Investimentos

Mercado aguarda resultados de Santander (SANB11), Weg (WEGE3) e Meta Platforms (META34) nesta quarta (25); saiba mais

Além disso, no Brasil, há um foco na possível progressão da agenda econômica no Congresso.

Por Matheus Spiess

25 out 2023, 09:00 - atualizado em 25 out 2023, 09:00

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Imagem: Freepik

Bom dia, pessoal. A notícia de que a China planeja implementar mais estímulos fiscais não foi capaz de animar substancialmente o mercado nesta manhã. O gigante asiático decidiu elevar o limite do déficit fiscal de 3% para 3,8% do PIB, alocando esses recursos para investimentos em infraestrutura. No entanto, uma interpretação alternativa sugere que a pressa em estimular a economia nesta fase do ano pode refletir uma preocupação com a perspectiva de crescimento em 2024 ou uma inquietação de que a qualidade de vida não corresponda ao otimismo aparente do PIB divulgado. Isso resultou em uma tendência predominante de pessimismo nos mercados asiáticos.

Nos mercados ocidentais, tanto os índices europeus como os futuros americanos estão em queda nesta manhã. Os investidores continuam nervosos em relação a qualquer sinal novo sobre a política monetária por parte do Federal Reserve, que deverá tomar decisões sobre as taxas de juros na próxima semana. Dados divulgados ontem indicaram uma melhora na atividade empresarial nos Estados Unidos em outubro, o que pode dar ao Fed mais margem para manter as taxas elevadas por um período mais prolongado. Além disso, o presidente do Fed, Jerome Powell, fará um discurso em um evento em Washington, D.C., o que poderá fornecer mais pistas ao mercado.

A ver…

· 00:48 — Será que a primeira parte do pacote fiscal consegue sair?

No Brasil, a atenção do mercado está voltada para o início da temporada de divulgação de resultados, que começou ontem e ganha mais destaque hoje. Além disso, há um foco na possível progressão da agenda econômica no Congresso. Entretanto, a atmosfera parece mais complicada do que antes, com pouca confiança na aprovação do projeto de tributação de fundos exclusivos e offshore. Os parlamentares demonstram insatisfação com a demora do Executivo em avançar na execução de emendas e em nomear aliados para cargos públicos. Além disso, há pontos em aberto no projeto de tributação. Os principais pontos de desacordo incluem a alíquota sobre os fundos offshore, o número mínimo de cotistas para Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais (Fiagro) e Fundos de Investimento Imobiliários (FIIs), e a possibilidade de que o Conselho Monetário Nacional (CMN) imponha regras adicionais aos Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs).

A votação dessas questões está prevista para hoje, assim como a desoneração da folha de pagamento. O impacto das duas medidas se equivalem em cerca de R$ 20 bilhões. Em outras palavras, ainda é necessário obter mais aprovações durante o restante do último trimestre para melhorar a percepção fiscal. Até agora, as coisas estão longe do ideal. O mesmo se aplica à Reforma Tributária, cujo relatório deve ser lido hoje. Um ponto de destaque foi o governo ceder às demandas dos Estados e aumentar o Fundo de Desenvolvimento Regional. Mais alterações na proposta podem ser recebidas de forma negativa. Por fim, o mercado aguarda ansiosamente as indicações para compor a diretoria do Banco Central. O Ministério da Fazenda já tem os nomes e garantiu que seriam pessoas com experiência na área. Veremos…

· 01:52 — Os republicanos são um exemplo que unidade (só que não)

Nos EUA, os republicanos da Câmara nomearam agora o deputado Mike Johnson, da Louisiana, como a sua última escolha para presidente, selecionando um dos aliados de Donald Trump nos seus esforços para anular as eleições presidenciais de 2020. Johnson, o quarto candidato a presidente do partido em três semanas (Tom Emmer, o último escolhido simplesmente desistiu antes mesmo de tentar ser votado), disse estar “muito confiante” de que será eleito presidente na quarta-feira. A sua nomeação marcou a mais recente reviravolta numa saga de três semanas que impede a ação em matéria de ajuda de emergência a Israel e à Ucrânia, e no financiamento para evitar uma iminente paralisação do governo dos EUA em meados de novembro.

Num ano em que a economia dos EUA excedeu as expectativas de quase todos, o déficit federal subjacente praticamente duplicou, evidenciando uma trajetória orçamentária terrível que provavelmente só piorará as batalhas partidárias em Washington. O governo registou um défice de 2,02 biliões de dólares para o ano fiscal até setembro, após ajustes para remover o impacto do programa de perdão de empréstimos estudantis de Biden, que foi rejeitado pelo Supremo Tribunal. O aumento é uma ilustração poderosa de uma trajetória orçamentária que desencadeou alertas por parte de economistas, políticos e agências de notação de crédito. Também ajuda a explicar por que razão os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA a longo prazo estão a atingir níveis nunca vistos desde antes da crise financeira global, com o governo a precisar de emitir cada vez mais dívida para cobrir o déficit.

