora nos últimos pregões.

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Desinflação nos EUA já é identificada em números e recessão é descartada

“Enquanto a inflação veio em linha com as projeções dos economistas, indicando que o processo de desinflação segue na Terra do Tio Sam (em menor velocidade do que o esperado), as vendas no varejo vieram bem acima das expectativas do mercado”, comenta o analista.

Por outro lado, o analista ressalta que alguns indicadores como a produção industrial e novas construções e permissões mostram que algumas partes da economia americana ainda sofrem com os juros nos patamares atuais.

Indicadores econômicos divulgados na semana passada – Fontes: Bloomberg e Empiricus

“Ainda assim, a ideia de que os Estados Unidos estariam à beira de uma recessão, por ora, parece descartada”, comenta Pacheco. A estimativa para o PIB do terceiro trimestre do Federal Reserve de Atlanta aponta um crescimento na casa dos 2%, ademais das projeções iniciais de recuo.

Fed pode cortar 1 ponto percentual até o final do ano

A precificação do mercado para a política monetária americana estima quase 1 ponto percentual (p.p.) de corte até o final do ano. “Ainda tenho minhas dúvidas se o Fed vai cortar tanto assim, eu estaria mais no campo do 0,75 p.p. de corte, somando três cortes de 0,25 p.p. 

Por fim, Pacheco relembra que o catalisador para a forte desvalorização de duas semanas atrás ainda não pode ser esquecido. O PIB do Japão nos três meses encerrados em junho mostrou alta de 0,8%, se recuperando de uma queda de 0,6% entre janeiro e março. O número anualizado do período indicaria um crescimento de 3,1%, informa o Wall Street Journal.

“Ainda que alguns economistas apontem que é muito cedo para afirmar uma recuperação na economia japonesa, fato é que outros dados econômicos nesse sentido dificultariam a justificativa do BC do país não continuar normalizando a sua política monetária”, complementa Pacheco.

Diante de todo esse contexto, os analistas da Empiricus Research identificaram as 10 melhores ações internacionais para investir agora. Confira a seleção completa neste relatório gratuito.

Camila Paim Figueiredo Jornalista

Sobre o autor

Camila Paim

Jornalista formada na Universidade de São Paulo (USP), com mobilidade acadêmica na Université Lumière Lyon 2 (França). Trabalhou com redação de jornalismo econômico e mercado financeiro, webdesign e redes sociais, além de escrever sobre gastronomia e literatura.