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Jornada por maior igualdade e inclusão das mulheres é longa e requer um processo de desconstrução, afirmam especialistas

Embora a jornada pela igualdade de gênero tenha avançado ao longo dos anos, ainda existe uma série de desafios pela frente e conquistas a serem feitas. Trata-se de um longo processo de coscientização, desconstrução e mudança. Pensando nisso, em homenagem ao Dia da Mulher, a Empiricus, em parceria com a Sempre FEA, promoveu uma live […]

Por Melissa Bumaschny Charchat

10 mar 2022, 14:44 - atualizado em 10 mar 2022, 14:54

Embora a jornada pela igualdade de gênero tenha avançado ao longo dos anos, ainda existe uma série de desafios pela frente e conquistas a serem feitas. Trata-se de um longo processo de coscientização, desconstrução e mudança.

Pensando nisso, em homenagem ao Dia da Mulher, a Empiricus, em parceria com a Sempre FEA, promoveu uma live especial, que abordou os desafios enfrentados pelas mulheres no passado e no presente, bem como o que se espera para o futuro. Além disso, a conversa incluiu a história do Dia da Mulher e contemplou a trajetória de brasileiras que são destaque na área de negócios.

Do bate-papo, participaram Ana Carolina Rodrigues, integrante do Generas; Beatriz Nantes, COO da Empiricus e da Vitreo; Antonia Quintão, professora, pesquisadora, historiadora e ativista pelos direitos das mulheres negras; Dani Botaro, membro do Comitê de Diversidade e Inclusão do Sempre FEA, atuad na implementação de programas de diversidade e inclusão na Oracle.

Sobre os desafios do ingresso no mundo corporativo, Dani Botaro afirma que o momento em que se cria o entendimento de que o fator “mulher” faz parte da jornada profissional e que se configura como um obstáculo que deve ser particularmente enfrentado e carregado como um escudo, há um empoderamento e um fortalecimento natural. “Essas barreiras não podem ser ignoradas”, ela fala.

Dani enfatiza também que a jornada por maior igualdade é longa e requer um processo de desconstrução que se manifesta nas pequenas ações, desde a forma de criar os filhos, dando-lhes liberdade para escolher os brinquedos com os quais querem brincar e as atividades que querem praticar sem distinções estereotipadas de gênero, até a proatividade dentro do ambiente de trabalho, procurando sempre indicar e inserir mulheres.

Racismo e desigualdade de gênero: entenda como se conectam

“A sociedade brasileira é uma sociedade fortemente racista”, avalia Antonia Quintão. Ela explica, ainda, que o racismo em questão é estrutural, e que perpassa todos os setores da sociedade que, por sua vez, não reconhece a população negra no campo da igualdade.

Quanto à inserção da mulher negra no mercado de trabalho, Quintão afirma que a discriminação acontece em todos os momentos: “Acontece no momento da admissão ou da não admissão, no cargo que muitas vezes está muito aquém da nossa formação, na promoção que raramente acontece”. 

Outro destaque trazido pela pesquisadora é que 28,6% da população brasileira é constituída de mulheres negras. “Mas, ainda assim, nós estamos concentradas na base da pirâmide social”, salienta. Ela explica que, a essa parcela da população, muitas vezes são reservados trabalhos ligados às tarefas domésticas ou à informalidade. 

São debatidas, então, medidas possíveis para promover diversidade e inclusão nas empresas. “Uma iniciativa muito importante é assumir um compromisso efetivo com a diversidade”, fala Antonia, “Existem muitas empresas e organizações que adotam ações afirmativas, porém os postos de decisões, os cargos mais estratégicos, aqueles que poderiam garantir efetivamente representatividade, inovação e transformação, não são ocupados por mulheres negras”.

Ela finaliza: “É muito importante garantir representatividade para mulheres negras, porque seremos nós, com a nossa voz, com a nossa presença e com a nossa força, que vamos fazer a diferença apresentando nossa afro-maneira de liderar”.

Não poderia faltar: um contexto histórico do dia 8 de março

“Ainda é preciso avançar muito na luta e aprender a ouvir e respeitar as mulheres no plural”, destaca Ana Rodrigues. Sobre a data em si, ela comenta que se origina de uma greve de mulheres trabalhadoras, também considerada como estopim para a Revolução Russa, no dia 8 de março de 1917. “Cerca de 90 mil mulheres foram às ruas de Moscou protestar em uma passeata conhecida como Pão e Paz”, explica, comentando que seus objetivos eram obter melhores condições de trabalho nas fábricas.

“São muitas as mulheres que lutaram para abrir portas e muitas outras que as mantiveram abertas para que a gente pudesse passar e estar aqui nesse espaço hoje”, enfatiza Rodrigues. Carolina Maria de Jesus, Pina Bausch, Elza Soares, Xica Manicongo, Maria Estela Perón, Jessica Watkins, Sandra Maria Silva, Ivani Lara, Eufrásia Teixeira Leite, Alice Canabrava são os nomes citados por ela como referências nesse sentido. 

 

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Jornalista em formação pela Faculdade Cásper Líbero, é integrante da equipe de conteúdo da Empiricus e já atuou em social media e redação.