A nomeação do presidente Lula para Gabriel Galípolo como o próximo presidente do Banco Central do Brasil nesta quarta-feira (28) serviu apenas para confirmar todas as suspeitas do mercado financeiro até então.
Felipe Miranda, sócio-fundador e estrategista-chefe da Empiricus Research, comentou em live no Instagram nesta quinta-feira (29) que a notícia é positiva, apesar de “carregar suas ambiguidades”.
Galípolo adequou sua postura à instituição do BC
Entre os pontos positivos a serem destacados, Miranda aponta a nomeação ter sido feita com tanta antecedência por parte do presidente da República.
“Galípolo vem respeitando os ritos do BC e já está se institucionalizando. Ele está se afastando de uma heterodoxia [de contrariar os padrões], e se apropriou de um discurso duro e de consenso, dizendo que se for necessário vai elevar a taxa Selic”, elogiou Miranda.
Copom do 5×4 em maio balançou analistas
O analista retoma que, há duas reuniões do Copom atrás, a votação pela manutenção ou corte da Selic resultou em 5 votos contra 4, sendo os quatro dissidentes os nomeados por Lula, que optaram pela flexibilização. Na ocasião, essa divisão, que aparentava ser política, dentro da instituição financeira, preocupou o mercado sobre o controle que o governo passaria a ter sobre a instituição ao escolher seu próximo líder.
Agora, entretanto, Galípolo parece estar mais alinhado a Roberto Campos Neto, atual presidente, e apresenta uma boa postura no Banco Central.
“O seu alinhamento e continuidade ortodoxas têm sido positivos, o que torna a nomeação dele boa e adequada”, comenta Miranda.
Mercado apenas “tolera” Gabriel Galípolo
Apesar disso, Miranda ainda tem ressalvas sobre a escolha. Na visão do analista, a posição histórica do indicado “não é alinhada com a fronteira de conhecimento da economia”.
Em sua crítica, ele pontua que Galípolo não teve uma trajetória “brilhante”, sem publicações em grandes plataformas acadêmicas e sem experiências de trabalho em um dos bancos de primeira linha.
“A gente aceita [a nomeação] porque a alternativa é péssima. Para evitar o Mercadante, o Galípolo é ótimo, mas ele não é um grande perfil de banqueiro central”, e completa: “O mercado tolera o Galípolo, mas não gosta dele”.
Neste melhor dos dois mundos, Miranda persiste otimista com a economia brasileira, que vem apresentando um crescimento de 3% ao ano e com o desemprego em taxas mínimas. Para ele, mesmo que a Selic precise ainda subir um pouco, este seria o intervalo de tempo necessário para que o Federal Reserve conseguisse cortar mais os juros dos Estados Unidos, o câmbio do real se apreciar e ancorar expectativas diminuindo o déficit de 2% do PIB.
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