A Lojas Quero-Quero (LJQQ3) divulgou números do segundo trimestre de 2023 (2T23), ainda muito pressionados pelo fraco desempenho do varejo e as taxas de juros elevadas.
O segmento de varejo (venda de mercadorias) segue sofrendo com a ressaca do setor de material de construção pós-pandemia, além dos juros elevados e da deflação de alguns produtos no período.
Assim, o desempenho de vendas mesmas lojas foi negativo em -6,4%, mas as vendas totais de mercadorias recuaram um pouco menos, -3,4%, com uma ajuda da abertura líquida de 46 lojas nos últimos 12 meses.
Apesar do recuo nas vendas, a margem bruta do segmento de varejo voltou a crescer, o que é um sinal importante depois de muitos trimestres de pressão.
Segmento financeiro é destaque
Mais uma vez, o destaque positivo foi o segmento financeiro, que mostrou crescimento de +11,3% no período, e permitiu à receita bruta consolidada da Quero-Quero expandir 3,3% no período e atingir R$ 644,5 milhões.
É importante destacar que o crescimento do segmento financeiro tem sido feito com boa disciplina, o que pode ser visto através dos níveis de inadimplência abaixo do ano passado (11,9% de atraso no 2T23 vs 12% no 2T22) e em linha com os níveis pré-pandemia.
No entanto, a Selic elevada ainda afeta os custos de captação, o que atrapalha as margens do segmento financeiro no curto prazo, mas deve melhorar à medida que os juros caírem nos próximos trimestres.
Lojas Quero-Quero tem prejuízo líquido de -R$ 1,7 milhão
Esse efeito negativo combinado com a desalavancagem operacional pelas menores vendas no varejo e um aumento das despesas por conta da abertura de lojas fizeram o Ebitda cair para R$ 4,8 milhões (-81,6%), com contração de -3,4 pontos percentuais de margem.
Por fim, a companhia marcou um prejuízo líquido ajustado de -R$ 1,7 milhão, ante lucro de R$ 0,3 milhão no 2T22.
No 2T23 tivemos um consumo de caixa operacional de aproximadamente R$ 31 milhões, mas isso não nos preocupa. Primeiro, porque está de acordo com a sazonalidade, já que no primeiro semestre há um maior investimento em estoques que são vendidos no segundo semestre, quando há maior geração de caixa.
Além disso, é importante destacar que o Capex caiu quase -40% no primeiro semestre comparado ao ano anterior, reflexo da redução do ritmo de abertura de lojas e também de menores gastos com logística depois de investimentos pesados nos últimos trimestres, o que mostra que a gestão segue preocupada com a geração de caixa da companhia.
No entanto, esse consumo de caixa provocou um aumento na alavancagem, de 1x para 1,4x dívida líquida/Ebitda, mas bem longe de níveis críticos e com perspectiva de queda com a melhora da posição de caixa no segundo semestre.
LJQQ3 segue recomendada na carteira de small caps da Empiricus Research
Na teleconferência de resultados, a gestão disse que o consumo de materiais de construção ainda continua tímido e ainda não viu grandes sinais de recuperação e nem aumento de demanda por conta dos programas Minha Casa Minha Vida e Desenrola.
Seja como for, os resultados do 2T23 ainda mostram que o cenário segue muito difícil para o setor de materiais de construção. Mesmo assim, a Quero-Quero conseguiu mostrar crescimento de receita e ganhou mais um pouco de participação de mercado.
Além disso, é importante lembrar que a companhia está em um dos segmentos mais sensíveis a uma possível melhora macro combinada com a queda dos juros.
Por enquanto, a meta é conseguir atravessar a tempestade sem muitos danos, em breve chegará o momento de curtir a viagem. A Lojas Quero-Quero (LJQQ3) segue na carteira do Microcap Alert.