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Lula “de olho” em Cemig (CMIG4) e Copasa (CSMG3)? Entenda possível federalização das estatais mineiras

O governador de MG apoiou a ideia de transferir ativos mineiros para o governo federal para pagar as dívidas multibilionárias do estado com a União.

Por Nicole Vasselai

23 nov 2023, 16:38 - atualizado em 23 nov 2023, 16:38

Cemig (CMIG4)
Imagem: Cemig/Divulgação

Na última quarta-feira (22), uma importante fala de Romeu Zema, governador de Minas Gerais, mexeu fortemente com os papéis de Copasa (CSMG3) e Cemig (CMIG4). As ações chegaram a cair mais de 14% e de 10%, respectivamente, durante o pregão, após o governador afirmar que a possível federalização das empresas pode ser usada para abater a dívida do estado com a União, que hoje é de R$ 158 bilhões.

Privatização é um tema antigo no governo Zema

“Na época em que assumiu o governo do estado, Zema já entrou com essa agenda de tentar sanar os problemas de endividamento e uma das bandeiras que levantava era a de privatizar as estatais mineiras. Mas tem sido uma agenda muito difícil, a população tem um apego muito grande a essas companhias e também tem uma questão política: ele depende do apoio de deputados. Então não é um processo simples. E precisamos lembrar que o Zema já está no segundo mandato e tudo isso anda a passos muito lentos”, contextualiza Ruy Hungria, analista da Empiricus Research.

Por outro lado, o analista recorda que o estado mineiro corre o risco de perder a proteção da extensão do regime de arrecadação fiscal. “Isso quer dizer que, a partir do ano que vem, as despesas com arrecadação podem passar de R$ 4 bilhões para R$ 18 bilhões – para um estado que já está com dificuldade de pagar as contas”.

O que aconteceria em caso de federalização de Cemig e Copasa?

“No caso de um possível acordo, o governo estadual abriria mão de suas participações em Cemig e Copasa e inclusive dos créditos que tem a receber pelo caso Mariana e passaria os direitos sobre as companhias para o governo federal. Com isso, Minas teria um abatimento das dívidas com a União”, explica Hungria.

Interesse político pode prejudicar o operacional das companhias?

Segundo o analista, as companhias vêm passando por boas melhorias em sua gestão, principalmente em termos de endividamento. Com uma eventual federalização, ele acredita que o mercado tenderia a diminuir as expectativas de melhora para as empresas.

“E não só isso, o mercado pode até esperar um retorno das ineficiências que víamos nessas estatais anos atrás, e até uma mudança no perfil de alocação de capital delas, com investimento em outras empresas que não fizessem sentido”, complementa.

Além disso, Hungria ressalta quanto a privatização se tornaria ainda mais distante caso o governo federal passasse a controlar Cemig e Copasa.

Muitos pontos ainda precisam ser definidos

Apesar da fala de Zema nesta semana e da reação imediata das ações à notícia, o analista lembra que a discussão sobre uma possível federalização ainda é muito inicial.

“Na nossa visão, inclusive, são indefinições que mais devem atrapalhar os papéis das companhias do que ajudar. E tem muita coisa que pode piorar, dependendo de como vai ser feita essa intervenção. Como analista não recomendaria aproveitar as quedas das ações para comprar”.

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Sobre o autor

Nicole Vasselai

Editora do site da Empiricus. Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero, com MBA em Análise de Ações e Finanças e passagem por portais de notícias e fintechs.