Investimentos

Mercado digere Super Quarta; short em Nubank e TC; resultado forte de Gerdau (GOAU4); méritos da PetroRio (PRIO3) e números ruins de BRF (BRFS3)

Confira os principais assuntos quentes de mercado comentados por Felipe Miranda no grupo Ideias Antifrágeis no Telegram, aberta aos assinantes da Empiricus

Por Daniela Rocha

05 maio 2022, 11:30 - atualizado em 16 maio 2022, 20:10

Imagem de gráficos que oscilam para baixo e para cima em alusão ao comportamento do mercado financeiro
Reprodução: Shutterstock

O mercado ainda digere as decisões da Super Quarta referentes às atualizações das políticas monetárias nos Estados Unidos e no Brasil

O Fed (banco central norte-americano) aumentou em 0,5 ponto percentual a taxa de juros americana, que passou a ficar no intervalo entre 0,75% a 1% ao ano.  Contudo, a autoridade monetária descartou aumento de 0,75 p.p. no curto prazo, na próxima reunião do Fomc. 

“É uma postura adequada a despeito da inflação que é preocupante e elevada. O que o Fed sinalizou é que vai fazer os ajustes devagar e sempre, levando até onde for necessário, mas com a cautela requerida para não jogar a economia em grande depressão”, diz Felipe Miranda, CEO e estrategista-chefe da Empiricus nesta quinta-feira (5/05), em seu grupo Ideias Antifrágeis no Telegram, canal de comunicação com os assinantes da casa. 

Por conta dessa postura mais branda do Fed, as bolsas americanas reagiram positivamente ontem. “Claro que se espera uma certa acomodação, pois o cenário ainda é bastante complexo”, acrescenta o analista. 

Aqui no Brasil, o Banco Central aumentou a taxa Selic em 1 ponto percentual para 12,75% ao ano, em linha com as expectativas. Mas, segundo Felipe, os agentes de mercado interpretam o recado para o futuro, que foi dado pela autoridade monetária, de variadas formas. Alguns avaliam que o Copom poderá elevar a  Selic para 13,25% e deixar a ‘porta aberta’ para mais ajustes, enquanto outros consideram que o discurso foi mais brando, com encerramento do ciclo de aperto monetário adicionando 0,50 pp. “Quando o mercado está assim dividido, isso significa que há um cenário de incertezas. A inflação é alta, mas a atividade não está tão forte e existe restrição de oferta. Além disso, tem o efeito defasado da própria política monetária para acompanhar”, avalia o analista. 

Portanto, para Felipe, a próxima definição do Copom depende de novos dados, do comportamento do dólar e do preço do petróleo, sobretudo. “Se não houver novo choque exógeno, o dólar tende a cair devido ao carrego do juro doméstico. Por sua vez, as commodities em patamares elevados favorecem as moedas de países emergentes, em especial o real”, aponta. A moeda brasileira mais forte é um componente que ajuda na redução da inflação. 

Operações short – posições vendidas na Bolsa

Segundo Felipe Miranda, a escalada dos juros significa um ambiente complexo e hostil para cases de tecnologia e de crescimento mais agressivos, que possuem fluxos de caixa em um futuro mais distante. Isso porque ao trazê-los a valor presente, com taxas de desconto maiores, isso resulta em menores preços de mercado das empresas (valuation)

Além disso, nos Estados Unidos, o resultado de algumas companhias de e-commerce e dados da Mastercard ligados ao setor mostram recuo nos negócios. “Aquele combo da pandemia, de techs, e-commerce e até algumas fintechs, ou seja, aquela turma de promessas e sonhos malucos estão sendo ajustados”, explica ele sobre o potencial de queda das ações desse grupo de companhias. 

Por isso, a carteira de ações que ele lidera Oportunidades de Uma Vida segue com posições vendidas (short) em Nubank (NUBR33) e TC (Traders Club – TRAD3)

Quanto ao Nubank, Felipe Miranda acredita que as ações podem sofrer ainda mais com o iminente final do período de lock-up imposto em seu IPO, previsto para o dia 17 deste mês. Ou seja, a liberação das negociações dos papéis tende a causar uma pressão vendedora. 

Já em relação ao TC, ele comenta que a venda da fatia da empresa no Mercado Bitcoin será bastante difícil de acontecer no curto prazo. 

Sequência de resultados corporativos no 1T22

Em seu grupo do Telegram, Felipe também fez análises sobre alguns dos últimos resultados corporativos divulgados do 1T22. 

A Gerdau (GOAU4) registrou lucro líquido de R$ 2,94 bilhões, um crescimento de 19% em relação ao mesmo período do ano anterior. O Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) da siderúrgica foi de R$ 5,82 bilhões, um aumento de 35% em relação ao 1T21. Para o analista, o desempenho foi forte. “A companhia apresenta boa geração de caixa, um Ebitda 10% acima do consenso. Acho que isso pode levar a uma revisão dos preços alvo das ações por parte do sell side”, comenta. 

Por sua vez, a PetroRio (PRIO3) também apresentou Ebitda acima das expectativas do mercado – foi 15% acima das projeções, de US$ 225 milhões.  Segundo o analista é um case interessante de crescimento inorgânico, de compra de ativos e campos de petróleo, que tem boa execução. “A PetroRio tem seu mérito, mas nesse setor, eu prefiro a 3R (RRRP3), que também soltou um resultado espetacular”, ressalta. 

No segmento de proteína animal, a BRF (BRFS3) teve desempenho ruim no 1T22. “Foi um ‘show de horror’, um prejuízo de R$ 1,5 bilhão e margem Ebitda de apenas 1%, ou seja, vendeu frango mais barato do que o custo na Ásia. Então, acabou de chamar capital e já terá que chamar de novo”, diz Felipe, que enfatiza que isso impacta negativamente suas ações, bem pode respingar forte em papéis de empresas concorrentes na Bolsa, incluindo Marfrig (MFRG3).

Sobre o autor

Daniela Rocha

Coordenadora de Conteúdo na Empiricus. Jornalista com MBA em Finanças na FIA. Atuou nas editorias de economia da TV Cultura e da Band e foi colaboradora do Valor Econômico, Exame e RI.