As ações da Lojas Americanas (LAME4) são indicadas nas séries As Melhores Ações da Bolsa, Carteira Empiricus e Palavra do Estrategista, lideradas pelos nossos analistas Max Bohm, João Piccioni e Felipe Miranda, respectivamente.
Neste artigo, vamos explicar a empresa de um ponto de vista que seja relevante para você, como investidor. Aqui, você vai entender os motivos pelos quais LAME4 se faz merecedora do seu investimento.
Max, um dos nossos analistas, fala sobre a empresa no vídeo abaixo:
Voltando para cá, dividimos o conteúdo nos seguintes tópicos:
A trajetória da Lojas Americanas
Em 1929, nasce a Lojas Americanas com o objetivo de reunir diversos produtos por preços acessíveis e, veja só você, num único estabelecimento. Naquela época, tratava-se de um diferencial competitivo e, para tanto, o slogan reforçava o fundamento do negócio: “nada além de dois mil réis”.
Em 1940, chega ao mercado financeiro por meio de seu IPO (LAME3, LAME4) e, simultaneamente, se torna uma sociedade anônima.
Em 1982, Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, se tornam sócios indiretos da Lojas Americanas por meio do Banco Garantia, comandado pelo trio. Aqui, há uma virada de chave importante porque a varejista adotou a cultura do Grupo 3G, onde eficiência operacional é a lei.
Na década de 1990, uma breve parceria: a Lojas Americanas criou uma joint venture com o Walmart em 1994, mas decide vender sua participação de 40% depois de três anos. A decisão deixou claro que o foco do management, desde então, foi concentrar todos os recursos no próprio negócio.
Deu certo.
Nesses mais de 90 anos de história, a Lojas Americanas possui mais de 1.700 lojas e 22 centros de distribuição, ambas as operações distribuídas por 754 cidades. Assim, ela atende mais de 46 milhões de clientes e garantiu uma receita de R$ 13,9 bilhões nos 9M20.
Por fim, vale destacar que Carlos Sicupira se tornou o presidente do conselho da Lojas Americanas.
Entendendo Lojas Americanas
A história inteira da varejista tecnológica culminou em três grandes frentes de negócio, sendo elas a i) plataforma física; a ii) plataforma digital; e o iii) motor de inovação.
Na linha de unidades físicas, a Lojas Americanas é bem vascularizada nacionalmente. As operações, aqui, se dividem entre as marcas Lojas Americanas, Americanas Express e Local Americanas.
A distribuição regional da base de lojas físicas da LAME
Ainda que muitas conquistas da companhia sejam devidas à expansão da operação física, estamos falando de um segmento que sofre desaceleração no número de abertura de lojas e até fechamentos de muitas unidades durante a pandemia.
O que nos leva para a segunda linha da Lojas Americanas.
A plataforma digital de LAME é liderada pela B2W Digital (BTOW3), criada em 2006 pela fusão entre as marcas Americanas.com e Submarino. Atualmente, a companhia é líder em e-commerce na América Latina e também possui um marketplace forte, ou seja, com uma base de usuários sólida (mais de 55 mil sellers).
A Lojas Americanas é a acionista controladora, com participação de 61,42% no capital societário. No entanto, há indícios de que essa situação vai mudar e o mercado já valorizou LAME4 por isso.
Falaremos sobre esse assunto mais adiante.
Além do protagonismo da B2W Digital (BTOW3), o portfólio da Lojas Americanas também contempla as marcas Shoptime e Sou Barato.
Antes de partirmos para a terceira frente de negócio, vale enfatizar que a Lojas Americanas dedica muitos esforços para intensificar a relação entre físico e digital, ou seja, proporcionar uma potente operação integrada.
E isso faz muita diferença.
Trata-se do Universo Americanas — semelhante ao Ecossistema Digital do Magazine Luiza (MGLU3) —, iniciativa que busca levar uma experiência completa, ou seja, que integre loja física, plataforma digital, serviços e parcerias.
O nome do jogo é bem claro: omnichannel.
Isso significa que, onde quer que o consumidor vá ou precise, Lojas Americanas poderá estar presente para conquistar a venda. Em termos mais práticos, o projeto já começou através das parcerias com empresas como BR Malls, Linx, BR Distribuidora, McDonald’s e Grupo Big.
