Nas últimas semanas, a bolha das “Mega Caps” se tornou evidente. No ano, o sexteto tecnológico formado pelas big techs Apple (AAPL), Amazon (AMZN), Meta (META), Alphabet (GOOGL), Microsoft (MSFT) e Nvidia (NVDA) se tornaram as responsáveis pela maior parte da alta do índice S&P 500, em especial devido aos seus pesos, que somam hoje 24,81%. Se tomarmos como base o retorno do ETF composto pelos mesmos nomes do S&P 500, mas com pesos iguais para as ações, a diferença fica na casa dos 700 pontos percentuais.
No ano, o índice sobe quase 10%, alcançando quase 4.200 pontos, como mostra o gráfico abaixo.
O nascimento do BTFP (Bank Term Funding Program), ocorrido com a quebra do Silicon Valley Bank, em meados de março, fez com o Federal Reserve colocasse uma enxurrada de dólares no sistema, provendo a liquidez necessária para que a “roleta russa” dos mercados de ações voltasse a disparar. Somado ao “hype” provenientes das manchetes envolvendo a IA (Inteligência Artificial) e, “voi-là”, a porteira para o mundo especulativo voltou a ficar totalmente escancarada.
O fim do “moral hazard”, situação na qual as instituições topam tomar mais riscos por não terem que pagar a conta ao apagar das luzes, empurrou o mercado financeiro de volta para seus esquemas especulativos, envolvendo os lançamentos de opções alavancadas contra um mercado sedento por retornos.
O alvo agora foi direcionado para Big Techs, pois são mais fáceis de lidar, por terem maior liquidez e simples de serem justificadas para qualquer investidor. Com isso, a bolha de ativos ganhou ainda mais tração deixando algumas lições.
A primeira delas é clara: o investidor deve deixar de lado todos os ETFs vendidos cujos pesos dessas ações sejam excessivos. Isso significa zerar um eventual short no índice Nasdaq.
A segunda lição: escolher ativos cujos fundamentos não conversam com o comportamento de mercado é extremamente arriscado neste ponto do mercado. As consequências podem ser extremamente danosas ao portfólio, a depender do tamanho da alocação.
Por fim, é preciso ter em mente que momentos como o atual são suficientemente capazes de levar as teses de investimentos até a capitulação. Lutar contra o fluxo de dinheiro despejado pelo Fed no setor financeiro é algo indesejável. Mesmo que não haja fundamentos claros que consubstanciam a direção dos mercados. Eventualmente a bolha estoura, mas o processo até chegarmos lá parece que será mais doloroso.
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