O saldo dos investimentos estrangeiros na Bolsa brasileira atingiu cerca de R$ 70 bilhões no acumulado de 2022 até o momento. Considerando os últimos seis meses, a entrada foi recorde, acima da registrada no ano passado inteiro.
Na avaliação de Sérgio Oba, que acaba se assumir o posto de analista-chefe de ações da Vitreo, esse movimento tem consistência.
“Esse tipo de fluxo de investimentos gringos na Bolsa, seja pela qualidade ou pelo tamanho de quem está vindo, nunca foi visto antes”, disse Oba, em live no YouTube da Vitreo, em 4/04, onde ele detalhou como funcionará a nova área de research da plataforma de investimento que já conta com R$ 13 bilhões em ativos sob custódia.
Ele diz que tem parcela significativa de investidores ativos, com dedicação, que busca conversar com o management das empresas e que analisa criteriosamente relatórios para fazer os aportes. “Esses caras estão fazendo a lição de casa”, destaca.
O analista que conta com inúmeros contatos no mercado está surpreso com as informações que tem recebido. “Pelo que a gente sabe, há comitivas de gringos aqui. A agenda dos bancos nas próximas semanas estão completamente tomadas.”
O que está por vir?
Conforme ele, pelo andar da carruagem, os investidores estrangeiros podem “atropelar os locais”.
“Os locais não estão pegando esse rali. Na verdade, estão pegando muito pouco de consumo e varejo que estão chamando atenção dos gringos”, comenta Oba, ao ressaltar que os estrangeiros não estão olhando somente ações de produtoras de commodities.
Ele acredita que a força compradora para ações domésticas se intensificará – ou seja, no horizonte, uma expansão no valuation das empresas.
De acordo com ele, uma série de empresas resilientes e que apresentam crescimento estão muito descontadas. Entre elas, ele cita redes Assaí (ASAI3) e Carrefour (CRFB3), do varejo de alimentos as; Hypera (HYPE3), companhia farmacêutica, além da Petz (PETZ3), varejista de produtos para animais.
“Olhando o micro das empresas, na média, os fundamentos são bons e os valuations atrativos. Porém, agora, parece surgir o momento, o que não tínhamos antes”, afirma.
E a eleição para presidente atrapalha?
Para Sérgio Oba esse não parece ser o cenário mais provável, apesar de, comumente, gerar mais volatilidade. “Em relação à eleição, vejo mais ruído do que informação. Logicamente, não estou subestimando dos riscos, temos que ficar atentos, mas é algo que temos que lidar a cada quatro anos.”
O analista comenta que fez um estudo sobre o comportamento da bolsa em eleições presidenciais anteriores e levantou as ações que, na média, tiveram melhores desempenhos nesses períodos. “É a carteira ‘trincheira’ como chamamos. Tem muitos destaques positivos, uma coisa impressionante, independente dos ruídos”, afirma.
Ele ressalta que o Brasil sempre tem alguns tratores que passam por cima, referindo-se às grandes companhias, com ações líquidas, bases de acionistas robustas e fundamentos sólidos.