Nossos analistas Fernando Ferrer e Caio Araújo destacam que “esse movimento é um dos pontos mais atrativos do case, visto que fortalecerá principalmente a plataforma omni da companhia e seu marketplace”.
Nós chegamos, então, ao motor de inovação da Lojas Americanas.
Estamos falando, aqui, de uma série de iniciativas criadas para acelerar ambas as plataformas de vendas citadas anteriormente. Podemos perceber, portanto, que a estratégia exige, necessariamente, uma interdependência das três linhas de negócio.
O ponto de partida desse segmento surgiu em 2018, quando a Lojas Americanas (LAME4) criou a marca Inovação e Futuro (IF), concebida para deslanchar tudo que fosse disruptivo dentro da Lojas Americanas e da B2W.
O resultado desse projeto já lançou dois nomes de destaque no mercado: a fintech Ame e a plataforma de gestão de logística Let’s.
Eis o infográfico geral do modelo de negócio
A fintech Ame é a plataforma de negócios mobile que, por meio dos seus planos (Ame Pro, Ame Flash, Ame Go), oferece uma variedade de serviços financeiros, como pagamento e crédito; e benefícios, como passagens aéreas.
Para trazermos luz à sua relevância, o aplicativo já conta com mais de 7,5 milhões de downloads e continua crescendo consistentemente, muito em parte pelo cashback, ou seja, o benefício de receber dinheiro de volta quando o usuário compra algo ou indica algum amigo.
A plataforma Let’s, por sua vez, busca otimizar as operações da Lojas Americanas e B2W ao proporcionar mais controle dos estoques das companhias, permitindo um gerenciamento mais eficiente no sortimento dos produtos — leia-se redução de despesas na gestão dos estoques e no ciclo de caixa do grupo.
Em outras palavras, trata-se de um eco da cultura obcecada em eficiência do Grupo 3G, que citamos lá em cima, só que em uma versão tech.
LAME4 em 2020: como uma onda no mar
A pandemia nos forçou ao isolamento social e, em resposta, muitas empresas com o pé no digital expandiram agressivamente nesse período. Mas Lojas Americanas apresentou um desempenho meramente estável.
Mas não foi por falta de tentativa.
Assim como o Magazine Luiza (MGLU3), a Lojas Americanas (LAME4) empreendeu alguns movimentos para intensificar suas vendas no seu canal online, com os algoritmos orientando o modelo de negócio da companhia: priorizar os produtos mais procurados pelos clientes era a ordem.
Além disso, a empresa focou na dinâmica O2O, ou seja, a interação entre online e offline durante um processo de compra. Dessa forma, os usuários poderiam comprar nas plataformas digitais e retirar nas lojas físicas, pedir para a entrega partir da loja (ship from store), entre outras opções.
Essas estratégias ajudaram a manter as portas abertas.
O mercado, numa mistura de recompensa pela postura até aquele momento e expectativa com o que estaria por vir, apostou em LAME4: no começo de 2020, a ação era negociada por cerca de R$ 25 e, no seu ápice anual, atingiu R$ 35.
Enquanto o mercado acreditava, LAME4 se valorizou 40,61%
Então, como o gráfico denuncia, vemos uma grande queda na cotação de LAME4, que volta para a casa dos R$ 25 e finaliza o ano com o brilho ofuscado.
Max explica.
“De nada adianta uma companhia em um modelo de negócios resiliente com avenidas de crescimento bem endereçadas se a margem de segurança não é atrativa para que possamos montar uma posição”, ele diz.
O mercado, portanto, duvidou que a Lojas Americanas (LAME4) se recuperaria rapidamente no segundo semestre de 2020, com a queda de vendas diante das lojas físicas.
Assim, ele conclui que, “ainda que a empresa tenha sofrido com as restrições de circulação e queda de vendas durante a pandemia — e tenha se recuperado rapidamente nos meses seguintes —, o segundo semestre do ano ficou marcado por uma pressão vendedora que fez com que a cotação de LAME4 voltasse para o mesmo patamar do início do ano”.
LAME4 em 2021: o que esperar?
