Na última quarta-feira (22), uma importante fala de Romeu Zema, governador de Minas Gerais, mexeu fortemente com os papéis de Copasa (CSMG3) e Cemig (CMIG4). As ações chegaram a cair mais de 14% e de 10%, respectivamente, durante o pregão, após o governador afirmar que a possível federalização das empresas pode ser usada para abater a dívida do estado com a União, que hoje é de R$ 158 bilhões.
Privatização é um tema antigo no governo Zema
“Na época em que assumiu o governo do estado, Zema já entrou com essa agenda de tentar sanar os problemas de endividamento e uma das bandeiras que levantava era a de privatizar as estatais mineiras. Mas tem sido uma agenda muito difícil, a população tem um apego muito grande a essas companhias e também tem uma questão política: ele depende do apoio de deputados. Então não é um processo simples. E precisamos lembrar que o Zema já está no segundo mandato e tudo isso anda a passos muito lentos”, contextualiza Ruy Hungria, analista da Empiricus Research.
Por outro lado, o analista recorda que o estado mineiro corre o risco de perder a proteção da extensão do regime de arrecadação fiscal. “Isso quer dizer que, a partir do ano que vem, as despesas com arrecadação podem passar de R$ 4 bilhões para R$ 18 bilhões – para um estado que já está com dificuldade de pagar as contas”.
O que aconteceria em caso de federalização de Cemig e Copasa?
“No caso de um possível acordo, o governo estadual abriria mão de suas participações em Cemig e Copasa e inclusive dos créditos que tem a receber pelo caso Mariana e passaria os direitos sobre as companhias para o governo federal. Com isso, Minas teria um abatimento das dívidas com a União”, explica Hungria.
Interesse político pode prejudicar o operacional das companhias?
Segundo o analista, as companhias vêm passando por boas melhorias em sua gestão, principalmente em termos de endividamento. Com uma eventual federalização, ele acredita que o mercado tenderia a diminuir as expectativas de melhora para as empresas.
“E não só isso, o mercado pode até esperar um retorno das ineficiências que víamos nessas estatais anos atrás, e até uma mudança no perfil de alocação de capital delas, com investimento em outras empresas que não fizessem sentido”, complementa.
Além disso, Hungria ressalta quanto a privatização se tornaria ainda mais distante caso o governo federal passasse a controlar Cemig e Copasa.
Muitos pontos ainda precisam ser definidos
Apesar da fala de Zema nesta semana e da reação imediata das ações à notícia, o analista lembra que a discussão sobre uma possível federalização ainda é muito inicial.
“Na nossa visão, inclusive, são indefinições que mais devem atrapalhar os papéis das companhias do que ajudar. E tem muita coisa que pode piorar, dependendo de como vai ser feita essa intervenção. Como analista não recomendaria aproveitar as quedas das ações para comprar”.
Em vez de Cemig ou Copasa, no setor elétrico Ruy Hungria recomenda Equatorial (EQTL3;EQTL6). Veja a tese de investimento completa neste relatório gratuito e outras 9 ações para investir agora.