O mercado sente um certo alívio, mas ainda com o pé atrás, diante da nova sinalização de Jerome Powell, presidente do Fed (banco central americano), em entrevista no programa de rádio Marketplace, de que o ritmo de alta de juros será mais suave.
Ele voltou a demonstrar preocupação com a inflação elevada e destacou que sua expectativa é de elevação dos juros em 0,50 ponto percentual em cada uma das duas próximas reuniões da autoridade monetária para controlar a escalada de preços na economia.
“Ontem ele não chegou a descartar por completo, mas atribuiu baixa probabilidade de um aumento de 0,75 ponto percentual na próxima reunião do Fed, apontando um ritmo de 0,50. A questão é que ainda vigora incerteza quanto ao futuro da política monetária americana”, disse Felipe Miranda, CEO e estrategista da Empiricus nesta sexta-feira (13/05) em seu grupo Ideias Antifrágeis no Telegram, canal de comunicação com assinantes.
Correlação dos criptoativos com a Nasdaq
O mercado de criptoativos esboça recuperação depois do tombo de ontem. O Bitcoin (BTC), criptomoeda com maior capitalização de mercado, voltou a transitar acima dos US$ 30 mil.
“Aumentou muito correlação do Bitcoin e do segmento cripto com a dinâmica de preços mais ortodoxa e com a Nasdaq. E a gente já vinha alertando sobre os efeitos do aumento das taxas de juros em todo esse ambiente tech”, comenta Felipe.
A partir do momento que o Bitcoin e outros criptoativos se tornam mainstream, o avanço dessa correlação é um caminho natural. “Quando passam a compor carteiras da Fidelity, J.P. Morgan e Morgan Stanley obviamente acabam caindo na mesma dinâmica de aversão ao risco e resgates”, acrescenta.
Mais resultados corporativos por aqui
A safra de divulgação de balanços das companhias referentes ao 1T22 continua. E Felipe Miranda analisou alguns resultados em seu grupo no Telegram.
Segundo Felipe Miranda, os números apresentados pela B3 (B3SA3) foram em linha com as estimativas do mercado, sem surpresas. O lucro líquido nos três primeiros meses do ano foi de R$ 1,1 bilhão, uma queda de 12,3% na comparação com o mesmo período do ano passado. Houve redução de 4,3% na receita, totalizando R$ 2,5 bilhões.
Para o analista, o que chamou atenção foi a piora do guidance, a projeção da própria companhia para 2022. “Há previsão de aumento de depreciação, amortização e de algumas despesas”, afirma Felipe Miranda.
Quanto à MRV (MRVE3), o desempenho no 1T22 é preocupante, na visão do analista. O lucro líquido da incorporadora recuou 47,8% em relação ao mesmo período de 2021 para R$ 71 milhões. A pressão de custos levou à compressão da margem bruta que foi para a marca de 19,8%.
“A companhia teve um bom nível de vendas, mas a margem ruim, o que significa a necessidade de aumentar preços”, avalia.
Nesse segmento de imóveis residenciais para média renda, a Direcional (DIRR3) poderá se destacar positivamente no segundo trimestre do ano. “A MRV está com esse desempenho preocupante e foco nos Estados Unidos, e a Tenda está combalida”, comenta a respeito das empresas competidoras.