O índice de inflação da zona do euro (CPI) bateu novo recorde em março, chegando a 7,5% em 12 meses, acima das projeções de agentes de mercado. Houve aceleração em relação à alta registrada em fevereiro, de 5,9%.
O fato é que desde novembro do ano passado, a inflação segue em ritmo forte nos países que usam a moeda europeia.
De acordo com Felipe Miranda, CIO e estrategista-chefe da Empiricus, o cenário tende a impulsionar o fluxo de investimentos estrangeiros para a Bolsa Brasileira.
“Considerando a inflação de 7,5% e o juro zero na Europa, isso significa juro real negativo em 7,5%. Então, é preciso comprar ativos reais ou vir pegar esse carry trade maravilhoso no Brasil”, comentou nesta sexta-feira em seu grupo Ideias Antifrágeis, linha direta com assinantes da Empiricus.
Isso é benéfico para o Brasil, em função da seguinte lógica: com a intensificação dos investimentos gringos no país, o dólar deprecia, o que leva à perspectiva de redução de inflação e à queda nas curvas de juros.
“Isso começa a dar um jogo interessante para as ações cíclicas domésticas brasileiras”, ressalta o analista.
A expectativa de Felipe Miranda é de consistência desse movimento de aportes estrangeiros por aqui.
O Ibovespa, principal termômetro do mercado de ações, teve valorização de quase 15% no acumulado de 2022 até o final de março.
“Estou otimista para esse ano na Bolsa. Claro que as condições são difíceis, mas estamos em uma fase do ciclo, lembra de Howard Marks? Parece que a gente está virando o ciclo e é nessa hora que pegamos altas”, avalia o CIO da Empiricus, referindo-se ao livro “Dominando os Ciclos de Mercado” de Marks.
Felipe diz que compartilha do ponto de vista de João Luiz Braga, sócio e analista da Encore Asset Management, que participou de um painel da Semana de Fundos Vitreo, onde destacou que o mercado pode entrar em um ciclo promissor, a exemplo do registrado entre 2003 e 2008.