Esse é o ano para as operações da Lojas Americanas e seus ativos (LAME3 e LAME4)? Quais são as estratégias da empresa para sair da mesmice à qual se resumiu 2020?
Nesta seção, vamos nos dedicar a responder essas questões.
As três linhas de negócio que destrinchamos algumas seções atrás são planos de longo prazo e, portanto, aqui se aplicam novamente.
As frentes de negócio da Lojas Americanas são, também, sua estratégia de longo prazo
No horizonte 1 (H1), ou seja, o mundo real, a parte física do negócio da Lojas Americanas, o foco é a forte geração de caixa, crescimento e melhorias contínuas.
No horizonte 2 (H2), representado pelas operações da plataforma digital, buscam crescer exponencialmente — a receita cresce, mas os custos não aumentam proporcionalmente — através do efeito rede e pelo crescimento acelerado causado pelas inovações incrementais.
Antes de seguirmos em frente, vale explicar o conceito “efeito rede”.
Trata-se de um fenômeno das empresas digitais que, em síntese, significa que quanto mais pessoas usam a plataforma, mais atrativa ela fica e, portanto, ainda mais pessoas vão passar a usá-la.
Para citarmos alguns exemplos, temos o Facebook, TikTok, Amazon, Magazine Luiza e, claro, Lojas Americanas e B2W.
Por fim, no horizonte 3 (H3), se situa o Universo Americanas, a frente que fomenta novos negócios e iniciativas disruptivas que, até agora, já renderam bons frutos, como Ame e Let’s.
Parte da estratégia específica para alavancar a Ame é investir ainda mais no cashback, porque ele faz com que os clientes comprem com mais frequência e com tíquetes maiores, gerando maior gasto na plataforma.
Além disso, a Ame se aproveita de um propício fator comportamental: menos contato.
Isso porque o aplicativo da fintech irá viabilizar lojas físicas sem check-out, ou seja, sem a necessidade de ir ao caixa.
Só que isso não é tudo.
A unificação entre LAME4 e BTOW3 também pode destravar muito valor para as empresas e seus investidores, ou seja, a fusão entre Lojas Americanas e B2W vai valorizar muito seus papéis.
Como dito, a Lojas Americanas possui pouco mais de 60% do controle da B2W e, portanto, são do mesmo universo, porém com estruturas próprias de administração. A união simplificaria a sociedade e, possivelmente, “geraria ganhos de sinergia para a operação consolidada do grupo”, diz Max.
Não se trata de um assunto novo no mercado financeiro, mas ele voltou à tona recentemente. Para nós, da Empiricus, “uma eventual unificação das companhias seria bem recebida pelo mercado, uma vez que geraria valor adicional para os acionistas”.
O mercado reage muito positivamente com notícias da fusão entre LAME4 e BTOW3
Conclusão
Para Felipe Miranda, CIO da Empiricus, “o e-commerce no Brasil está em um ciclo notável e temos avançado em tecnologia e logística”. Além disso, destaca que a internet está cada vez mais acessível e, com isso, a demanda do consumidor aumenta.
Em síntese, “tudo isso proporcionou um espaço global de compras no ambiente online”.
Além de ser uma das empresas na vanguarda desse mercado, a Lojas Americanas se beneficia muito da sua relação com a B2W: a controlada abocanha 22% do market share do e-commerce brasileiro, ficando atrás apenas do Mercado Livre (34%).
Então, Max fez as contas para entender se LAME4 tinha um potencial de valorização (upside) adequado. Ele considerou o múltiplo de EV/Vendas — um dos mais utilizados para empresas de varejo — e chegou ao resultado de que o valor justo para o ativo está na casa dos R$ 34.
No momento em que este artigo é publicado, isso significa um upside de 25%.
E vale destacar que quem assina As Melhores Ações da Bolsa já saiu ganhando: quando ele publicou o relatório, o upside ainda era de cerca de 32%.
Assim, temos uma empresa com uma estratégia sólida e diversificada, bem posicionada na tendência digital e que apresenta um patamar assimétrico, fruto da negligência no mercado.
Max enxerga que há mais espaço para LAME4 subir do que para cair — e parte dessa tese já se concretizou. Dessa forma, reserve uma fatia importante do seu portfólio e compre LAME4 para preenchê-la.
Dito isso, boas compras.