Bom dia, pessoal. O principal tópico do dia gira em torno do relatório de folha de pagamento (payroll) dos Estados Unidos, que é o destaque da série de dados relacionados ao mercado de trabalho desta semana.
Nos últimos dias, vivenciamos momentos de surpresa, como na terça-feira, quando o relatório Jolts superou as expectativas, e momentos de alívio, como na quarta-feira, quando o relatório ADP ficou aquém do consenso do mercado.
Essa divergência nos números gerou ainda mais ansiedade em relação ao indicador econômico de hoje. O mercado ficaria satisfeito com uma entrega abaixo das expectativas ou, no mínimo, em linha com elas. De qualquer forma, podemos antecipar volatilidade para hoje.
Apesar das perdas registradas em Wall Street ontem antes dos dados críticos sobre emprego, os mercados asiáticos fecharam em alta na sexta-feira. É crucial lembrar que indicadores robustos de uma economia saudável nos EUA podem incentivar o Federal Reserve a manter sua política monetária rigorosa até o final do ano e além.
Os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA com vencimento em 10 anos atingiram o nível mais alto desde 2007 nesta semana, levantando preocupações entre os investidores sobre o possível impacto negativo dos custos elevados de empréstimos para empresas e consumidores na economia. Os mercados europeus começam o dia em alta, e o mesmo ocorre com os futuros americanos.
A ver…
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· 00:52 — Brasil varonil
Apesar de termos o IGP-DI de setembro pela manhã, o foco principal do dia estará no cenário internacional. Neste momento, dependendo dos desdobramentos lá fora, pode ser favorável para nós, especialmente porque o cenário interno não é dos mais favoráveis.
Em Brasília, por exemplo, logo após os líderes partidários decidirem adiar a votação do projeto de tributação dos investimentos offshore e fundos exclusivos, o presidente da Câmara, Arthur Lira, indicou a aliados que acredita que as próximas semanas serão de maturação da proposta. Em outras palavras, a votação desse tema deve ocorrer apenas no final de outubro ou início de novembro.
Essa notícia é desafiadora para a equipe econômica, que está correndo contra o tempo para garantir as receitas necessárias e minimizar o déficit público. É evidente que haverá atrasos, algo comum na capital federal. O mercado está bastante cético sobre a capacidade de execução do orçamento para 2024 pelo Ministério da Fazenda.
Notavelmente, o governo tem tentado, nos últimos meses, corrigir a erosão da base tributária provocada por medidas recentes. Por exemplo, estima-se um impacto de R$ 100 bilhões devido a movimentações de 2017, como a retirada do ICMS da base de cálculo de PIS/Cofins e a remoção de incentivos e benefícios de ICMS da base de cálculo dos tributos sobre o lucro de empresas. A situação é complexa, especialmente para alcançar a meta de R$ 168 bilhões.
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· 01:47 — O brasileiro no mundo
Ainda em relação ao Brasil, visando finalizar o acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia, o governo propõe estabelecer um sistema de cooperação com os europeus na área ambiental. Essa proposta substitui a ideia original de Bruxelas, que contemplava punições, sanções e aumento de impostos sobre produtos sul-americanos em caso de violação dos acordos climáticos. No texto apresentado pelo Mercosul, há uma cláusula explícita contra qualquer tipo de sanção ou até mesmo indícios de aplicação de sanções sobre os produtos exportados pelo bloco sul-americano. O governo brasileiro está correndo para avançar o máximo possível antes de possíveis mudanças políticas na América do Sul, como as que são esperadas na Argentina.
Essas movimentações ocorrem em um prazo inferior a três meses antes do término da redução unilateral de 10% que o Brasil implementou na Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul, uma estratégia liderada pelo então ministro Paulo Guedes que causou desconforto no bloco. Naquela época, a decisão foi justificada pela situação de emergência causada pela pandemia e pela guerra na Ucrânia. O governo avalia que não há base jurídica para prorrogar essa redução de forma unilateral. Entre os especialistas que acompanham o assunto, a aposta é que o governo Lula não buscará renovar essa redução. Além disso, o Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior já antecipou a revogação do corte unilateral para o setor siderúrgico.
· 02:42 — Expectativas para o payroll
A presidente regional do Federal Reserve Bank de São Francisco, Mary Daly, afirmou ontem que o banco central pode manter as taxas de juros estáveis se o mercado de trabalho desacelerar e a inflação continuar sob controle, ou se as condições financeiras permanecerem restritivas. O Fed está avaliando se deve ou não aumentar novamente a taxa básica de juros, após um aumento de mais de cinco pontos percentuais nos últimos 19 meses. O relatório mensal sobre as folhas de pagamento dos EUA, divulgado hoje, trará insights sobre a direção futura do Fed.
O mercado de trabalho está sob intenso escrutínio. Os dados mais recentes do JOLTS revelaram que as vagas de emprego aumentaram surpreendentemente para 9,6 milhões em agosto, superando as expectativas. Essas notícias não são bem recebidas pelos participantes do mercado que buscam evitar um novo aumento nas taxas de juros. No entanto, todos devem aguardar com cautela até a divulgação do relatório de folhas de pagamento, visto que os dados do JOLTS estão um mês atrasados em relação ao principal relatório de empregos. Para hoje, espera-se um aumento de cerca de 170 mil nas folhas de pagamento não-agrícolas, em comparação com 187.000 no mês anterior. A taxa de desemprego deve cair para 3,7%. Números abaixo do esperado podem animar o mercado.
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· 03:33 — A caminhada dos juros
Se os Estados Unidos continuarem a observar um abrandamento no mercado de trabalho e uma trajetória de retorno da inflação à meta de 2% estabelecida pelo Federal Reserve, o banco central poderá justificar uma postura mais flexível em suas futuras comunicações. Atualmente, vemos as condições financeiras se tornarem consideravelmente mais apertadas. Se essas condições permanecerem restritivas, a necessidade de novas medidas pode diminuir, pois os mercados financeiros já estão se movendo nessa direção, o que pode dispensar uma ação adicional por parte do Fed.
Uma evidência desse cenário restritivo não se limita apenas à rápida elevação dos rendimentos dos títulos do Tesouro de 10 anos, que atingiram 4,8% na terça-feira (indicando uma taxa de juro real muito alta), mas também outras taxas estão em níveis preocupantes. Por exemplo, a média das taxas de hipoteca fixa de 30 anos chegou a 7,8% nesta semana, o nível mais elevado desde 2000. Em resumo, o próprio mercado está complementando o ajuste do Fed e pode auxiliar a autoridade monetária a encerrar este ciclo de aperto monetário que estamos enfrentando.
· 04:16 — Uma tão sonhada desaceleração no último trimestre do ano
Alguns bancos estão prevendo uma pausa temporária no crescimento do consumo nos EUA, que deve resultar em uma alta de 1,4% no quarto trimestre, em comparação com o mesmo período de 2022. Essa pausa é associada à retomada dos pagamentos de empréstimos estudantis, que provavelmente terão um impacto negativo no crescimento das despesas. Mesmo com esse aumento, observamos o início de uma desaceleração bem-vinda, especialmente se isso se refletir em uma queda no início de 2024, conforme já previsto por muitos agentes financeiros.
Para exemplificar, o consumo das famílias, que é o principal motor da economia dos EUA, deve diminuir no primeiro trimestre de 2024, marcando o primeiro resultado trimestral negativo desde o início da pandemia de Covid-19. Neste momento, a economia dos EUA parece estar em uma fase de crescimento, e não o contrário. No entanto, essa pode ser a última aceleração da atividade econômica. Pode representar o catalisador que desejamos para não mais observar pressão na curva de juros dos EUA, resultando em um dólar mais forte e desvalorização dos ativos de risco globais. Em resumo, um rali de final de ano pode depender da desaceleração da economia americana neste último trimestre.
· 05:02 — O sexto minuto: a nossa ideia