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Mercado anseia por fala de presidente do Fed nesta manhã para tomar decisões definitivas; confira

Nos bastidores, todos aguardam sinais mais claros de uma possível queda na inflação e uma força de trabalho mais fraca antes de tomar decisões definitivas.

Por Matheus Spiess

08 nov 2023, 08:38 - atualizado em 08 nov 2023, 08:38

taxas de juros - Fed
Imagem: Freepik

Bom dia, pessoal. Investidores globais estão ansiosos para ouvir as palavras de Jerome Powell, o presidente do Federal Reserve (Fed), nesta manhã. Após a reunião da semana passada do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) e os últimos dados sobre o mercado de trabalho nos Estados Unidos, o mercado se inclina para uma possível reversão da tendência que tem sido observada desde agosto, quando as taxas de juros de mercado começaram a subir, culminando com os títulos de 10 anos atingindo 5% em meados de outubro. A questão é se Powell confirmará, mesmo que de forma sutil, a expectativa de um possível fim do ciclo de aperto monetário, encerrando a tese de “juros mais altos por mais tempo”.

Nesta quarta-feira (8), os mercados asiáticos enfrentaram grande volatilidade, à medida que os investidores lutavam para interpretar os planos do Federal Reserve em relação às taxas de juros. Nos bastidores, todos aguardam sinais mais claros de uma possível queda na inflação e uma força de trabalho mais fraca antes de tomar decisões definitivas.

Um fator relevante na luta contra a inflação é a contínua fraqueza nos preços do petróleo. Os principais contratos de petróleo caíram mais de 4% na terça-feira (7) e continuaram a cair nesta manhã, devido a preocupações sobre a demanda no próximo ano. Os mercados europeus e os futuros dos Estados Unidos também estão em declínio.

A ver…

· 00:53 — Algumas aprovações: a agenda econômica finalmente voltou a andar

No Brasil, enquanto nos dedicamos à análise de indicadores, dados fiscais, e aos sólidos resultados corporativos de empresas como Eletrobras, BTG e BB, também acompanhamos atentamente as recentes aprovações no Congresso que ocorreram na tarde e noite de ontem.

A Reforma Tributária está no centro das atenções, após a aprovação do parecer do relator Eduardo Braga (MDB) na CCJ do Senado. Os senadores optaram por dispensar as cinco sessões de debates e aprovaram um requerimento para acelerar a tramitação da matéria, o que indica que a votação deverá ocorrer no Senado ainda hoje. Após sua conclusão, o projeto retornará à Câmara devido às alterações realizadas. Mais debates devem acontecer por lá.

No processo final de ajustes, o relator acatou mais de 30 emendas no Senado, expandindo as exceções previstas na reforma. Mesmo com as emendas, a aprovação na CCJ do Senado foi comemorada pela equipe econômica, que considera as mudanças no sistema tributário ainda positivas. O secretário extraordinário da Reforma Tributária, Bernard Appy, enfatizou que a alíquota padrão do futuro Imposto sobre Valor Agregado (IVA) a ser criado com a reforma deve ficar entre 25,9% e 27,5%, englobando o IVA federal (CBS) e o IVA estadual e municipal (IBS). Essa faixa é superior àquela prevista no texto aprovado na Câmara. No entanto, a alíquota final dependerá da regulamentação, que será decidida em um segundo momento.

Apesar das preocupações contínuas relacionadas à questão fiscal, o mercado se mostra otimista com os avanços nessa proposta fundamental da agenda econômica. No tocante a esse tema, a Comissão Mista de Orçamento (CMO) aprovou o relatório preliminar da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) sem solicitar uma revisão da meta fiscal para 2024, o que é uma vitória para Haddad. No entanto, a batalha ainda não está ganha. Embora formalmente o Executivo não possa mais solicitar essa revisão, ainda há a possibilidade de um aliado apresentar uma emenda. Antes disso, a equipe econômica espera uma definição sobre o projeto de subvenção do ICMS, que terá grande impacto nas receitas do próximo ano. Caso não ocorra agora, a meta fiscal só será revista em março de 2024, o que dá mais tempo para a equipe econômica.