· 02:45 — Resultados fresquinhos

No dia anterior, o S&P 500 interrompeu uma sequência de cinco dias de perdas, já que os rendimentos dos títulos permaneceram sob controle. O cenário empresarial estava repleto de novidades e, até agora, os resultados do terceiro trimestre têm superado as expectativas. A Verizon, por exemplo, superou as previsões com um forte desempenho no fluxo de caixa livre, resultando em um aumento de 9,3% nas ações. A Coca-Cola e a General Electric também apresentaram trimestres robustos.

No entanto, os principais destaques do dia vieram após o fechamento do mercado. A Microsoft divulgou outro trimestre sólido, registrando o maior ganho de vendas em seis trimestres. A computação em nuvem continua sendo o principal motor de crescimento e lucratividade da empresa, com receitas do Microsoft Cloud atingindo US$ 31,8 bilhões (um aumento de 24% em relação ao primeiro trimestre de 2023) e uma margem bruta de 73%. Apesar de não ser uma ação considerada barata, muitos veem isso como um preço justificável para investir em uma das melhores empresas do mundo.

Por outro lado, a Alphabet divulgou receitas e lucros de seu negócio na nuvem que ficaram aquém das estimativas dos analistas, gerando preocupações sobre sua posição em um mercado crucial para seu crescimento futuro, o que resultou na queda de suas ações. Vale ressaltar que os resultados foram positivos, mas não o suficiente para entusiasmar os investidores. Hoje, a Meta Platforms, controladora do Facebook, irá divulgar seus resultados, enquanto enfrenta um novo processo judicial. A dúvida é se a gigante das redes sociais seguirá o caminho da Microsoft ou da Alphabet.

· 03:37 — Mais uma vitória para a OTAN

Finalmente, a Suécia está prestes a aderir à OTAN, após o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, apresentar um projeto de lei ao parlamento esta semana para aprovar a adesão do país nórdico (uma vez que todos os países da OTAN devem autorizar a admissão de novos membros).

Embora não haja um cronograma específico para a aprovação desse projeto de lei, um projeto semelhante para a Finlândia foi aprovado em um pouco mais de 10 dias. Inicialmente, a Turquia estava relutante devido à falta de repressão por parte da Suécia contra o Partido dos Trabalhadores do Curdistão, cujo braço armado tem lutado contra as autoridades turcas em uma insurgência que já dura décadas.

Nos últimos meses, os dois países têm trabalhado para resolver essa questão, o que parece ter finalmente rendido frutos. Essa movimentação complementa a entrada da Finlândia na organização e representa uma grande vitória para o Ocidente, enquanto é uma derrota para a Rússia, que desencadeou esses eventos com sua invasão da Ucrânia.

Inicialmente, a Rússia se opunha à entrada dos ucranianos na OTAN, e agora se vê com finlandeses e suecos se juntando ao grupo, um desdobramento que não estava em seus planos. Mais um capítulo desta Nova Guerra Fria que vivemos.

· 04:24 — Os atritos no Oriente

O presidente dos EUA, Joe Biden, disse que a ajuda humanitária não está chegando em Gaza com rapidez suficiente e o secretário de Estado, Antony Blinken, disse que podem ser necessárias pausas no conflito para organizar a ajuda aos civis, à medida que Israel prolonga a sua campanha de bombardeamentos (curiosamente, era exatamente essa a proposta que o Brasil colocou para votar no Conselho de Segurança da ONU, mas que a diplomacia Leviatã dos EUA vetou). Como toda a situação posterga uma eventual incursão terrestre em Gaza, os mercados ficaram mais calmos, tendo em vista o menor risco de escalada, ao menos no curto prazo.

Assim, os preços das matérias-primas estão caindo à medida que diminuem as preocupações de que o conflito entre Israel e o Hamas se agrave e interrompa o fornecimento de petróleo. Isto evidencia mais uma vez o estado frágil da economia mundial. A indústria continua em crise sustentada, com o índice PMI global do JPMorgan para fábricas abaixo da linha 50 pontos que separa a expansão da contração desde setembro de 2022. O indicador de serviços também caiu desde o aumento do meio do ano que eclodiu quando os bancos centrais desaceleraram ou pararam seus ciclos de aperto. A situação da economia global não é trivial. Pelo menos aumenta a chance de uma desaceleração dos EUA no último trimestre (o terceiro tri ainda foi bem forte), o que pode tirar pressão dos juros de mercado.

· 05:17 — Os ativos podem respirar aliviados

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Antes publicada de forma restrita aos assinantes, passará a ser enviada por e-mail a todos os interessados. A newsletter é escrita por Vinicius Bazan, Head de Research de Criptoativos da Empiricus, e sua equipe: Paulo Camargo e Valter Rebelo. 

Semanalmente às terças-feiras, Bazan e time trarão um resumo sobre o que está movimentando o mercado de criptoativos, com os principais tópicos da semana e temas para ficar de olho. 

Este é um mercado que tem ficado progressivamente mais aquecido, com alguns de seus principais gatilhos para um novo bull market se aproximando. Portanto, se você se interessa pelo assunto, recomendo que acompanhe a newsletter. 

Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.