Investimentos

Lockdown na China; Fed menos duro; preocupação com combustíveis; resultado positivo de Direcional (DIRR3) e decepção com Magazine Luiza (MGLU3)

Felipe Miranda, CIO e estrategista-chefe da Empiricus, detalha pontos de atenção e comenta resultados corporativos

Por Daniela Rocha

15 mar 2022, 12:06 - atualizado em 19 fev 2024, 18:25

Além da guerra entre Rússia e Ucrânia, mais um elemento traz incertezas e intensifica a volatilidade no mercado: o lockdown em Shenzhen, na China, por conta do aumento de casos de covid-19. 

Os preços das commodities vem caindo  em um movimento natural de correção, após intensa alta nos últimos dias, combinado com esse novo ponto de preocupação, explicou Felipe Miranda, CIO e estrategista-chefe da Empiricus, nesta terça-feira (14/03), em seu grupo Ideias Antifrágeis no Telegram, disponível para os assinantes de qualquer série da Empiricus. 

Esse é o cenário para a decisão do Federal Reserve sobre a taxa de juros nos Estados Unidos nesta quarta-feira.

“A expectativa é que o Fed não seja tão duro diante de incertezas que se colocam e da volatilidade dos preços das commodities”, avalia. 

Se de um lado o lockdown China preocupa, por outro, alguns indicadores econômicos do país vieram positivos. 

A produção industrial subiu 7,5% no acumulado de 2022 até fevereiro, em relação aos dois primeiros meses do ano anterior e as vendas no varejo também avançaram 6,7% na mesma base comparativa. “Isso demonstra que a economia chinesa vinha mais aquecida do que se supunha”, diz Felipe. 

Por aqui, preocupação com preços dos combustíveis

No cenário doméstico, continua reverberando a questão do preço dos combustíveis. Este é um aspecto relevante para monitorar, uma vez que pode ter impactos importantes na Petrobras (PETR3, PETR4) e na situação fiscal do país, comenta o analista. 

Entre as notícias recentes que circularam na imprensa, o presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, disse que não deixará seu posto e haveria discussões no ministério da Economia em torno de um aumento temporário do Auxílio Brasil por conta dos aumentos dos combustíveis, uma alternativa em jogo que é desconhecida pelo ministério da Cidadania – o que sinaliza mais um “bate-cabeça” no governo.

“Fica a expectativa quanto a algum tipo de subsídio ou bolsa para que a população possa atravessar esse momento. Em paralelo, se discute a isenção de PIS e Cofins sobre a gasolina, que teria um custo fiscal de R$ 30 bi”, destaca Felipe.

O querosene de aviação e o diesel já seguem isentos de PIS e Cofins, agora, o governo pode tomar medida semelhante com a gasolina. A ver. 

Resultados corporativos

Para Felipe Miranda, a Direcional Engenharia (DIRR3), incorporadora imobiliária residencial nos segmentos de médio e alto padrão, teve desempenho positivo no quarto trimestre de 2021. “A gente vinha salientando o quanto o resultado da Direcional seria diferente de Tenda (negativo no 4T21). Foi realmente um espetáculo”, ressalta.

Conforme ele, o CEO da companhia, Ricardo Gontijo, tem feito uma gestão bastante assertiva. Entre os destaques do resultado, Felipe cita a margem bruta de 37% da Direcional, em comparação à destruição de margem da Tenda (TEND3) e às projeções entre 23% e 24% para a MRV (MRVE3). 

O lucro líquido ajustado da Direcional chegou a R$ 50,9 milhões no 4T21, uma alta de 25,6% sobre o mesmo período de 2020. “Crescendo o lucro mais de 40% entre 2021 e 2023, pagando dividendo de 10%, realmente á a ‘joia da coroa’.”

Ele pondera que, apesar da atuação operacional ser bastante eficiente, o papel tem sido castigado pela alta de juros e preocupação com a renda disponível. A Direcional segue na carteira Oportunidades de Uma Vida.

Já o resultado de Magazine Luiza (MGLU3) referente ao 4T21 veio ruim, na avaliação de Felipe. 

“Não gostei do Ebitda negativo de R$ 8 milhões e da despesa não recorrente de R$250 milhões, mostrando de fato como isso tem deixado de ser ‘quality’”, criticou o analista. P\ra ele, talvez o valuation ainda esteja puxado, a despeito da correção do preço das ações nos últimos tempos. 

O Magazine Luiza teve prejuízo líquido ajustado de R$ 79 milhões no último trimestre de 2021. No acumulado do ano passado, o lucro totalizou R$ 114 milhões, uma queda de quase 70% em relação a 2020. 

 

Sobre o autor

Daniela Rocha

Coordenadora de Conteúdo na Empiricus. Jornalista com MBA em Finanças na FIA. Atuou nas editorias de economia da TV Cultura e da Band e foi colaboradora do Valor Econômico, Exame e RI.