· 01:59 — A questão Itaipu

O governo brasileiro planeja estabelecer até o final de novembro uma “base” de acordo com o Paraguai para a renegociação da distribuição de energia da usina binacional de Itaipu. O mês de agosto marcou o 50º aniversário do Tratado de Itaipu e ambos os países têm a intenção de se reunir para renegociar os termos do Anexo C, que rege a partilha da energia gerada. Essa ação é de grande relevância para ambas as nações, especialmente no contexto atual, marcado por debates globais acalorados sobre segurança energética.

O objetivo principal é que o acordo beneficie ambas as partes, embora haja críticas dos paraguaios em relação à maneira como o Brasil se beneficia desse acordo, que supostamente resulta em uma exploração do país vizinho. A controvérsia gira em torno do fato de que, se uma das partes não utilizar toda a sua cota de energia, ela é obrigada a vender o excedente ao outro parceiro a um preço preferencial. Na prática, o Paraguai sente que isso o prejudica, pois sempre vende uma parte significativa de sua energia ao Brasil com desconto. Vejo mais ruído do que sinal aqui.

· 02:44 — As direções do mercado americano

Ontem, nos EUA, o Dow Jones Industrial Average subiu 0,17% em sua sétima alta consecutiva. É o segundo dia do Dow Jones subindo menos de 0,2%, mostrando que há alguma fadiga no movimento. Tanto é verdade que os futuros apontam para uma queda nesta manhã, pelo menos por enquanto. O mesmo serve para o S&P 500 e o índice Nasdaq, que estão desfrutando de suas próprias sequências de vitórias, de sete e oito dias, respectivamente. É o período de ganhos mais longo desde 2021. O S&P 500 subiu 6,3% durante esse período, enquanto o Nasdaq subiu 8,3%.

Os argumentos macro a favor da continuação da recuperação incluem a tendência histórica das ações terem um desempenho bastante bom depois de o Federal Reserve ter encerrado o ciclo de alta dos juros. Os últimos meses do ano também tendem a ser um período sazonalmente forte para o mercado. Além disso, os dados econômicos recentes e a época de lucros do terceiro trimestre enviaram, em geral, uma mensagem positiva (lembra-se que o mercado está operando no modo “notícia ruim é uma boa notícia”, uma vez que qualquer desaceleração tiraria pressão da curva de juros).

· 03:30 — Outro tipo de atenção no Oriente Médio

O evento esportivo mais amplamente assistido vai retornar ao Oriente Médio. Recentemente, a Arábia Saudita foi confirmada como a anfitriã da Copa do Mundo de 2034, após a saída da Austrália do processo de candidatura horas antes do prazo final. Embora o torneio esteja programado para daqui a 11 anos, esse anúncio é um marco significativo para o país, que fez investimentos substanciais para se destacar no cenário esportivo nos últimos anos, embora organizações de direitos humanos já tenham manifestado preocupações sobre a realização do torneio na região.

Os investimentos provêm do Fundo Soberano de Riqueza do país, que financiou diversos eventos esportivos de destaque na Arábia Saudita. Entre esses eventos estão competições de boxe de alto nível realizadas em Riad, o Grande Prêmio anual de Fórmula 1, o IV Golf Tour e a Saudi Pro League, que atraíram alguns dos melhores atletas em suas respectivas áreas. Esses esforços fazem parte da visão do príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, de transformar o Oriente Médio em uma nova Europa. Entretanto, o conflito em Israel apresenta um desafio significativo a essa visão.

· 04:14 — Sol de outubro

No mês passado, outubro registrou as temperaturas mais elevadas já documentadas e é praticamente certo que 2023 será o ano mais quente da história. A temperatura média global de outubro foi 0,4ºC superior ao recorde anterior para o mês, estabelecido em 2019. Além disso, foi 0,85ºC mais quente do que a média do período entre 1991 e 2020 e 1,7ºC mais quente do que uma estimativa dos níveis pré-industriais entre 1850 e 1900.

Até o momento, este ano está 1,43ºC mais quente do que a média pré-industrial. Isso é um alerta para os países que têm lutado para cumprir suas metas ambientais, conforme acordado em compromissos anteriores. Alcançar os objetivos estabelecidos para 2030 parece uma tarefa desafiadora. No entanto, isso não significa que devemos desistir, pois ainda podemos trabalhar na direção de um mundo mais sustentável até 2050. Nesse sentido, o Brasil tem um papel fundamental a desempenhar e pode se destacar como um campeão global nessa causa.

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Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.