Investimentos

Quais as ‘lições’ deixadas pela bolha das Big Techs (ou ‘Mega Caps’)?

No ano, o S&P 500 sobe quase 10% e quase 1/4 do índice é composto por big techs, como Apple, Meta, Microsoft, Alphabet, Nvidia e Amazon.

Por João Luiz Piccioni Junior

22 maio 2023, 12:38 - atualizado em 22 maio 2023, 12:46

Nas últimas semanas, a bolha dasMega Caps” se tornou evidente. No ano, o sexteto tecnológico formado pelas big techs Apple (AAPL), Amazon (AMZN), Meta (META), Alphabet (GOOGL), Microsoft (MSFT) e Nvidia (NVDA) se tornaram as responsáveis pela maior parte da alta do índice S&P 500, em especial devido aos seus pesos, que somam hoje 24,81%. Se tomarmos como base o retorno do ETF composto pelos mesmos nomes do S&P 500, mas com pesos iguais para as ações, a diferença fica na casa dos 700 pontos percentuais.

No ano, o índice sobe quase 10%, alcançando quase 4.200 pontos, como mostra o gráfico abaixo.

S&P 500 sobe quase 10% em 2023, sendo que 24,81% do índice é composto por big techs (ou 'mega caps'). (Fonte do gráfico: Google Finance)
S&P 500 sobe quase 10% em 2023, sendo que 24,81% do índice é composto por big techs (ou ‘mega caps’). (Fonte do gráfico: Google Finance)

O nascimento do BTFP (Bank Term Funding Program), ocorrido com a quebra do Silicon Valley Bank, em meados de março, fez com o Federal Reserve colocasse uma enxurrada de dólares no sistema, provendo a liquidez necessária para que a “roleta russa” dos mercados de ações voltasse a disparar. Somado ao “hype” provenientes das manchetes envolvendo a IA (Inteligência Artificial) e, “voi-là”, a porteira para o mundo especulativo voltou a ficar totalmente escancarada.

O fim do “moral hazard”, situação na qual as instituições topam tomar mais riscos por não terem que pagar a conta ao apagar das luzes, empurrou o mercado financeiro de volta para seus esquemas especulativos, envolvendo os lançamentos de opções alavancadas contra um mercado sedento por retornos.

O alvo agora foi direcionado para Big Techs, pois são mais fáceis de lidar, por terem maior liquidez e simples de serem justificadas para qualquer investidor. Com isso, a bolha de ativos ganhou ainda mais tração deixando algumas lições.

A primeira delas é clara: o investidor deve deixar de lado todos os ETFs vendidos cujos pesos dessas ações sejam excessivos. Isso significa zerar um eventual short no índice Nasdaq.

A segunda lição: escolher ativos cujos fundamentos não conversam com o comportamento de mercado é extremamente arriscado neste ponto do mercado. As consequências podem ser extremamente danosas ao portfólio, a depender do tamanho da alocação.

Por fim, é preciso ter em mente que momentos como o atual são suficientemente capazes de levar as teses de investimentos até a capitulação. Lutar contra o fluxo de dinheiro despejado pelo Fed no setor financeiro é algo indesejável. Mesmo que não haja fundamentos claros que consubstanciam a direção dos mercados. Eventualmente a bolha estoura, mas o processo até chegarmos lá parece que será mais doloroso.

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CIO da Empiricus Gestão. Graduado em Engenharia e Administração de Empresas pela FEI e FGV-EAESP, respectivamente, e mestre em Finanças pela FGV-EESP. Possui mais de 15 anos de experiência em análise de investimentos e gestão de recursos. Certificações CNPI (Apimec), CGA (Certificado de Gestores Anbima) e CQF (Certificate of Quantitative Finance).