Na sexta-feira (11), a M. Dias Branco (MDIA3) divulgou seus números referentes ao terceiro trimestre do ano (3T22), que vieram abaixo das nossas expectativas.
A receita líquida foi de R$ 3 bilhões no período, 37% maior na comparação anual, amparada pelo crescimento de 29% do preço médio e de 6,7% no volume de biscoito e de 3,1% em massas. Mesmo assim, a companhia perdeu novamente participação de mercado em Biscoitos e manteve sua participação estável em massas.
O lucro bruto atingiu R$ 851 milhões no trimestre, crescimento de 21% na comparação anual e a margem bruta foi de 28,6%, queda de 5,7 pontos percentuais em relação ao trimestre anterior.
O resultado é decorrente do maior preço médio das matérias-primas no período, que avançaram 50%. O trigo e o óleo de palma, que são os dois principais itens dessa linha, subiram 55% e 43%, respectivamente.
Importante destacar que como a companhia possui um nível de estoque maior do que de seus competidores, acreditamos que a pressão de custos em função da Guerra entre a Rússia e a Ucrânia perseguirá em seus resultados.
Do lado positivo, as despesas operacionais cresceram 31%, ou seja, com menos intensidade do que o crescimento do faturamento. Dessa forma, elas passaram a representar 20% da receita líquida contra 21,5% no 3T21.
Mesmo assim, a M Dias reportou um ebitda de R$ 333 milhões (+16%) e queda de 1,9 pontos percentuais de margem ebitda, que atingiu 11,2% no período.
O resultado financeiro foi de – R$ 70 milhões, influenciado pelo aumento do CDI e pelo próprio crescimento do endividamento, que passou de 0,1 vezes caixa líquido sobre o ebitda no 3T21 para 1,7 vezes dívida líquida sobre o ebitda neste trimestre.
Com isso, a companhia encerrou o período com um lucro líquido de R$ 195 milhões, retração de 0,8% sobre o mesmo trimestre do ano anterior.
Queima de caixa da M. Dias Branco ultrapassou barreira de RS 1 bilhão
Enxergamos alguns pontos de atenção no resultado.
Tal qual ocorrido no 2T22 e visando se proteger de um eventual aumento de preço nas matérias-primas, a M. Dias aumentou ainda mais os seus estoques. No ano, o aumento já passou da casa do R$ 1 bilhão.
Caso o cenário base da companhia não se concretize, deveremos ver suas margens pressionadas ou até problemas para liquidar o estoque. Além disso, a dificuldade de conquistar mercado persiste e a queima de caixa para manter os volumes em crescimento já ultrapassaram a barreira dos R$ 1,1 bilhão no ano.
Negociando a 14 vezes os seus lucros para 2023, a M. Dias Branco (MDIA3) é uma posição vendida (short) da Carteira Empiricus.
Confira a análise completa de João Piccioni: