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Mercado aguarda resultados de Gerdau (GGBR4), BB Seguridade (BBSE3) e Itaú (ITUB4) em dia de agenda econômica vazia

O calendário de dados econômicos para o dia é relativamente fraco, o que torna os mercados suscetíveis a novos comentários relacionados à política monetária.

Por Matheus Spiess

06 nov 2023, 09:10 - atualizado em 06 nov 2023, 09:10

Mercado em 5 minutos - temores bancários
Imagem: Freepik

Bom dia, pessoal. Os eventos de mercado na semana passada mostraram como os investidores ficaram sensibilizados pela falta de clareza dos bancos centrais em relação à dependência de dados econômicos, sem fornecer explicações sobre sua visão de médio prazo ou como a política monetária se refletirá na economia real. Isso pode levar os investidores a reagir de forma excessivamente sensível a dados econômicos individuais, como foi observado com os dados de emprego nos Estados Unidos.

Na sexta-feira (3), tivemos a divulgação do relatório de emprego (payroll) e do Índice de Gerentes de Compras (ISM) dos serviços na economia dos Estados Unidos, depois de Jerome Powell ter indicado na quarta-feira que o mercado de trabalho ainda era uma fonte de preocupação (uma economia enfraquecida sugere uma menor necessidade de aumentar os juros).

As ações asiáticas apresentaram alta nesta segunda-feira (6), seguindo os ganhos em Wall Street na semana anterior, impulsionadas pelas expectativas de cortes nas taxas de juros no ano que vem. Os futuros dos EUA e os preços do petróleo também sobem nesta manhã.

No Oriente Médio, os militares israelenses anunciaram no domingo que cercaram a Cidade de Gaza e dividiram a faixa costeira em duas partes, aumentando as preocupações dos investidores sobre um agravamento do conflito na região, o que pressionaria o preço do barril de petróleo.

O calendário de dados econômicos para o dia é relativamente fraco, o que torna os mercados suscetíveis a novos comentários relacionados à política monetária. O desempenho dos ativos financeiros na Europa no início da semana mostra algumas correções e não é uniforme.

A ver…

· 00:58 — E se só depender de nós?

No Brasil, os ativos financeiros refletiram positivamente o otimismo internacional na última sexta-feira, sugerindo a possibilidade de um rali nos ativos locais nos dois últimos meses de 2023. O período entre março e julho foi marcado por um ambiente favorável nos mercados, mas a forte alta nas taxas de juros dos Estados Unidos entre agosto e outubro prejudicou esse cenário. Agora, se essa tendência se reverter, a pressão nos mercados locais poderá finalmente diminuir. No entanto, a estabilidade pode depender das ações internas, especialmente com a ressurgência de preocupações fiscais, principalmente em relação à possibilidade de alterar a meta fiscal de 2024 para um déficit de 0,5% do PIB.

Nesse contexto, o mercado está acompanhando as recentes tentativas do governo em convencer o presidente Lula a manter a meta fiscal zero, pelo menos até março, quando o Relatório Bimestral de Receitas e Despesas será divulgado. Nesse momento, o governo avaliará se há receita suficiente para cobrir as despesas previstas para o próximo ano. Se houver necessidade de cortes, que o presidente Lula prefere evitar, poderá ser decidido um déficit de até 0,5% do PIB. No entanto, em termos práticos, o momento exato da decisão, seja agora ou em março, tem menos importância. A preocupação principal é a falta de um plano de voo claro e consistente.

· 01:50 — O novo membro

O Brasil foi selecionado como um dos três membros do Conselho de Auditores da ONU, com representação do Tribunal de Contas da União (TCU), garantindo um mandato de seis anos. 

Bruno Dantas, presidente do TCU, assumirá o cargo atualmente ocupado pelo controlador-geral do Chile, Jorge Bermúdez, cujo mandato encerra em junho de 2024. Os outros dois membros do conselho são o auditor-geral da China, Hou Kai, e o presidente do Tribunal de Contas da França, Pierre Moscovici.

O Conselho de Auditores faz parte da estrutura financeira das Nações Unidas, atua de maneira independente e é responsável por auditar as finanças da organização, que abrangem um orçamento de até US$ 40 bilhões. Essa conquista fortalece a posição do Brasil no cenário internacional, aumentando a visibilidade do país.

· 02:20 — O possível fim do short nos Treasuries

Nos EUA, a nova semana se inicia com ações se recuperando e os rendimentos dos títulos do Tesouro em queda. Os mercados reagiram de forma positiva a um relatório de emprego que se enquadra na categoria “más notícias são boas notícias”, o que contribuiu para encerrar a melhor semana do ano para as ações. Em outubro, a economia dos EUA criou 150 mil empregos, ficando aquém das expectativas de 180 mil. A taxa de desemprego subiu para 3,9%, em comparação com os 3,8% de setembro, superando as previsões. Como resultado, a taxa de juros dos títulos do Tesouro de 10 anos agora está em 4,52%, após flutuar em torno de 5% algumas semanas atrás.

Olhando para o futuro, o calendário econômico é relativamente leve. O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, participará de um painel na conferência anual de pesquisa do FMI. Também estarão presentes a presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, o governador do Banco do Japão, Kazuo Ueda, e o governador do Banco da Inglaterra, Andrew Bailey, e a virada nos mercados de títulos será um tópico importante de discussão. Quanto à temporada de resultados, esta semana conta com empresas como BioNTech, Occidental Petroleum, Uber Technologies, UBS, MGM Resorts International, Roblox, Walt Disney, Warner Bros. e AstraZeneca apresentando seus resultados.

· 03:17 — Uma moderação bem-vinda

Os Estados Unidos geraram “apenas” 150 mil empregos no mês passado, segundo os ganhos de emprego divulgados pelo Departamento do Trabalho. Esse número ficou aquém das expectativas e representou quase a metade dos 297 mil empregos criados em setembro. No entanto, essa moderação é bem recebida pelo mercado, sendo que não há motivo para entrar em pânico. A razão para isso é que, embora a taxa de desemprego tenha subido ligeiramente, atingindo 3,9% em outubro, ela tem se mantido abaixo de 4% desde o final de 2021, o período mais longo com uma taxa inferior a 4% em mais de 50 anos.

Em resumo, a desaceleração nas contratações pode ser vista como um sinal de que a economia dos Estados Unidos está desacelerando suavemente. O número de empregos criados atingiu o ponto ideal para os investidores, e as ações registraram seu maior ganho semanal deste ano. Isso ocorre porque os investidores interpretam a redução no apetite por novas contratações como um sinal de que o Federal Reserve está conseguindo esfriar a economia, mas sem exageros, como parte de seus esforços para combater a inflação. Como temos mencionado há algum tempo, tudo dependia de uma desaceleração na economia dos Estados Unidos, e parece que isso está ocorrendo no último trimestre deste ano.

· 04:02 — O problema de Musk

Nos últimos dias, o X, anteriormente conhecido como Twitter, completou um ano sob a liderança de Elon Musk. Os resultados até agora não foram muito animadores, de acordo com os dados disponíveis. Os downloads globais do aplicativo caíram 38% de outubro de 2022 a setembro de 2023, conforme relatado pela Sensor Tower. A mudança de nome do Twitter para X parece ter sido a principal causa desse declínio, de acordo com a Apptopia, um provedor de dados.

Além disso, os dados coletados pela SimilarWeb mostram uma queda de 14,8% nos usuários ativos mensais, com os usuários passando, em média, 2% menos tempo no X. Isso é notável, especialmente porque o tempo de tela dos usuários ativos aumentou este ano. Em resumo, a transição não parece ter sido fácil.

A receita publicitária nos Estados Unidos também sofreu uma queda de 60%, o que é uma mudança significativa em comparação com o que era antes da mudança de nome para X. No entanto, é importante observar que o X ainda tem mais usuários móveis ativos diariamente em comparação com o Thread, da Meta, que tinha apenas 10 milhões de usuários ativos diários no mês passado, em comparação com os 183 milhões do X.

Devido a essas circunstâncias, a avaliação do X para a distribuição de bônus de ações aos funcionários caiu drasticamente, atingindo cerca de US$ 19 bilhões. Isso representa uma queda de aproximadamente 55% em relação aos US$ 44 bilhões que Elon Musk pagou para adquirir a empresa há um ano. Sim, Musk tem trabalhado para transformar o X em um “aplicativo para tudo,” o que, naturalmente, é um processo desafiador, independentemente das circunstâncias. No entanto, o desafio de curto prazo parece ter sido mais complicado do que o esperado.

· 05:07 — Enquanto uns choram, outros vendem lenço

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Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.