Investimentos

Mercado Livre (MELI34) tem alta de 71% no lucro líquido no 1T24 e mantém alavancagem saudável

Mesmo com o vento contrário da Argentina, o Mercado Livre segue ganhando participação de mercado em seus mercados de atuação.

Por Larissa Quaresma, CFA

03 maio 2024, 16:07 - atualizado em 03 maio 2024, 16:07

mercado livre MELI34
Imagem: Divulgação/Mercado Livre

O Mercado Livre (MELI34) superou as expectativas com o seu balanço do 1T24. A companhia continua performando bem no Brasil e no México, mas a Argentina segue um detrator nos números, embora em menor intensidade neste trimestre.

Commerce e Fintech puxaram receita líquida de MercadoLivre para cima

A receita líquida cresceu 30% na visão anual, para US$ 4,3 bilhões, ou +94% excluindo as variações cambiais (principalmente do peso argentino). A forte expansão se deve tanto à vertical de Commerce (+31% ou +113% sem efeitos de câmbio), impulsionada pelo maior volume de vendas e de Ads; quanto à vertical de Fintech (+28% ou +74% sem câmbio), puxada pela alta do volume de pagamentos processados e da carteira de crédito.

  • LEIA MAIS: Você pode receber direto no seu e-mail, gratuitamente, as avaliações dos analistas da Empiricus Research a respeito dos principais resultados corporativos do 1T24; saiba mais aqui

Desalavancagem operacional na Argentina e crescimento da carteira de crédito prejudicaram lucro operacional

O lucro operacional foi de US$ 528 milhões (+26% anualmente), com uma melhora sequencial de 4,6 p.p. na margem, que, contudo, ainda permanece 0,9 p.p. abaixo do mesmo período do ano passado.

O avanço trimestral se deve à normalização das estruturas logísticas inauguradas no final do ano passado e que pressionaram as margens no 4T23, corroborando o discurso da companhia de que esse efeito seria pontual.

Entretanto, a desalavancagem operacional na Argentina, causada pela (hiper)inflação de custos logísticos, explica a comparação anual desfavorável. Além disso, o rápido crescimento da carteira de crédito, que obriga provisões de inadimplência “na cabeça”, também afetou negativamente a rentabilidade  – embora os índices de calote permaneçam comportados. Vale notar que a diluição de demais despesas foi significativa, mesmo com a desvalorização do peso argentino.

  • [Carteira recomendada gratuitamente] 10 BDRs para comprar agora e buscar lucros fora da bolsa brasileira. Acesse o relatório aqui.

Lucro líquido subiu 71% em 12 meses

O prejuízo cambial continuou afetando a linha final, embora tenha sido menor na visão anual. Com isso, o lucro líquido foi de US$ 344 milhões, alta anual de 71%. A companhia gerou US$ 1,5 bilhão em caixa operacional (+76%), tendo reinvestido praticamente todo esse valor na operação. A alavancagem financeira está ainda mais confortável, em 0,6x Ebtida.

Encerrando mais um trimestre de forte performance operacional, mesmo com o vento contrário da Argentina, o Mercado Livre segue ganhando participação de mercado em seus campos de atuação.

Acreditamos que a companhia é uma das vencedoras do e-commerce latinoamericano e que deve continuar assim nos próximos trimestres e anos. O valuation é de fato esticado, com o múltiplo P/L em 35,2x o lucro projetado para 2025.

Ainda assim, enxergamos assimetria nestes níveis e, por isso, mantemos a recomendação de compra em MELI34.

Sobre o autor

Larissa Quaresma, CFA

Analista de ações há 10 anos, é responsável pela série As Melhores Ações da Bolsa e pela carteira mensal Empiricus 10 Ideias, além de integrar a equipe da Carteira Empiricus, o portfólio multimercado da casa. Ao longo da carreira, teve passagens pela Núcleo Capital, tradicional fundo de ações brasileiro, e pelo Credit Suisse. Administradora formada pelo Ibmec-MG, aluna visitante da Stanford University e com certificações CFA, CNPI e CGA.