Investimentos

Jovens nos EUA alocam 28% da carteira em criptoativos: Brasil ainda está preso a uma armadilha de longo prazo?

Gestor da Empiricus aponta como o ‘apego’ a títulos públicos e da renda fixa podem limitar os ganhos de uma carteira com foco na previdência. Leia mais.

Camila Paim Figueiredo Jornalista

Por Camila Paim

22 nov 2024, 13:53 - atualizado em 22 nov 2024, 13:53

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Imagem: iStock/ A Mokhtari

Um estudo recente do Bank of America (BofA) evidenciou o que João Piccioni, CIO da Empiricus Gestão, chamou de “uma revolução silenciosa nos mercados globais” que está sendo desperdiçada no Brasil. 

O comportamento dos investidores americanos, conforme a análise do BofA, revela um contraste entre as gerações:

  • Investidores mais jovens (21 a 43 anos) já posicionam 28% de seus portfólios em ativos digitais;
  • Investidores mais maduros (mais de 44 anos) mantêm cerca de 4% em criptoativos e optam por uma carteira com 41% em ações americanas

Em ambos os casos, entretanto, o nível de alocação em ativos de risco ainda é muito acima da média brasileira. 

Brasil está investindo com uma mente do passado?

Na visão do gestor, há uma resistência considerável quando o assunto é diversificação para além dos títulos públicos e da renda fixa tradicional que ainda permeia a mente dos brasileiros. “Dissuadir o investidor médio dessa armadilha de longo prazo ainda tem sido uma tarefa difícil”, comenta o gestor, em sua coluna Diário de Bordo.

Conforme explica, essa discrepância entre os investidores locais e estrangeiros sobre o binômio de risco e potencial de retorno é muito relevante quando se trata de elaborar as estratégias previdenciárias de longo prazo nos fundos da gestora. “O futuro parece bem mais promissor para os investidores de fora”, avalia Piccioni. 

Criptomoedas podem ser “ativos obrigatórios” nas carteiras de previdência

Para Piccioni , a questão não se trata mais de definir se as criptomoedas são ou não são alternativas de investimento, mas como fazer uma integração responsável dos ativos digitais aos portfólios de longo prazo. 

“Sob a ótica previdenciária, ignorar completamente uma classe de ativos que demonstrou tal capacidade de geração de riqueza pode significar abrir mão de um componente importante de diversificação e potencial retorno”, afirma Piccioni

Nas palavras do gestor, não alocar pelo menos uma parte simbólica do seu patrimônio nestes ativos “pode ser um erro custoso para seu futuro financeiro”, o que não significa zerar as posições em títulos de renda fixa, mas abrir outros horizontes no portfólio. 

Seu argumento toma como base principalmente o crescimento do mercado cripto, que deve ser ainda mais alavancado nos próximos anos, com o início do governo Trump 2.0

Inclusive, o governo dos EUA, por meio do Federal Reserve (o banco central do país), já possui uma posição significativa em Bitcoin (BTC). E mais: um projeto de lei proposto pela Senadora Republicana Cynthia Lummis exibe um plano ambicioso para estabelecer uma Reserva Estratégica de Bitcoin, com objetivo de acumular até 1 milhão de BTCs nos próximos cinco anos. 

“É preciso superar as cicatrizes para construir um portfólio completo”, completa Piccioni, fazendo uma alusão ao “apego brasileiro” à renda fixa.

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Camila Paim Figueiredo Jornalista

Sobre o autor

Camila Paim

Jornalista formada na Universidade de São Paulo (USP), com mobilidade acadêmica na Université Lumière Lyon 2 (França). Trabalhou com redação de jornalismo econômico e mercado financeiro, webdesign e redes sociais, além de escrever sobre gastronomia e literatura.